Realização: Tomas Alfredson
Argumento: John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson e Per Ragnar
Afinal há quem consiga pegar em fórmulas aparentemente gastas e renová-las completamente, conferindo-lhes uma espécie de lufada de ar fresco. E essa capacidade neste caso veio da Suécia. Tomas Alfredson tem neste seu Deixa-me Entrar uma perspectiva indie muito forte, ao recuperar a temática dos vampiros e extrair daí uma história que aborda a sua mitologia de uma forma bastante original.
Existe nas personagens principais do filme uma noção comum de alienação, solidão e inadaptação que conferem os primeiros passos de terror onde o filme se consegue diferenciar. Existe uma discriminação comum às duas crianças, em patamares diferentes, mas que servem de união e que criam a imagem de um dos mais bonitos e negros romances da história do Cinema. E é precisamente na história deste romance diferente e complexo entre duas crianças que se cria um cenário elegante para uma história visualmente terrífica, longe dos clichés habituais do género.
Com uma temática que provoca muitas comparações a Twilight (2008), Let the Right One In é infimamente superior em qualidade artística e argumentativa. No que diz respeito à fotografia, este é um bom exemplo de um visual perturbadoramente tranquilo e ao mesmo tempo frio e cru. Longos e estáticos planos são frequentes no filme que conferem um grande realismo poético a toda a trama. E este andamento da câmara por vezes demasiado estático serve para contrabalançar algumas das cenas fortes do filme que transmitem um novo significado ao horror.
Esta plasticidade visual do filme conjuga-se com o argumento rico, consistente e inovador. As personagens são ricamente construídas, dando espaço de manobra ao espectador para interpretações secundárias daquilo que nos é apresentado a cada cena. E estas personagens são cimentadas pelas excelentes interpretações de dois jovens actores, que se marcam como promissores no cinema nórdico.
Em Deixa-me Entrar prosperam nuances do cinema noir francês, do cinema gore muito em voge, mas subtilmente romântico e poético, num argumento amplo e espontâneo aberto a significados inteligentes, numa rara consistência no mundo cinematográfico. É longe dos clichés comuns e perto da beleza incomum das paisagens nórdicas que Tomas Alfredson vai beber a sua influência. Inova o tema dos vampiros, mas recupera alguma da sua veia gótica, para gáudio dos fãs que julgavam o género adormecido.
É certamente um dos melhores filmes do ano, que pode perder apenas pela sua narrativa extremamente lenta, adepta de alguma estagnação visual e argumentativa, mas que recupera brilhantemente desses momentos que lhe poderiam causar o declínio. É uma nova abordagem com conceitos novos, com uma estética negra que curiosamente se torna bonita.
Deixa-me Entrar é um apelo à renovação do cinema actual, que não poderemos deixar passar ao lado.
Existe nas personagens principais do filme uma noção comum de alienação, solidão e inadaptação que conferem os primeiros passos de terror onde o filme se consegue diferenciar. Existe uma discriminação comum às duas crianças, em patamares diferentes, mas que servem de união e que criam a imagem de um dos mais bonitos e negros romances da história do Cinema. E é precisamente na história deste romance diferente e complexo entre duas crianças que se cria um cenário elegante para uma história visualmente terrífica, longe dos clichés habituais do género.
Com uma temática que provoca muitas comparações a Twilight (2008), Let the Right One In é infimamente superior em qualidade artística e argumentativa. No que diz respeito à fotografia, este é um bom exemplo de um visual perturbadoramente tranquilo e ao mesmo tempo frio e cru. Longos e estáticos planos são frequentes no filme que conferem um grande realismo poético a toda a trama. E este andamento da câmara por vezes demasiado estático serve para contrabalançar algumas das cenas fortes do filme que transmitem um novo significado ao horror.
Esta plasticidade visual do filme conjuga-se com o argumento rico, consistente e inovador. As personagens são ricamente construídas, dando espaço de manobra ao espectador para interpretações secundárias daquilo que nos é apresentado a cada cena. E estas personagens são cimentadas pelas excelentes interpretações de dois jovens actores, que se marcam como promissores no cinema nórdico.
Em Deixa-me Entrar prosperam nuances do cinema noir francês, do cinema gore muito em voge, mas subtilmente romântico e poético, num argumento amplo e espontâneo aberto a significados inteligentes, numa rara consistência no mundo cinematográfico. É longe dos clichés comuns e perto da beleza incomum das paisagens nórdicas que Tomas Alfredson vai beber a sua influência. Inova o tema dos vampiros, mas recupera alguma da sua veia gótica, para gáudio dos fãs que julgavam o género adormecido.
É certamente um dos melhores filmes do ano, que pode perder apenas pela sua narrativa extremamente lenta, adepta de alguma estagnação visual e argumentativa, mas que recupera brilhantemente desses momentos que lhe poderiam causar o declínio. É uma nova abordagem com conceitos novos, com uma estética negra que curiosamente se torna bonita.
Deixa-me Entrar é um apelo à renovação do cinema actual, que não poderemos deixar passar ao lado.
Classificação:
Só na semana passada vi este grande filme, e ainda não consegui deixar de pensar nele. Numa palavra, este filme é, no mínimo, marcante.
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