terça-feira, 15 de setembro de 2009

A DVDteca Ideal :: As Escolhas de Miguel Reis [Cinema Notebook]



O Split Screen inicia uma rubrica intitulada A DVDteca Ideal, um espaço onde bloggers conhecidos de todos nós, elaboram uma lista com os 10 DVDs que não devem faltar na colecção de um bom cinéfilo. O primeiro convidado é Miguel Reis, autor do blogue Cinema Notebook e editor da Revista Take.

Kubrick consegue colocar-nos a rir… de medo. As ideias e a mensagem do filme continuam tão actuais e hilariantes como há quarenta e cinco anos. Se existem obras intemporais, esta será, certamente, uma delas. Sellers é único, fantasmagoricamente multi-desdobrável e perfeccionista, rasgando vários horizontes, tal como a obra em si, com a sua improvisação e humor corrosivo. É caso para dizer que... apaixonei-me pela bomba!



"Apocalypse Now" é ainda o maior espectáculo sobre monstruosidade jamais feito. Não é um filme sobre o Vietname, é o Vietname ele próprio. É um filme de culto que acarreta consigo uma forte ressonância da cultura pop americana. É a beleza e a perversidade, é o surrealismo e a autenticidade. É a insanidade de uma guerra espelhada na loucura de um homem. É o grito de um utopista e de uma era.



Seja qual for a nossa opinião sobre a visão facciosa da História de Emir Kusturica, este é, na minha opinião, o melhor filme do talentoso cineasta até à data, um glorioso exemplo de "mise en scène" aliado a uma visão cómica que está constantemente a exceder a sua própria hipérbole. Uma alegoria satírica, com quase três horas de duração, que não cansa durate um único segundo.



"Casablanca" é filmado com tanta confiança e tão pouco espalhafato, que tudo parece fluído, sem remendos ou suturas. Melodrama romântico por excelência, o que mais me cativa no filme é o sentido de incompletude que o encerra. "Casablanca" ousa deixar as suas personagens - literalmente - ora no ar, ora no meio do deserto, cabendo, assim, aos espectadores imaginar o futuro de Rick, Ilsa, Victor ou Renault durante os últimos e turbulentos anos da 2ª Guerra Mundial.



Sem cair nas armadilhas de um final feliz, Eastwood resume em poucos minutos uma vida enquanto homem e actor, cowboy e justiceiro de rua, num acto de redenção capaz de arrancar uma lágrima ao mais insensível dos espectadores. “Gran Torino” é o melhor filme americano desta década, uma das mais contundentes provas de que o cinema, mesmo através de temas repetidos e deteriorados, consegue reinventar-se a si próprio, transformando em magia a mais comum das narrativas.


Tarantino no seu estado mais puro. Deleite cinematográfico por excelência, repleto de referências deliciosas a outros géneros e épocas. Da fabulosa sequência-homenagem ao Anime, às coreografias sanguinolentas, sem esquecer os diálogos inimitáveis do realizador, ao díptico, no seu todo, nada falta. Um equilíbrio fantástico num fabuloso "western de artes-marciais". Além disso, é uma obra tecnicamente irrepreensível. E Uma Thurman...



Nunca a mistura entre sonhos e realidade foi tão perfeita e paradisíaca. "Le Grand Bleu" leva-nos a mundo que nós ainda pouco sabemos, apesar de ser "nosso". Um filme sobre a forma mais pura de liberdade. Apaixonado que eu sou pelo oceano (nasci e vivi boa parte da minha vida numa ilha, com a família intimamente ligada ao mar), Besson nem precisou de uma narrativa consistente para conquistar um lugar neste top 10.



Um filme de acção que têm mais alma e coração do que acção propriamente dita. A relação entre Léon (Reno) e Matilda (Portman) é tocante, vibrante e emocionante, apesar de toda a sua simplicidade e inocência. No papel de vilão, Gary Oldman, um Beethoven-dependente drogado e lunático. Reno e Oldman são dois dos meus actores favoritos, pelo que a combinação dificilmente poderia dar noutro resultado.




Um filme extremamente sensorial, obrigatório para qualquer amante da vida humana. Porque a excelência não é um acto mas sim um hábito. Com uma realização fantástica e um trabalho de montagem e edição avassalador, a nível técnico nada falha a este filme. Cada imagem e cada som é exemplarmente bem tratado e transformado num momento de beleza indiscutível.




Altamente discutível a sua presença ao pé de todas as restantes obras, eu sei. Mas foi um filme que me tocou como nunca nenhum outro fez, talvez pelo contexto em que o vi pela primeira vez. Com uma banda-sonora perfeita, ao som de Enya, “Doce Novembro” não deve ser visto como uma soma das partes, mas sim, como um todo. Aí, funciona como um cocktail explosivamente sentimental, principalmente para quem já viveu dramas semelhantes. E quem resiste à Charlize Theron?

5 comentários:

  1. Magníficas escolhas, sendo que desconheço algumas como LEON ou GRAN TORINO. Tenho a dizer que LE GRAN BLEU foi o responsável por uma das maiores noites de pesadelo de que tenho memória na minha vida. Parece que me entrou pelo inconsciente ;) DOCE NOVEMBRO é uma delícia irresistível e DR. ESTRANHO AMOR uma das maiores comédias a que já assisti.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD – A Estrada do Cinema

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  2. Sinto-me orgulhoso de poder dizer que tenho quase quase todos :p Ainda assim, não considero, nem de perto, nem de longe Apocalypse Now uma peça essencial na minha DVDteca, filme que, por uma razão ou outra, me desgostou bastante.

    Abraço e parabéns pela iniciativa

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  3. Roberto Simões,
    Eu também desconheço alguns dos films aqui existentes, especialmente os mais antigos. Mas será, com certeza, uma boa oportunidade para colmatar essas falhas. Tenho de destacar a coragem que o Miguel Reis teve em colocar o Doce Novembro na lista. É também um dos filmes do género que mais aprecio... é mesmo doce.

    Fifeco,
    Eu não tenho nem de longe todos eles. Desta lista destaco também por exemplo Kill Bill, para mim o melhor filme de Quentin Tarantino.

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  4. Sim, o Miguel foi corajoso em meter o DOCE NOVEMBRO. Eu ainda não te disse, mas já estava capaz de te enviar uma lista com mais 10 essenciais xD Mas quando as circunstâncias certas chegarem revelá-los-ei ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  5. Roberto F. A. Simões,
    Eu se fosse a fazer uma lista também não seria unânime, no sentido em que se fizesse outra no dia seguinte, já incluiria filmes diferentes! :P Cá espero então pelas tuas novas escolhas!

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