Sedução Mortal, por Carlos Antunes

Título original: All the Boys Love Mandy Lane

Realização: Jonathan Levine

Argumento: Jacob Forman

Elenco: Amber Heard, Anson Mount e Whitney Able

O Diabo é uma virginal rapariga de liceu, já de muitos outros filmes o tínhamos aprendido.
O que Sedução Mortal tenta imprimir de novo a essa história é a transformação desse conceito num thriller de terror.

Na prática, a história tenta levar-nos a crer que o móbil de tudo o que acontece é a procura da corrupção da imaculada Mandy Lane, quando na verdade a corrupção é o efeito perverso que daí advém.
Ou seja, o crime não como vingança pela perda de Mandy Lane mas como oferenda a ela.
Quando o filme revela isso mesmo, então é possível rever os acontecimentos a uma outra luz, percebendo o quão pérfida pode ser a bela diaba.

Curiosa é a forma que Jonathan Levine (de quem ainda antes deste filme vimos e apreciámos The Wackness) tem de filmar esta história, explorando a beleza luminosa de Mandy Lane – uma muito interessante e muito low key interpretação de Amber Heard – pelo meio da escuridão em que avança a matança.
É uma curiosa e eficaz forma de dominar a expectativa, um verdadeiro trompe l’oeil que nos persuade mais a crer na inocência daquela personagem do que propriamente a atitude beata que ela apresenta.

Expectativa que, em abono da verdade, só é mantida se o espectador assim quiser, pois na verdade há um fácil desvendar do desfecho que a história vai ter.
Mas há algo que nos leva, de facto, a querer ser manipulados, a não disputar pela lógica a emoção com que o filme nos ludibria.

Sedução Mortal até poderá ser previsível mas é convincente na sua tentativa.
É um filme que poderia facilmente ter caído em vários erros, mas que se mantém ao nível exacto do que pretendia ser.