sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os Informadores, por Carlos Antunes

http://thetyrannyofevilmen.files.wordpress.com/2009/08/the-informers-poster.jpg

Título original:
The Informers
Realização: Gregor Jordan
Argumento: Bret Easton Ellis e Nicholas Jarecki
Elenco: Billy Bob Thornton, Kim Basinger, Mickey Rourke e Winona Ryder

Por um momento dois jovens vistosos sorriem um para o outro no ecrã. Sexo e atracção vagueia no ar entre os dois. A luz, a música, o estilo, tudo nos impele para a beleza daquela cumplicidade.
Então ele é atropelado...
E a beleza, vê-se, é apenas fugaz, um relance exterior e inconsistente de uma série de personagens que estão vazias, desesperadas e conspurcadas.

http://www3.timeoutny.com/newyork/theframeup/wp-content/uploads/2009/04/informers.jpg

Estas são as miseráveis criaturas que habitam o mundo. Se não estão ocas, os restantes à sua voltam encaminham-nos para lá.
Todas as poucas emoções que parecem ainda nascer neste mundo poderão não ser mais do que a reacção ao enfado: a emoção como interpretação da vida.
Mas é fácil ver como estas personagens estão como que mortas por dentro.

http://www.filmofilia.com/wp-content/uploads/2009/03/df-01450_m.jpg

Não há diferenças entre o topo da cadeia e o fundo da escumalha.
Ou talvez haja, a de que os últimos querem lá chegar enquanto os primeiros tomam a posição como garantida.
Mas lado a lado são os mesmos invólucros vazios, igualmente castigados. Afinal há uma peste a atravessar Los Angeles, ainda sem nome, mas fatal como o destino!

http://www.filmofilia.com/wp-content/uploads/2009/01/the-informers1.jpg

Estas personagens são tão atraentes na sua sordidez, não interessa de onde vêm, são todas horríveis e belas por igual.
Podem ser aspirantes a actores forçados no seio de um negócio de tráfico infantil ou podem ser nados em berços de ouro a desfrutar do sexo por pura complacência.
Podem ser pais amedontrados com a homossexualidade do filho mas dispostos a roubarem-lhe a namorada ou podem ser estrelas rock sem moralidade a quem não permitem sequer conversar com o filho.

http://www.aceshowbiz.com/images/still/the_informers10.jpg

A réstea de decência de Jack (Brad Renfro, numa excepcional última interpretação) pode ser apenas a angústia de traumas passados.
A preocupação apaixonada de Graham por Christie pode não ser mais do que o ciúme de quem acredita ter poderes de posse.
Greg Jordan compreendeu estes falsos tormentos e filmou todas as personagens com um tom ciníco, de quem goza o prazer de os deixar chafurdar na sua própria decadência.
Permitiu-lhes apenas a beleza de serem excepcionais na sua rasa existência, com um elenco que não é bom, é verdadeiramente perfeito para as personagens a quem serve.

http://www.collider.com/uploads/imageGallery/Informers_The/the_informers_movie_image_.jpg

Para eles, não vale a pena esperar por qualquer redenção. Ela não existe!
Para estas personagens não há contemplações, estes são os seus destinos, virulentos como elas próprias.
Estas personagens são mãos-cheias de merda envoltas no mais brilhante papel de embrulho.
Depois de abertas não há mais surpresas a encontrar.
As suas vidas terminam ali, onde começa o seu aborrecimento. Afinal, já passou uma semana sobre a morte de um deles, portanto está na altura de seguir em frente!
Não há hipótese alguma para eles, o sorriso há muito se desvaneceu. Acabou-se!


http://media4.comcast.net/thumbnails/m_IndieMovies/999/960/informershero_806x453.jpg

4 comentários:

  1. Mas que raio de comentário crítico é este. Alguma vez leu os contos de Bret Easton Ellis? O filme é completamente rídiculo e você da-lhe uma boa nota? Enfim

    ResponderEliminar
  2. O facto de eu ter ou não lido - e se lhe conforta o ego, li - não interessa minimamente a este texto.
    Não fiz qualquer comparação, nem sequer referi o nome do autor.
    O filme é uma obra que deve ser encarada de forma individual, única.
    As comparações com os livros servem quase sempre o propósito de minimizar os méritos de uma adaptação pelos fãs da obra original.
    Além disso, não me parece obrigatório ter de ler um livro para apreciar o filme a que deu origem.
    Fosse esse o caso e calculo que bem mais de metade dos filmes que viu estariam fora da sua capacidade para os apreciar ou julgar.

    Se o filme é ridículo ou não depende da avaliação de cada um.
    Já o desprezo com que considera a minha crítica por estar fazer a apologia de um filme que lhe desagrada a si, como fã de Bret Easton Ellis, é sim ridículo.
    Não sei se sabe, mas tem a liberdade de não ler esta crítica, bem como qualquer outra que aqui encontre.
    Aliás, se é para continuar com uma contribuiçãoi tão pobre, agradeço que se coiba de ler e participar.

    ResponderEliminar
  3. Não gostei do filme. O segmento que mais gostei foi o do conflito pai/filho. Os restantes pareceram demasiado vagos e frequentes para merecerem novo filme.
    Talvez se tivesse lido o livro pudesse compreender melhor.

    ResponderEliminar
  4. Não gostei do filme. O segmento que mais gostei foi o do conflito pai/filho. Os restantes pareceram demasiado vagos e frequentes para merecerem novo filme.
    Talvez se tivesse lido o livro pudesse compreender melhor.

    ResponderEliminar