segunda-feira, 13 de abril de 2009

Appaloosa, por Carlos Antunes


Título original: Appaloosa
Realização: Ed Harris
Argumento: Robert Knott e Ed Harris
Elenco: Ed Harris, Viggo Mortensen, Jeremy Irons e Renée Zellweger

Dois amigos de longa data, cúmplices daquela forma silenciosa que os "duros" conseguem ter, entram em mais uma cidade para tomarem conta da aplicação da lei.
Para estranheza de Everett Hitch (Viggo Mortensen), uma mulher irá mudar para sempre Virgil Cole (Ed Harris) e o seu desprendimento emocional.
Mas nem por isso deixarão de ser capazes de se relacionar com a franqueza (quase) brutal que os caracteriza.
Essa história da relação entre os dois é o centro de Appaloosa, embora nem sempre pareça.


Mesmo sem forçar o ritmo ou as situações, deixando fluir com naturalidade os acontecimentos e o tempo, como se estivéssemos perante um mundo real, a verdade é que o filme perde de vista a sua essência, aqueles dois companheiros.
Como se por querer ser complacente com o mundo que está a filmar em torno dos dois, Ed Harris acabasse por se esquecer de tempos a tempos que são eles a essência deste western.
Só esperando até ao final é que se recupera - porque no início também ela é evidente - de forma entusiasmante a essência silenciosa mas cúmplice dos dois protagonistas. De permeio, parece haver demasiada informação a ser incluída para que esta relação possa ser bem cimentada.


Um efeito curioso que parece acompanhar esse desvanecimento da relação entre Virgil e Everett é a própria dispersão da realização de Ed Harris.
Se no início há um reconhecimento da herança de Sergio Leone - na composição dos planos - e de John Ford - na explicação da cumplicidade dos dois recorrendo a cenas sem diálogo -, depois há apenas um trabalho eficaz mas incapaz de sair do anonimato.

Mas muito deste sentimento de dispersão é compensado pela qualidade do elenco, que compõe sem esforço boas cenas e bons diálogos, e também por um humor vivaz e certeiro que não costumamos associar a cenários assim tantas vezes quanto isso.
Appaloosa é, sobretudo, um interessante e eficaz western, mesmo que não se possa contar como mais um surpreendente "renascimento" (mas o western alguma vez morreu?) do género.




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