sábado, 20 de junho de 2009

Vigilância, por Carlos Antunes




Título original: Surveillance
Elenco: Julia Ormond, Bill Pullman, Pell James e French Stewart

Vigilância não é mais do que um sleight of hand, mostrando-nos um curioso jogo que nos afasta da essência do que na verdade acontece.



Acompanhamos uma história de investigação onde todos contam menos do que sabem, que nos vai sendo entretanto contado para que sigamos com deliciada ironia as vidas destes personagens.
Dois polícias entediados, um casal de drogados sem escrúpulos e uma família perturbadora e perturbada.
Seguimo-los com a atenção de quem quer rir de um pequeno comos burlesco que ali se criou.
E de quem quer saber o que verdadeiramente se passou com todo este grupo.



Tratam-se afinal de vários assassinatos de pessoas que se cruzaram.
As histórias não batem certo e é necessário trazer à luz a verdade.
A vigilância que dá título ao filme é a do agente do FBI que através das suas câmaras vê todos os interrogatórios, como um deus ex machina que tudo sabe desse microcosmos.


E é então que, de onde não esperávamos, surge o efeito do passe de magia.
Assim, sem mais nem porquê, somos surpreendidos por um efeito que parece tão ou mais apelativo do que o que tinha ficado para trás.
Mas se a prestidigitação cinematográfica resultou, desuniu o filme.


Afinal tudo o que vimos não serviu de nada, porque apenas a nova pequena miragem de magia, que é como quem diz de efeito narrativo, parece realmente sobressair. E então a Vigilância que dá título ao filme, então, nem parece ser uma escolha lógica.
O que ficou para trás é subitamente um despropósito inutilizado. Curioso, sim, mas incompleto.
Como se o resultado do truque fosse suficiente para justificar tanto que fica por contar, por pensar e por fazer.
Não é e o filme tomba falhado. Interessante a dois tempos distintos, mas desconexo entre eles.




Extras

Documentário de produção - Feito para promoção, em tom leve e divertido, com os actores e a realizadora a falarem dos momentos que passaram e a sugerirem o melhor que podem o teor do filme para que os espectadores os vão ver. Pouco útil como extra.


1 comentário:

  1. Carlos Antunes,
    É curioso que para mim foi um dos melhores filmes de 2008. O facto de ter duas fases distintas não me parece que lhe retire qualidade. É um simples exercício de estilo que funcionou bem... Mas compreendo o teu ponto de vista.

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