sábado, 6 de fevereiro de 2010

LOST: LA X (6.01+6.02)

[AVISO: caso ainda não tenha visto as duas partes do episódio que abre a temporada final da série, escusado será dizer que este post é um campo minado de spoilers.]

Após a morte do Jacob e a detonação da Jughead no final do episódio "The Incident", LOST deixou-nos com uma incógnita: terá a bomba resultado, anulando os últimos 3 anos da vida dos personagens... ou terá falhado e deixou uma crise iminente para resolver? A resposta mais simples a esta pergunta é: ambos.

A explosão da bomba em 1977 foi bem sucedida em neutralizar a energia concentrada naquele local, criando assim uma nova timeline, na qual o Oceanic 815 irá aterrar com sucesso em LAX. Por outro lado, na timeline original, os personagens deslocados no tempo são devolvidos ao seu tempo "correcto", ainda na ilha. Para estes, a percepção é de que o plano falhou. Para quem vive na timeline criada pela Jughead, não há qualquer recordação ou conhecimento dos eventos ocorridos na realidade "original".

A narrativa da temporada é-nos apresentada sob a forma de flash-sideways, alternando entre os eventos decorridos na realidade "Original" que conhecemos desde o início da série e esta nova realidade "Paralela". Duas realidades, não "alternativas" mas "paralelas", coexistentes e directamente ligadas. É este o ponto de partida para o capítulo final de LOST.

Mundo Paralelo

O episódio abre com a imagem de Jack a bordo do Oceanic 815, perdido nos seus pensamentos. Jack desperta, sobressaltado, como se sentisse algo de estranho. Jack está visivelmente nervoso, e Rose tenta acalmá-lo, dizendo que o Bernard garante que os aviões querem estar no ar. O avião apanha turbulência, Jack está agitado... mas nada acontece. Jack levanta-se e vê-se ao espelho numa casa de banho do avião. Há algo que o incomoda, uma sensação estranha que não consegue explicar.

Quando regressa ao lugar, encontra Desmond no banco ao lado, que trocou de lugar pois a pessoa que viajava com ele ressonava demasiado. Mas Jack sente uma espécie de dejá-vu: "conheço-o de algum lado?". No entanto, Desmond não se recorda do Jack. É nesta altura que a câmara sai pela janela do avião, levando-nos numa queda vertiginosa das nuvens até às profundezas do oceano...

...onde encontramos a Ilha, submersa. Esta sequência mostra-nos que as várias estruturas existentes permanecem intactas, mas a vida marinha já se instalou, indicando que a Ilha se terá afundado há vários anos atrás. O que fez com que isto acontecesse à Ilha?

De regresso ao avião, vemos Jack embarrar contra a Kate à saída da casa de banho. Arzt encontra o Hurley e reconhece-o dos anúncios gravados para a sua cadeia de restaurantes. James ouve o Hurley contar que ganhou a lotaria e avisa-o que outros se podem tentar aproveitar dele. Boone e Locke estão sentados na mesma fila e conversam sobre o que os trouxe ao avião: Boone tentou salvar a Shannon de uma relação, mas ela acabou por ficar na Austrália, Locke conta que esteve numa caminhada.

Mas a viagem não termina sem uma crise para Jack resolver: Charlie está fechado na casa de banho e inconsciente. Com a ajuda de Sayid, Jack retira o saco de heroína com que ele estava a sufocar... mas Charlie não agradece, afirmando que era suposto ter morrido. Tentativa de suicídio?

O avião aterra com segurança em LAX. Cada personagem segue o seu caminho... mas uma série de coincidências irá voltar a cruzá-los. Kate consegue fugir ao Marshal Edward, entra no mesmo elevador que o James, que a ajuda, e dirige-se para o exterior. Sentindo-se perseguida, entra num táxi e ameaça o condutor com uma arma, deixando a passageira (Claire) visivelmente assustada.

Jack é chamado ao balcão da Oceanic: o caixão onde o seu pai Christian seria transportado não veio no avião. Por coincidência, Locke também se dirige ao local pois as suas facas desapareceram. Ao saber da perda do Jack, Locke conforta-o, dizendo que eles não perderam o Christian, apenas o corpo dele. O médico, por sua vez, demonstra interesse na paralisia do Locke, oferecendo-lhe o seu cartão. Poderemos ter aqui o começo de uma amizade entre duas pessoas que, na realidade original, nunca se compreenderam? E será que o Jack vai acabar por curar John Locke?

