Título original: Synecdoche, New York (2008)
Realização: Charlie Kaufman
Argumento: Charlie Kaufman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Tom Noonan, Sadie Goldstein, Michelle Williams, Samantha Morton, Hope Davis e Jennifer Jason Leigh
Realização: Charlie Kaufman
Argumento: Charlie Kaufman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Tom Noonan, Sadie Goldstein, Michelle Williams, Samantha Morton, Hope Davis e Jennifer Jason Leigh
Os argumentos de Charlie Kaufman serão sobretudo dos mais inclassificáveis do Cinema contemporâneo. De Being John Malkovich (1999), passando por Adaptation. (2002) e até Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004), inventou-se um novo adjectivo para quando queremos falar sobre algo que não sabemos muito bem explicar: a escrita kaufmaniana.
De reconhecido argumentista, Charlie Kaufman passou também a realizador nesta sua primeira longa-metragem que passou pelo Festival de Cannes 2008 e venceu alguns prémios em Festivais de Cinema independentes.
Em Sinédoque, Nova Iorque temos um encenador de teatro perfeccionista, hipocondríaco, extremamente maníaco e um eterno diletante. Esse é o ponto de partida para um filme que nasce da ideia do simulacro que faz a ponte entre os limites da ficção e da realidade, que se chega sobretudo a confundir numa única noção. É o retrato de um homem que se quer superar dentro da sua angústia, temor, insegurança e neurose. É a exibição do medo da doença e da morte, o medo de não deixar o seu nome marcado na vida que viveu, de não deixar uma obra que perpetue o seu nome para sempre, mesmo após o último fôlego.
Esse misto de noções de tão complexo que é, por mais que tentemos explicar, não consegue revelar por si mesmo a personagem de Philip Seymour Hoffman. Personagem essa que, arriscamos, é das melhores e mais completas que o actor teve oportunidade de interpretar. O actor leva-nos a um eterno jogo de similaridades, de convergências, num processo de reflexões interiores, espelhadas numa peça de teatro eterna, onde se perde, inúmeras vezes, a noção de realidade e ficção. Um desempenho memorável, onde se recriam vários estados de espírito, de um modo incrivelmente subtil que confirma a noção esperada de realismo.
Mas também o elenco secundário está ao nível do protagonista. Principalmente as mulheres do filme, as mulheres de Caden Cotard, as grandes senhoras da interpretação, com traços únicos de surrealismo, desde Catherine Keener, Michelle Williams, Samantha Morton até Hope Davis.
Sinédoque, Nova Iorque é uma peça de teatro megalómana que reproduz as dores, a angústia e o silêncio do encenador. Uma peça de teatro que é "simplesmente" uma forma de exorcizar toda a insegurança de quem a faz, um modo de por a nu a persona em questão. Uma reflexão metafísica sobre a complexidade da existência humana, de um modo neurótico, cómico-dramático.
Charlie Kaufman não é tão bom realizador como é argumentista. Falta-lhe alguma perícia de tornar visível aquilo que lhe passa pela mente megalómana, mas é uma primeira-obra fantástica, do mais surreal que se fez nos últimos anos. Em Sinédoque, Nova Iorque é-nos mostrado o palco da vida real. O filme é uma verdadeira sinédoque, uma figura de estilo onde se toma o todo por uma única parte.
A banda sonora é tecnicamente bem utilizada, que por vezes quase se omite e se confunde com as imagens, com um tema excelente utilizado nas cenas chave do filme. Também o destaque vai para uma fotografia quase perfeita, com cenas surrealistas adaptadas à linguagem kaufmaniana. Sinédoque, Nova Iorque não pode ser visto de forma despretensiosa, temos de atentar à linguagem metafísica e metalinguística para a qual o cineasta nos leva. Um filme sobre o medo, a vida e a morte, a ambiguidade e o transcendente. Uma eterna metáfora.
De reconhecido argumentista, Charlie Kaufman passou também a realizador nesta sua primeira longa-metragem que passou pelo Festival de Cannes 2008 e venceu alguns prémios em Festivais de Cinema independentes.
