Título original: Un prophète
Realização: Jacques Audiard
Argumento: Jacques Audiard e Thomas Bidegain
A cada filme de Audiard sinto-me longamente assombrado pelo seu trabalho.
A imperceptibilidade da sua dedicada composição das imagens é o inebriamento que prolonga o efeito dos seus filmes.
O revisionismo mental dos seus filmes é uma constante sempre enriquecida pela compreensão da subtileza que antes não parecia sequer estar ali.
A imperceptibilidade da sua dedicada composição das imagens é o inebriamento que prolonga o efeito dos seus filmes.
O revisionismo mental dos seus filmes é uma constante sempre enriquecida pela compreensão da subtileza que antes não parecia sequer estar ali.
No caso de Um Profeta trata-se de encontrarmos subitamente uma consciência de como, mais ainda do que as acções e as consequências que se seguem, a simples errância pelo quadro da imagem esconde sentidos para o que estamos a ver.
Como aqueles braços estendidos para além de serem a posição para que ele seja revistado são também o aspecto de quem está para ser cruxificado.
Como a desconhecida que lhe lava o sangue da camisa poderia ser uma mulher a lavar os pés a um profeta.
Como aquele sangue que lhe escorre da boca quando tudo se inicia poderia ser a chaga avisando os tormentos que o levarão à plenitude.
Como o seu solitário caminhar pela prisão parece iluminado dos céus.
Como aqueles braços estendidos para além de serem a posição para que ele seja revistado são também o aspecto de quem está para ser cruxificado.
Como a desconhecida que lhe lava o sangue da camisa poderia ser uma mulher a lavar os pés a um profeta.
Como aquele sangue que lhe escorre da boca quando tudo se inicia poderia ser a chaga avisando os tormentos que o levarão à plenitude.
Como o seu solitário caminhar pela prisão parece iluminado dos céus.
Um Profeta é uma extraordinária história sobre a construção de um império do crime a partir do nada, a lição de como se prepara uma rede de contactos sendo-se apenas um serviçal desconhecido, de como a balança altera o seu pendor por via da mera determinação.
Mas é isso e é, também, a história da conquista solitária de um homem que caso contrário viveria para sempre assombrado.
Um homem que vindo do nada e a nada aspirando que se vê obrigado a cometer um homicídio para sobreviver dentro da prisão e que a partir daí se vê incentivado a tudo conquistar.
Desse fantasma do seu primeiro acto brutal e a que foi forçado que ele terá de se livrar, limpando a consciência para que possa repetir, mas também livrando-se da influência para que ao repeti-lo seja por sua própria determinação.
Este é o relato da sua conquista do seu próprio povo, da sua construção de uma "Família" e da sua descoberta de um lar. Um homem a construir o seu lugar no mundo pela via do crime.
Mas é isso e é, também, a história da conquista solitária de um homem que caso contrário viveria para sempre assombrado.
Um homem que vindo do nada e a nada aspirando que se vê obrigado a cometer um homicídio para sobreviver dentro da prisão e que a partir daí se vê incentivado a tudo conquistar.
Desse fantasma do seu primeiro acto brutal e a que foi forçado que ele terá de se livrar, limpando a consciência para que possa repetir, mas também livrando-se da influência para que ao repeti-lo seja por sua própria determinação.
Este é o relato da sua conquista do seu próprio povo, da sua construção de uma "Família" e da sua descoberta de um lar. Um homem a construir o seu lugar no mundo pela via do crime.
Também Tahar Rahim é um verdadeiro profeta da interpretação.
Praticamente na sua estreia - e certamente na sua estreia como protagonista e com um papel de tal dimensão - Rahim consegue aquilo que muitos actores apenas vislumbrarão em toda uma vida de trabalho.
Ele está, vive, é a sua personagem quase sem esforço. Parece que abandonou o corpo ao recheio que o argumento criou para Malik El Djebena.
Rahim não precisa de mais filme algum para ser lembrado como um génio interpretativo.
Praticamente na sua estreia - e certamente na sua estreia como protagonista e com um papel de tal dimensão - Rahim consegue aquilo que muitos actores apenas vislumbrarão em toda uma vida de trabalho.
Ele está, vive, é a sua personagem quase sem esforço. Parece que abandonou o corpo ao recheio que o argumento criou para Malik El Djebena.
Rahim não precisa de mais filme algum para ser lembrado como um génio interpretativo.
Um Profeta é um filme que fica, que perdura, que mexe com toda a nossa veia cinéfila.
É um extraordinário esforço, a toda a prova, perene, estrondoso.
É bom o filme então? Quero muito ver!
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