Título original: Slumdog Millionaire (2008)
Realização: Danny Boyle e Loveleen Tandan
Argumento: Simon Beaufoy e Vikas Swarup
Elenco: Dev Patel, Anil Kapoor, Freida Pinto e Irrfan Khan
O filme indie do ano, numa comovente história de persistência e humildade.
Realização: Danny Boyle e Loveleen Tandan
Argumento: Simon Beaufoy e Vikas Swarup
Elenco: Dev Patel, Anil Kapoor, Freida Pinto e Irrfan Khan
O filme indie do ano, numa comovente história de persistência e humildade.
A esta altura, Slumdog Millionaire será um dos filmes mais aclamados e premiados do ano. Entre prémios e nomeações, o filme do realizador Danny Boyle (Trainspotting) e da co-realizadora indiana Loveleen Tandan, já fez um brilharete em tudo o que são galardões importantes a nível mundial, levou para casa quatro Globos de Ouro e teve 11 nomeações nos prémios BAFTA e 10 nomeações para os Óscares da Academia.
Percebe-se de imediato o porquê. Slumdog Millionaire (esqueçamos o “portuguesismo” do título) é o feel good movie do ano, conseguindo simultaneamente contrabalançar vários géneros cinematográficos, como a comédia, o drama e o romance, isto se quisermos rotular alguns. O filme de Danny Boyle tem uma vantagem que o coloca à frente de outros candidatos para o Óscar deste ano: é considerado um filme independente. Aquilo que outrora poderia ser visto como um impedimento para o reconhecimento mundial e para o mais alto prestígio é, hoje em dia, uma alpondra para o sucesso. Não escondamos: após anos de críticas ao conservadorismo e elitismo dos prémios da Academia, ficou sempre bem, nos últimos anos, as nomeações e atribuições de estatuetas douradas ao cinema indie. Foi o caso de Juno e, por exemplo, no surgimento de Frozen River entre o rol de candidatos deste ano.
Slumdog Millionaire é uma verdadeira explosão de energia positivas, mesmo deixando o espectador exposto ao terceiro-mundismo numa Índia industrializada. Danny Boyle soube aproveitar uma época de mudanças para promover o seu filme, uma das questões já mencionei acima, quando a Academia tem nomeado sempre a sua quota de filmes indie nos últimos anos e quando o mundo começa a entrar na dita era Obama, de expectativas positivas para o futuro.
Slumdog Millionaire é uma verdadeira explosão de energia positivas, mesmo deixando o espectador exposto ao terceiro-mundismo numa Índia industrializada. Danny Boyle soube aproveitar uma época de mudanças para promover o seu filme, uma das questões já mencionei acima, quando a Academia tem nomeado sempre a sua quota de filmes indie nos últimos anos e quando o mundo começa a entrar na dita era Obama, de expectativas positivas para o futuro.
O filme liberta sorrisos até ao menos espontâneo espectador, com uma versão indiana do american dream, mas que poderia existir em qualquer país, especialmente nos massificados pelos media. Quem Quer Ser Milionário é um programa televisivo de êxito estrondoso na Índia. O argumento da película, baseado no original de Vikas Swarup, usa o conceito do programa para divulgar a ideia de massificação e de como o dinheiro, ou a sua expectativa, pode mudar uma vida. O espectador vai assistindo aos mais importantes acontecimentos da vida de Jamal, um jovem indiano de 18 anos, dos subúrbios de Bombaim, à medida que vai respondendo às 12 perguntas que, curiosamente, remontam a períodos específicos da sua vida.
O filme é montado com mestria invejável, logo desde o início em que os slumdog, os indesejáveis da sociedade indiana, procuram sobreviver entre lixeiras e bairros de lata, onde o imperialismo e o oportunismo reinam. Os registos documental, biográfico, cómico, dramático e romanceado confluem todos, à medida que vamos assistindo à evolução do filme e da vida do seu protagonismo. A fotografia e montagem do filme são poderosas. Somos obrigados a engolir o terceiro-mundismo da Índia, que não passa apenas pela pobreza, mas pelo abuso de uma sociedade superior, inclusive dos media, tal e qual como poderia suceder (e sucede frequentemente) no nosso país ou num perto de nós. A banda sonora é um dos maiores argumentos promocionais ao filme, da autoria de A.R. Rahman, que recebeu três nomeações para o Óscar de Melhor Banda Sonora e Canção Original.
O elenco é inexperiente, mais desconhecido do grande público, mas resultou muito bem num argumento onde o documentalismo e o experimentalismo se conjugam muito bem. Do elenco destacamos Dev Patel, a jovem revelação do ano, que era conhecido apenas pela sua participação na série britânica Skins, mas sobretudo a descoberta de Freida Pinto, única pela sua beleza e exotismo e pela qualidade do seu desempenho.
Slumdog Millionaire comoveu-me e surpreendeu-me, mas não me desarmou. É um dos mais surpreendentes filmes do ano, mas não consegue atingir o apanágio do melhor. Há qualquer coisa que lhe falta, ao mesmo tempo que nos parece completo. É o dilema entre o experimental e o standard, que acaba por criar a apoteose do consumismo e do telelixo, ao mesmo tempo que luta contra isso. É independente e oportunista ao mesmo tempo, deixando-nos na expectativa de um empurrãozinho.
Uma ovação gigantesca em cima do filme ... o filme é ótimo !
ResponderEliminarhttp://cineclubsp.blogspot.com/
Caro Tiago,
ResponderEliminargostaria de convidá-lo (e a todos quantos escrevem no split screen) a participar nisto:
http://oscars.nytimes.com/groups/Eqq4ULD9nOK
Um abraço,
Concordo plenameante! A sua sobrevalorização não me é explicável, quando, (falando em termos de arrecadação de prémios, nomeadamente os Óscares), na corrida se inseriam majestosos títulos como Changeling, Milk ou The Curious Case Of Benjamin Button!
ResponderEliminarAbraço.
Jackson, eu gostei mais do filme aquando do visionamento que agora. Entristeceu-me ver o filme ser tão sobrevalorizado em detrimento de outros tão bons, como mencionaste.
ResponderEliminarAbraços cinéfilos.