Título original: The Queen (2006)
Realização: Stephen Frears
Argumento: Peter Morgan
Elenco: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Alex Jennings e Sylvia Syms
De Stephen Frears gabamos-lhe Dangerous Liaisons (1988), The Grifters (1990), High Fidelity (2000) e Dirty Pretty Things (2002). E este The Queen consegue o mesmo efeito em nós, capaz de nos fazer aplaudir o seu vasto currículo em obras de qualidade. E mesmo sendo um mero exercício especulativo, com A Rainha consegue criar uma profunda noção de classicismo e formalismo.
Apesar das francas semelhanças a um telefilme da BBC, a verdade é que Stephen Frears consegue não se colar a esse formato e globaliza um pouco mais o género, para algo mais que uma biopic. O realizador impõe um ritmo constante na película, abordando de uma forma bastante respeitosa e em nada difamatória a prova de fogo de Tony Blair ao ascender ao poder enquanto primeiro-ministro, o acidente que vitimou a Princesa Diana e a reacção de toda a Família Real perante isso, especialmente a Rainha Elizabeth. A falta de ousadia que Stephen Frears teve nesta abordagem, compensou-a na direcção artística, maquilhagem e guarda-roupa, permitindo também que Peter Morgan aposta num argumento clássico e formal, mas com alguma componente humana.
Este A Rainha é um filme soberbamente académico, com um longo trabalho de pesquisa, mas simultaneamente um grande trabalhao imaginativo, que nos permite entrar na intimidade da Rainha e do Primeiro-Ministro e supor diálogos inteligentes e estudados, que inclui também alguma contextualização com eventos secundários. A construção das personagens desenvolveu-se num processo bastante coerente e carismático, expondo de certa forma as possíveis tensões vivenciadas naquela altura.
Sobretudo este argumento é um confronto entre a modernidade e o classicismo, entre as ideias revolucionárias de um homem trabalhista e a tradição de uma mulher que governa um país. Blair é imagem pública, Elizabeth é o privado. A Rainha explana a forma como cada uma das forças políticas lida com a imagem, se é necessária descrição ou se vale a pena a exibição perante o povo.
Stephen Frears aposta numa película que concilia a vertente de ficção com a inclusão de imagens de arquivo, assumindo para The Queen um tom documental, que torna tudo muito mais realista. A este realismo acrescenta-se as talentosas prestações do elenco principal. Michael Sheen encorpora uma face à imagem de Tony Blair, conferindo um tom muito humano que oscila entre a confiança e a insegurança. Mas é claramente Helen Mirren que se sobrepõe e uma humaniza uma das personagens mais estereotipadas do Mundo. Perante o olhar cru da personagem, assistimos também a uma vertente subtil de sensibilidade, subjacente ao seu encontro com um veado, que de certa forma se identifica com o animal.
O realizado não esconde as suas simpatias políticas quando se desfaz em excessivos elogios à Rainha Elizabeth, mas nem isso nem o tom levemente humorado com que se aborda algumas cenas, conseguem comprometer o trabalho final em A Rainha.
Extras:
Classificação dos Extras:
Leia também:
Apesar das francas semelhanças a um telefilme da BBC, a verdade é que Stephen Frears consegue não se colar a esse formato e globaliza um pouco mais o género, para algo mais que uma biopic. O realizador impõe um ritmo constante na película, abordando de uma forma bastante respeitosa e em nada difamatória a prova de fogo de Tony Blair ao ascender ao poder enquanto primeiro-ministro, o acidente que vitimou a Princesa Diana e a reacção de toda a Família Real perante isso, especialmente a Rainha Elizabeth. A falta de ousadia que Stephen Frears teve nesta abordagem, compensou-a na direcção artística, maquilhagem e guarda-roupa, permitindo também que Peter Morgan aposta num argumento clássico e formal, mas com alguma componente humana.
Este A Rainha é um filme soberbamente académico, com um longo trabalho de pesquisa, mas simultaneamente um grande trabalhao imaginativo, que nos permite entrar na intimidade da Rainha e do Primeiro-Ministro e supor diálogos inteligentes e estudados, que inclui também alguma contextualização com eventos secundários. A construção das personagens desenvolveu-se num processo bastante coerente e carismático, expondo de certa forma as possíveis tensões vivenciadas naquela altura.
Sobretudo este argumento é um confronto entre a modernidade e o classicismo, entre as ideias revolucionárias de um homem trabalhista e a tradição de uma mulher que governa um país. Blair é imagem pública, Elizabeth é o privado. A Rainha explana a forma como cada uma das forças políticas lida com a imagem, se é necessária descrição ou se vale a pena a exibição perante o povo.
Stephen Frears aposta numa película que concilia a vertente de ficção com a inclusão de imagens de arquivo, assumindo para The Queen um tom documental, que torna tudo muito mais realista. A este realismo acrescenta-se as talentosas prestações do elenco principal. Michael Sheen encorpora uma face à imagem de Tony Blair, conferindo um tom muito humano que oscila entre a confiança e a insegurança. Mas é claramente Helen Mirren que se sobrepõe e uma humaniza uma das personagens mais estereotipadas do Mundo. Perante o olhar cru da personagem, assistimos também a uma vertente subtil de sensibilidade, subjacente ao seu encontro com um veado, que de certa forma se identifica com o animal.
O realizado não esconde as suas simpatias políticas quando se desfaz em excessivos elogios à Rainha Elizabeth, mas nem isso nem o tom levemente humorado com que se aborda algumas cenas, conseguem comprometer o trabalho final em A Rainha.
Classificação:
Extras:
- Selecção por Capítulos
- Entrevistas
- Trailers
- Ovo da Páscoa
Classificação dos Extras:
Leia também:
Eu gostei muito do filme e já anseio por vê-lo de novo. Tem pouco de cinema, mas enquanto documentário/biopic mais ou menos especulativo é interessantíssimo e muito bem conseguido.
ResponderEliminarCumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Filipe Assis,
ResponderEliminarÉ um filme muito bom mesmo. Bastante inteligente.
Filipe Assis,
ResponderEliminarÉ um filme muito bom mesmo. Bastante inteligente.