Nuno Reis, do blogue Antestreia, é o convidado que se segue na rubrica A DVDteca Ideal. Há 6 anos que é o principal colaborador do Antestreia, mas também efectua ainda diversos trabalhos: Assessoria de imprensa no Fantas (desde 2000) e no festival de Gaia (2002), programação e catálogo do Fantas (2007 a 2010), júri em Ourense (2007 e 2008), jornalista em muitos outros.
"Fui ver o mail e lá estava o Tiago a pedir-me o impossível: uma lista finita de filmes. Qualquer que seja o tamanho ficamos sempre com a sensação que outros deveriam estar lá. É como pedir a um pai que escolha apenas alguns dos filhos para salvar! Passei quatro dias a pensar. Falei com muita gente a pedir que me relembrassem quais eram os filmes da minha vida. Foi pior! Cada vez mais títulos para recordar e não escolher... Para eles era fácil falar, no fim eu e só eu tinha de suportar o sofrimento de escolher quem vive e quem morre. Apenas dez filmes para ter em DVD... Comecei a pensar em filmes obrigatórios que todos deviam ver. Passei dos dez em menos de um minuto. Depois pensei da forma mais eficaz. Se a minha DVDteca tivesse apenas dez filmes e eu de hoje em diante pudesse ver apenas esses até morrer quais seriam? Quais aqueles filmes que quero ver e rever vezes e vezes sem conta? Aviso para terroristas e serviços secretos: Se me quiserem torturar obrigando a ver um filme até à exaustão e for um destes.. podem começar hoje mesmo!"
The Goonies (1985)
Tudo o que sou hoje devo a este filme. Quando o meu pai me levou a ver o filme no Fantas, ainda eu não sabia ler as legendas. Disse-me que era um filme de aventura com crianças. Ele não imaginava que nesse filme eu iria ser atingido por uma coisa chamada a magia do cinema. Bastaram essas duas horas para aprender o que era cinema fantástico e nunca mais querer outra coisa. Saí de lá muito diferente e com um propósito na vida: ver filmes que quebrassem com a monotonia da vida real. Desde então não faltei a nenhuma edição do Fantas e é o filme que mais vezes vi. Se esta lista fosse de apenas um filme seria este.
Forrest Gump (1994)
O problema de nascer quando já todos os clássicos foram feitos é que ouvimos dizer maravilhas de cada um deles e quando vamos a ver é uma desilusão. Feitas noutra época, para outro público, custa a reconhecer a sua grandeza. Este foi o primeiro que vi e que correspondeu exactamente às expectativas que tinha criado. A forma como Gump percorre as décadas e define a História é das fábulas mais bem sucedidas que alguém poderia pensar e a obra de Winston Groom atingiu a imortalidade pelas mãos de Zemeckis e no corpo de Hanks.
Moulin Rouge! (2001) É o filme que mais vezes vi em cinema e ouvi mais vezes a banda sonora deste filme que todas as outras juntas. Nem sequer é o meu filme preferido de Luhrmann, mas é aquele que posso ver sem correr o risco de começar a gostar menos.
Edward Scissorhands (1990) Tim Burton é o meu realizador de eleição para cinema fantástico. Metade dos filmes dele estão entre os meus favoritos, mas entre todos esses magníficos filmes este é o tal que posso ver em ciclos infinitos.
La Vita è Bella (1997)
Pode ser classificado como comédia romântica ou drama histórico que é igualmente válido, Benigni com o seu estilo muito próprio faz inúmeros filmes num só. A loucura e alegria contagiante com que começa deixa-nos indefesos para o que se segue. Uma criança num campo de concentração é algo que deixaria todos chocados, mas a dedicação extrema do pai que transforma tudo num jogo transcende o horror. Lindo. O final é forçado, mas perdoa-se.
Flags of Our Fathers (2006)/Letters from Iwo Jima (2006)
Não podia falar da Segunda Guerra Mundial sem referir o filme mais justo que existe. Clint Eastwood, o maior realizador vivo, ousou filmar ambos os lados do confronto e cada facção falou no seu idioma. Uma guerra não é um confronto entre bons e maus em que os bons ganham sempre. É entre humanos a quem exigem heroísmo e por vezes ambos os lados têm culpa. Se todos compreendessem isso viveríamos em paz.
The Lion King (1994)
Já não era propriamente uma criança quando vi este filme, mas senti-me como tal. Ainda hoje é de entre as inúmeras animações da minha infância a que recordo com mais prazer. Pode ser visto por crianças e por adultos com igual gosto. Desde então nunca mais a Disney fez algo comparável, mas a Pixar anda perto.
Trilogia Back to the Future (1985), (1989) e (1990)
O formato DVD pode ser aproveitado para colocar ex-aequo uma saga quando não se pode eleger apenas um. Enquanto a maioria fala de Godfather, Starwars, Indiana Jones, LoTR e Aliens, eu olho para a minha prateleira e tenho apenas uma trilogia lá. "Back to the Future" foi a consagração de Michael J. Fox e a filmagem conjunta dos segundo e terceiro filmes em simultâneo foi dos movimentos mais ousados do cinema até à data. Terminar um filme com "To Be Concluded" é um enorme descaramento, mas ainda havia tanto para contar que ninguém leva a mal.
Casablanca (1942)
Inesquecível. Sejam as interpretações, as cenas, as falas, as músicas ou a despedida, é o filme que toda a gente conhece de alguma forma, mesmo que nunca o tenha visto. Toda a gente gosta de finais felizes, mas um final triste ficará para sempre na memória. E acabando de ver apetece dizer a frase que não vem no filme: "Play it again Sam". Se não o pusesse na lista ficaria arrependido. Talvez nem hoje nem amanhã, mas brevemente e para sempre.
The Bridge on the River Kwai (1957)
Três filmes de guerra na lista não é exagerado. Tal como nos dois anteriores com o mesmo tema o que me fascina não é a guerra em si, mas o lado humano do conflito. Mais do que ser um filme sobre a guerra, é um filme sobre excesso de honra e a loucura que a morte e o calor causam nos homens mais valentes. E claro, tem a música que ninguém consegue parar de assobiar.
Lista interessante, devo dizer que dessa lista na minha só e mesmo assim com grandes dúvidas figuraria Casablanca, já agora grande comentário a essa mesma obra-prima...
ResponderEliminarAbraço
http://nekascw.blogspot.com/
Nekas,
ResponderEliminarÉ precisamente uma lista de cuja infância/adolescência foi noutra altura. :) Concordo plenamente com o que o Nuno diz no comentário de Forrest Gump. Quanto a Casablanca ainda tenho de rever :)