quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Boarding Gate, por Carlos Antunes
Título original: Boarding Gate (2007)
Realização: Olivier Assayas
Argumento: Olivier Assayas
Elenco: Asia Argento, Michael Madsen, Carl Ng
Boarding Gate é Asia Argento.
Sandra (Asia Argento) é uma mulher fatal e fatalista.
Ex-prostituta, sedutora quase à sua revelia mas com tendência para se entregar irremediavelmente ao amor e sujeitar-se a tudo o que os objectos desse amor lhes provoque.
Sandra reencontra Miles, um empresário com quem esteve envolvida, e o jogo de re-sedução e re-agressão entre os dois parece retomar o velho caminho.
Mas Sandra está numa nova “relação” e tem vontade de cortar com o passado.
Boarding Gate é, como o nome indicia, a procura de uma nova vida.
Embarcar na possibilidade de se tornar numa outra pessoa, num outro lugar.
É isso que faz Sandra, à procura de uma nova vida – nova identidade e nova ocupação – liberta das amarras do passado.
Quando ela enfrenta Miles (e eventualmente o mata) ficamos a saber que mulher é aquela.
Uma mulher disposta ao confronto mas também disposta ao sacrifício. Uma mulher que amou aquele homem e que agora o quer erradicar da sua vida. Uma mulher que (de uma certa forma) se deixou destruir mas também o destruiu a ele.
Sandra é, portanto, a versão mais extremada de Gilda, mas que, por isso mesmo, se arrisca às maiores provações e a um final perpetuamente infeliz.
Ao vermos Asia Argento seduzir a câmara é notório pelo seu corpo o ponto a que as suas desventuras a levaram.
Se o seu corpo transpira confiança e sensualidade, está também vincado por tatuagens que surgem como marcas do que lhe foi feito.
E é ainda com Miles, na luta (quase) territorial que eles protagonizam com disputas radicais em base de diálogos que a revelação é total.
Infelizmente este noir, com a sua vontade de se manter perpetuamente elusivo, acaba enredado em demasiados contornos tão efémeros quanto insondáveis que não lhe permitem ganhar consistência.
A narrativa acaba desequilibrada sem conseguir ser o apoio certo a Asia Argento, ainda que Oliver Assayas consiga retribuir com a câmara o seu jogo de sedução.
Publicado originalmente a 30 de Abril de 2008
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