Mundo Original

Com a detonação da Jughead em 1977, os personagens deslocados no tempo são trazidos de volta a 2007. Estão no local onde a Swan foi construída e, posteriormente, destruída pelo Desmond. Por baixo dos escombros, ouve-se a voz da Juliet. James encontra-a ainda com vida, mas a sua consciência está no limbo entre a realidade e outro lugar. Juliet convida-o para tomar café, antes de recuperar a consciência e pedir-lhe um beijo. Nas suas últimas palavras, tem uma coisa muito importante para lhe dizer: "funcionou".

Entretanto, Sayid encontra-se gravemente ferido, preocupado com o que lhe poderá acontecer quando morrer, depois de ter torturado e assassinado tanta gente. Jacob (após ter sido morto pelo Ben) aparece ao Hurley, bastante preocupado com o Sayid, dizendo que ele tem de ser levado até ao Templo para que seja salvo. A ironia é que o Sayid foi alvejado pelo pai do Ben, dias depois de ter atirado contra o Ben em criança, tendo este então sido salvo após ser levado ao Templo pelo Richard.

Do outro lado da Ilha, junto ao pé da estátua, temos uma série de confirmações: o adversário do Jacob, o Black Smoke e o "Locke" que tem percorrido a ilha em 2007 são, de facto, a mesma entidade. O círculo de cinza que rodeava a cabana fica também parcialmente explicado: a cinza impede a passagem do Black Smoke. Resta saber se pretendiam impedir o Smoke de entrar na cabana... ou de sair. Ben está em estado de choque.

O Black Smoke revela ao Ben o último pensamento do Locke antes da sua morte: "não compreendo". O monólogo do Smokey leva-nos a reflectir sobre a forma como o Locke foi o único a compreender o quão miserável era a sua vida fora da Ilha, sendo assim o único sobrevivente do voo 815 que não quis regressar. A grande ironia, diz ele, é que o único desejo do Smokey é precisamente aquilo que o John não queria: regressar a casa.

Ao sair da estátua, o Smokey dirige-se ao Richard: "é bom ver-te livre daquelas correntes". Aos Others, diz-lhes apenas que está muito desapontado.

Entretanto, Hurley lidera o grupo chegado de 1977 até à muralha que protege o Templo. Dentro da muralha, ouvem-se sussurros, anunciando a chegada dos Others. Estes sequestram-nos e levam-nos ao local mais bem guardado da Ilha: uma forma de zigurate rodeado por uma densa vegetação. É curioso que um local cheio de hieróglifos tenha na realidade uma arquitectura típica da Mesopotâmia. Os diferentes estilos arquitectónicos e as diversas culturas presentes na Ilha parecem indicar mais sobre os seus residentes ao longo do tempo, do que sobre a sua origem.

O grupo é levado à presença de Dogen, o Mestre do Templo japonês que, por não gostar da língua inglesa, se faz acompanhar do hippie Lennon como tradutor. Claro que o inconveniente é estarmos dependentes dessa mesma tradução.

Dogen: "Não era suposto virem aqui. Não posso perdoá-los depois de terem visto este lugar. Matem-nos!"
Lennon: "De certeza?... Matem-nos!"
[Um sincero agradecimento ao meu amigo Mário Freitas pela tradução!]

Hurley consegue evitar o extermínio informando que foram enviados pelo Jacob. A guitarra que este lhe dera, afinal não era uma guitarra, mas sim uma enorme ankh em madeira. Acho interessante que Dogen leve a mão ao símbolo que traz ao peito momentos antes de partir o símbolo de madeira enviado por Jacob. No seu interior, encontra-se uma lista com os nomes dos escolhidos. Os Others apressam-se, então, a levar Sayid para a fonte que é guardada no interior do Templo.

A água estava turva, algo que preocupa os Others. Possivelmente, um sinal da morte do Jacob? A água é incapaz de curar a ferida que Dogen provoca com um corte na mão, ele avisa o grupo que há riscos em levar o Sayid para a fonte, mas eles aceitam. O corpo de Sayid é mergulhado e, durante o tempo marcado por uma ampulheta, este recupera os sentidos e volta a perdê-los. No final, o seu corpo é trazido entre braços numa pose que lembra a figura de Jesus Cristo. Todos pensam que ele morreu excepto Miles, que o observa com curiosidade.

Em conversa com Dogen, Hurley revela que Jacob está morto, causando uma onda de pânico em todo o Templo. Os Others apressam-se a trancar todas as entradas, espalham cinza e lançam um foguete para alertar toda a Ilha. Na ausência do Jacob, os Others sentem-se desprotegidos em relação ao Black Smoke. Mais tarde, junto à fonte da vida, algo inesperado acontece: tal como Ben, em criança, Sayid foi salvo pela fonte da vida. Mas... a que custo?

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