Realização: Richard Eyre
Argumento: Patrick Marber e Zoe Heller
Elenco: Judi Dench, Cate Blanchett, Tom Georgeson, Andrew Simpson e Bill Nighy
Existe um imenso trabalho de desconstrução por detrás de Diário de um Escândalo. Entre o social e moralmente aceite e a transgressão dessas normas existe uma pequena linha ténue que é descortinada a cada nova cena da película.
Depois de Iris (2001), Richard Eyre recupera em Notes on a Scandal a sua forma de filmar limpa e estável, numa mistura de ousadia e conservadorismo. A forte temática contida no filme serve de tratado sobre a manipulação, egoísmo e ciúme. Um complexo argumento adaptado por Patrick Marber que funciona como um ângulo diferente dos estigmas sociais e das decisões que somos diariamente forçados a fazer.
Nomeado para quatro Óscares, Diário de um Escândalo tem como base da sua força, dramatismo e teatralidade, as interpretações de Judi Dench e Cate Blanchet, apesar do excelente argumento. Não existem heróis no filme, nem personagens simplesmente boas, mas existem sim culpados. A tal desconstrução que falámos no início desta crítica surge sobretudo através das personagens que no começo do filme são quase moralmente incorruptíveis, aparentando obedecer às regras da sociedade.
A personagem de Cate Blanchett é a principal na desconstrução porque inesperadamente somos invadidos pelo seu interior autêntico que se sufoca a cada instante, à medida que enfrenta um novo dilema. À personagem de Judi Dench não lhe é permitida uma desconstrução tão inesperada, porque os seus fins são de imediato desvendados pela sua própria voz interior. Não quer isto contudo tirar o primor à sua interpretação, pois senão que é o seu desempenho que mais impressiona em toda a longa-metragem. Assustadoramente realista, na sua interpretação é notória a obsessão vivenciada pela personagem e o poder conferido pelo segredo que transporta, que se revela numa estranha e ambígua relação de amizade. Já o jovem Andrew Simpson desilude no seu desempenho. Era exigida no mínimo uma melhor dicção e um empenho maior na construção da importante personagem que lhe foi oferecida.
O trabalho de realização resulta numa estética clean, com planos longos e um trabalho fotográfico com nuances claras, que oscila com o tom quente e dramático do argumento. De certa forma tenta desafiar os limites do bom senso pela temática, mas acaba por se render a um estilo conservador. Por outro lado, a banda sonora de Philip Glass é um dos pontos altos que realça o tom de thriller do filme.
Diário de um Escândalo é um trabalho competente, recheado de teatralidade em cada cena, que permite enfrentar os dilemas morais e sociais. Um filme a ver.
Extras:
Leia também:
Depois de Iris (2001), Richard Eyre recupera em Notes on a Scandal a sua forma de filmar limpa e estável, numa mistura de ousadia e conservadorismo. A forte temática contida no filme serve de tratado sobre a manipulação, egoísmo e ciúme. Um complexo argumento adaptado por Patrick Marber que funciona como um ângulo diferente dos estigmas sociais e das decisões que somos diariamente forçados a fazer.
Nomeado para quatro Óscares, Diário de um Escândalo tem como base da sua força, dramatismo e teatralidade, as interpretações de Judi Dench e Cate Blanchet, apesar do excelente argumento. Não existem heróis no filme, nem personagens simplesmente boas, mas existem sim culpados. A tal desconstrução que falámos no início desta crítica surge sobretudo através das personagens que no começo do filme são quase moralmente incorruptíveis, aparentando obedecer às regras da sociedade.
A personagem de Cate Blanchett é a principal na desconstrução porque inesperadamente somos invadidos pelo seu interior autêntico que se sufoca a cada instante, à medida que enfrenta um novo dilema. À personagem de Judi Dench não lhe é permitida uma desconstrução tão inesperada, porque os seus fins são de imediato desvendados pela sua própria voz interior. Não quer isto contudo tirar o primor à sua interpretação, pois senão que é o seu desempenho que mais impressiona em toda a longa-metragem. Assustadoramente realista, na sua interpretação é notória a obsessão vivenciada pela personagem e o poder conferido pelo segredo que transporta, que se revela numa estranha e ambígua relação de amizade. Já o jovem Andrew Simpson desilude no seu desempenho. Era exigida no mínimo uma melhor dicção e um empenho maior na construção da importante personagem que lhe foi oferecida.
O trabalho de realização resulta numa estética clean, com planos longos e um trabalho fotográfico com nuances claras, que oscila com o tom quente e dramático do argumento. De certa forma tenta desafiar os limites do bom senso pela temática, mas acaba por se render a um estilo conservador. Por outro lado, a banda sonora de Philip Glass é um dos pontos altos que realça o tom de thriller do filme.
Diário de um Escândalo é um trabalho competente, recheado de teatralidade em cada cena, que permite enfrentar os dilemas morais e sociais. Um filme a ver.
Extras:
- Comentário Áudio do Realizador Richard Eyre
- Featurettes: "Notes on a Scandal: The Story of Two Obsessions", "Notes On a Scandal: Behind The Scenes" e "In Character with: Cate Blanchett"
- Webisodes
- Trailer
Classificação dos Extras:
Leia também:
UM bom filme com duas excelentes actrizes, mas que cheguei ao fim do filme ainda com a sensação que faltava algo. Provavelmente essa sensação deve-se ao excesso de teatralidade ou À participação menor do actor que interpreta a personagem mais jovem...
ResponderEliminarPedro Pereira,
ResponderEliminarSim concordo. Eu próprio referi essa excessiva teatralidade, mas não sei se a devo considerar como negativa. Quanto ao desempenho de Andrew Simpson é uma desilusão, não consegue agarrar a personagem.
Nunca vi este filme mas vou ver. A Blanchett e a Dench são grandes referências para mim.
ResponderEliminarCumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema
É simplesmente perfeito, a fotografia e os planos estão portentosos, sem dúvida um filme soberbo. Nunca fui grande apreciador das obras de Judi Dench mas ficando fã da sua interpretação é sem dúvida uma referencia a procurar. Já Cate Blanchett é da casa, honra todos os seus registos com uma perfomance fabulosa.
ResponderEliminarAbraço
Filipe Assis,
ResponderEliminarVale mesmo a pena ver. Estão ambas magníficas.
Jackson,
É um filme mesmo muito bom, surpreendente pela qualidade. Também gosto bastante do trabalho da Cate Blanchett. Quanto a Judi Dench, não aprecio a sua personagem nos filmes do James Bond, mas neste filme está magnífica.
Um filme escaldante e dramaticamente envolvente
ResponderEliminarHugo Gomes,
ResponderEliminarMuito bom mesmo. É conforme dizes "dramaticamente envolvente": chega mesmo a impressionar.