Em Sinédoque, Nova Iorque temos um encenador de teatro perfeccionista, hipocondríaco, extremamente maníaco e um eterno diletante. Esse é o ponto de partida para um filme que nasce da ideia do simulacro que faz a ponte entre os limites da ficção e da realidade, que se chega sobretudo a confundir numa única noção. É o retrato de um homem que se quer superar dentro da sua angústia, temor, insegurança e neurose. É a exibição do medo da doença e da morte, o medo de não deixar o seu nome marcado na vida que viveu, de não deixar uma obra que perpetue o seu nome para sempre, mesmo após o último fôlego.
Esse misto de noções de tão complexo que é, por mais que tentemos explicar, não consegue revelar por si mesmo a personagem de Philip Seymour Hoffman. Personagem essa que, arriscamos, é das melhores e mais completas que o actor teve oportunidade de interpretar. O actor leva-nos a um eterno jogo de similaridades, de convergências, num processo de reflexões interiores, espelhadas numa peça de teatro eterna, onde se perde, inúmeras vezes, a noção de realidade e ficção. Um desempenho memorável, onde se recriam vários estados de espírito, de um modo incrivelmente subtil que confirma a noção esperada de realismo.
Mas também o elenco secundário está ao nível do protagonista. Principalmente as mulheres do filme, as mulheres de Caden Cotard, as grandes senhoras da interpretação, com traços únicos de surrealismo, desde Catherine Keener, Michelle Williams, Samantha Morton até Hope Davis.
Sinédoque, Nova Iorque é uma peça de teatro megalómana que reproduz as dores, a angústia e o silêncio do encenador. Uma peça de teatro que é "simplesmente" uma forma de exorcizar toda a insegurança de quem a faz, um modo de por a nu a persona em questão. Uma reflexão metafísica sobre a complexidade da existência humana, de um modo neurótico, cómico-dramático.
Charlie Kaufman não é tão bom realizador como é argumentista. Falta-lhe alguma perícia de tornar visível aquilo que lhe passa pela mente megalómana, mas é uma primeira-obra fantástica, do mais surreal que se fez nos últimos anos. Em Sinédoque, Nova Iorque é-nos mostrado o palco da vida real. O filme é uma verdadeira sinédoque, uma figura de estilo onde se toma o todo por uma única parte.
A banda sonora é tecnicamente bem utilizada, que por vezes quase se omite e se confunde com as imagens, com um tema excelente utilizado nas cenas chave do filme. Também o destaque vai para uma fotografia quase perfeita, com cenas surrealistas adaptadas à linguagem kaufmaniana. Sinédoque, Nova Iorque não pode ser visto de forma despretensiosa, temos de atentar à linguagem metafísica e metalinguística para a qual o cineasta nos leva. Um filme sobre o medo, a vida e a morte, a ambiguidade e o transcendente. Uma eterna metáfora.
A sério? É assim tão bom?
ResponderEliminarHmm... Vou esperar pelo DVD, mas quero ver sem falta.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Muita muita curiosidade. Infelizmente não o poderei ver tão cedo mas estou ciente que será mais uma grande criação de Kaufman. A tua crítica serviu para abrir ainda mais o apetite.
ResponderEliminarAbraço
Roberto F. A. Simões,
ResponderEliminarNão sei se é assim tão bom, eu gostei, mas as opiniões têm sido bastante diversas. Há quem o diga demasiado megalómano e que a realização não faz jus ao argumento. O que até certo ponto é verdade. A mim tocou-me, a ti logo se verá.
Fifeco,
Felizmente tive oportunidade de ver. Estou curioso em relação à tua apreciação do filme.
Não gostei muito, as opiniões em relação a este filme está dividida, na minha opinião, não gostei...
ResponderEliminarAbraço
Cinema as my World
Em mim trouxe um efeito positivo. De facto, tocou-me bastante.
ResponderEliminar