quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cidade das Sombras, por Tiago Ramos



Título original: City of Ember (2008)
Realização: Gil Kenan
Argumento: Caroline Thompson e Jeanne Duprau
Elenco: Tim Robbins, Bill Murray, Harry Treadaway, Toby Jones e Saoirse Ronan

Em Cidade das Sombras respira-se, do início ao fim, uma atmosfera de enormes potencialidades. Mas infelizmente esse potencial acaba por ser desperdiçado.



A característica principal e mais apelativa do filme é a premissa original. A cidade que dá nome à longa-metragem é uma metrópole que, no passado, encontrou uma forma engenhosa de sobreviver à destruição do mundo, mas que acaba por sofrer devido a isso mesmo, encontrando-se à beira da extinção. E se isso poderia dar o pontapé de partida para um interessante filme de aventura, de onde se poderiam retirar importantes ilações finais, houve qualquer coisa que se perdeu no caminho.

Contudo, é importante realçar que nem tudo em Cidade das Sombras falhou. O cenário iminentemente apocalíptico está bem construído, num interessante jogo de luz e sombra e bonita uma paisagem arquitectónica. Nesse género de realização já Gil Kenan tinha demonstrado ser capaz de grandes mestrias desde a animação Monster House (2006). Mas o que ganha pontos na realização, perde no argumento.

A argumentista Caroline Thompson, que já nos entregou trabalhos como Edward Scissorhands (1990), The Nightmare Before Christmas (1993) e Corpse Bride (2005), falha redondamente nesta adaptação. A construção das personagens é demasiado superficial e fraca, mesmo para um filme com o objectivo de conquistar o público infanto-juvenil. Mesmo para os adeptos da fantasia, a demasiada inverosimilhança do argumento faz com que se perca alguma divergência de ideias importantes, como uma maior exploração das consequências de carácter social e político de uma metrópole em extinção.



No plano das interpretações, não se percebe a presença de grandes actores como Tim Robbins e Bill Murray, especialmente quando a importância e profundidade das suas personagens no argumento é tão pequena. Ambos são meros peões no argumento, com desempenho modestamente abaixo das suas capacidades. Apenas Harry Treadaway e Saoirse Ronan levantam o patamar dos desempenhos, com boas prestações e que não são melhores apenas devido ao argumento.

De qualquer forma, Cidade das Sombras é um filme familiar com algum potencial e que garantirá certamente algum entretenimento, o que faz dele um título a não descartar de todo.

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