quarta-feira, 4 de março de 2009

O Visitante, por Tiago Ramos



Título original: The Visitor (2007)
Realização: Thomas McCarthy
Argumento: Thomas McCarthy
Elenco: Richard Jenkins, Haaz Sleiman, Danai Jekesai Gurira e Hiam Abbass

Solidão. Um homem que vive solitariamente e sem objectivo na vida, uma figura austera e sem sentido, que vive a vida num fingimento absoluto. É este o ponto de partida para O Visitante, um filme dito independente, com um baixo orçamento, mas que não foi por isso que a Academia se coibiu de o trazer à ribalta, ou pelo menos ao seu actor principal.



Richard Jenkins tem uma currículo extenso. Nos últimos 20 anos, participou em pelo menos 60 filmes, mas muitos deles em papéis secundários ou sem grande impacto no argumento dos mesmos. Da figura patriarcal de Six Feet Under, Richard Jenkins parte para a história de um homem que reaprende a viver. Richard Jenkins é duplamente um visitante. É quase um visitante na sua própria casa, mas também no sentido mais altruísta da palavra. O actor tem aqui uma bela interpretação, um papel que lhe coube que nem uma luva, uma prestação simples, mas poderosa.

Também Haaz Sleiman além de genuinidade estampada no rosto e em cada cena em que entra, dá ao espectador um desempenho caloroso e fresco, mesmo nas cenas mais dramáticos. Mas o destaque cai principalmente sobre Hiam Abbass, pois em todas as cenas que a actriz surge causa impacto. O seu olhar é poderoso, a postura com que interpreta as suas cenas e falas é extasiante.

Sem grandes pretensões, Tom McCarthy (The Station Agent) conduz o filme e todas as cenas competentemente, guiando o espectador através de um argumento simples, mas com um conceito importante. O Visitante transmite uma mensagem de tolerância e humildade, um conceito humanitário em vias de extinção nos nossos dias, despertando para a temática da imigração pós 11 de Setembro. Mais que ficção é uma crítica ao nosso complexo sistema burocrático e que tantas vidas deixa suspensas.



O Visitante é despretensioso, simplista e básico. Mas ao mesmo tempo apresenta um argumento consistente e coerente, a um ritmo agradável, à base de temáticas ricas, interessantes e introspectivas, num ensaio sobre o melting pot e o drama da imigração.

Classificação
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3 comentários:

  1. Não achei o filme nada de especial, e achei que a academia apenas nomeou Richard Jenkins para mostrar que dá valor a filmes independentes, pois a interpretação deste é boa, mas não suficiente para nomeação da Academia.
    Excelente review

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  2. Um filme que me falhou no cinema, mas que vou tentar ver no mercado de vídeo.

    Foi uma óptima surpresa ver Jenkins nomeado.

    A análise ainda me deu mais vontade de ver o filme!

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  3. João PT, eu achei o filme muito bom e apesar de concordar contigo quanto à quota indie que agora fica bem ver a Academia em nomear, acho que a nomeação para Richard Jenkins foi mais que justa.

    Paulo Soares, vale mesmo a pena ver. É um filme simples, mas com uma premissa muito boa, com interpretações bastante acima da média.

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