sexta-feira, 19 de março de 2010

LOST: Recon (6.08)

Embora este episódio tenha servido principalmente para encerrar a primeira parte da temporada e preparar os eventos da segunda, presenteou-nos com uma inesperada história sobre James X nos flash-sideways. A sua vida é bastante diferente, mas continua perseguido pelo fantasma do Sawyer. Na realidade original, é levantado um novo mistério acerca dos passageiros do Ajira 316, enquanto Kate ganha cada vez mais protagonismo e se mostra um potencial elemento-chave para a batalha que se avizinha entre as forças do Jacob e Smoke.

Mundo Paralelo

A história dos flash-sideways começa com uma cena familiar. Após a primeira presença em grande destaque dos números nesta realidade, com o mostrador do relógio a indicar 8:42, descobrimos que James usa com Ava o mesmo truque da mala cheia de dinheiro que vemos em "The Long Con" (2.13) com a Cassidy.

Da mesma forma, Ava percebe que James está a tentar vigarizá-la, mas este revela que é na realidade um polícia e só pretende encontrar o marido dela. Ava acusa-o de ser um péssimo vigarista e ameaça-o com uma arma, o que o faz usar a palavra secreta: LaFleur. A polícia entra de rompante pelo quarto e detém Ava que lhe pergunta, espantada, se é um polícia.

Surprise!

James e Miles pertencem à LAPD e formam uma dupla. Um paralelo interessantíssimo com as suas versões na realidade original, em que trabalharam durante 3 anos como seguranças na Dharma Initiative. A química entre os dois personagens é excelente e será central para o desenrolar do episódio. Algo que não é abordado é se Miles mantém o poder de comunicar com os mortos e se utiliza isso a seu favor na investigação policial. A não ser que a dupla acabe por investigar a morte do Keamy, criando assim ligação à história do Sayid, este aspecto é algo que provavelmente não será explorado na série.

Miles revela ter uma namorada e prepara um arranjinho para o seu parceiro. Charlotte é uma amiga sua que trabalha no museu com Pierre Chang. Infelizmente, este personagem nunca aparece, o que permitiria saber (pelo estado do seu braço) se a história deste mundo realmente se manteve inalterada até à explosão da Jughead em 1977.

James encontra-se com Charlotte e revela-lhe que escolheu ser polícia num momento crucial da sua vida para o qual a única alternativa seria tornar-se um criminoso. Charlotte, por sua vez, revela que é arqueóloga e gosta de viajar para locais distantes e românticos. Será que ainda procura a Ilha? Esta personagem seria, certamente, ideal para a encontrar no fundo do oceano.

Naturalmente, o encontro termina na cama do James, para o visível agrado dos dois personagens. Charlotte quer vestir qualquer coisa e procura uma camisola, mas acaba por encontrar uma pasta com o nome "Sawyer" escrito, onde lê um conjunto de artigos sobre o passado do James. Este reage muito mal à descoberta e acaba por expulsá-la de sua casa a meio da noite.

No dia seguinte, cruza-se com o irmão do Charlie na esquadra antes de ser confrontado pelo Miles acerca da sua ida à Austrália. James recusa-se a contar a verdade e Miles quebra a parceria por não poder confiar nele. É aqui que James vê o seu reflexo no espelho – o ponto de viragem para o personagem. A sua frustração é libertada ao partir o espelho, e a imagem formada é uma excelente metáfora para o homem que ficou desfeito após a morte de Juliet, na outra realidade.

Nessa noite, a reposição de um episódio de "Uma Casa na Pradaria" é o catalizador para James procurar Charlotte e pedir desculpa pela sua reacção. Para o efeito, leva um girassol – lembrando-nos da flor que oferece à Juliet na outra realidade. Charlotte, no entanto, é implacável e diz que James estragou tudo e não vai ser um girassol triste a fazê-la mudar de ideias.

Embora a tentativa de se redimir  com Charlotte tenha falhado, James decide reconciliar-se com Miles e revela-lhe a sua história, mostrando o arquivo que guarda sobre o Sawyer. A história da sua infância é idêntica à da realidade original mas, possivelmente, não apareceu um Jacob que lhe desse uma caneta para terminar a sua carta, como em "The Incident". Será este um mundo sem Jacob? Tendo James nascido em 1968, a perda dos seus pais aos 9 anos de idade é coincidente com o ano de 1977 em que a Jughead foi detonada. James segue agora a pista de Anthony Cooper, um dos vários nomes usados pelo Sawyer, pai de John Locke. Ao fazer esta revelação, conta com Miles para o demover de assassinar o homem que persegue.

Nesse momento, os destinos de James e Kate voltam a colidir quando este a consegue apanhar após uma perseguição. Tendo em conta que é um polícia, é estranho que tenha ajudado Kate no aeroporto, mesmo tendo reparado nas algemas. Por outro lado, isso pode ter sido um sinal que sentiu por ela uma estranha empatia, idêntica à que vemos, por exemplo, entre Jack e Desmond. Os destinos dos personagens nesta realidade estão cada vez mais ligados. Será este um sinal de que o Universo está a tentar corrigir o seu curso, ou simplesmente uma série de coincidências. Esta pergunta permanece desde o primeiro episódio da temporada e poderá mesmo só ser respondida no final...

Mundo Original

A história da Ilha começa com um ponto negativo das duas últimas temporadas. James e Jin encontram-se na cabana da Claire e discutem as intenções de abandonar a Ilha, em que Jin faz questão de ficar até encontrar a Sun. O reencontro do casal como motivação para os personagens está a tornar-se gasto e um motivo de frustração para os espectadores, sendo cada vez mais urgente uma resolução. Jin e Sun parecem incapazes de tomar uma atitude e demasiado dependentes dos planos do Smoke e da Ilana, respectivamente.

O grupo do Smoke fica completo quando se juntam a James e Jin, o que se revela uma surpresa para a Kate. James diz-lhe que não está com ninguém, ecoando o seu lado "Sawyer" que dizia não estar do lado de ninguém além de si próprio. Kate segue Claire ao interior da cabana, onde se depara com o perturbador bebé-esquilo. Kate está visivelmente desconfortável com o grupo, principalmente com o seu líder. Quando Smoke explica que o monstro matou todos os que ficaram no Templo, as crianças ficam bastante afectadas e tenta confortá-los — ao mesmo tempo, vemos Claire dar a mão à Kate.

Smoke não gosta de ver a sua autoridade desafiada. Quando dá instruções ao grupo e é interrompido por James, convida-o a uma conversa em privado, onde este lhe pede desculpa com um certo sarcasmo. Ainda assim, a resposta do Smoke é de uma posição autoritária: "eu perdoo-te". De seguida, revela-lhe ser o monstro e afirma que só matou todos os que ficaram no Templo para que estes não o matassem.

Smoke envia James numa missão à ilha Hydra, onde estão os restantes "sobreviventes" do voo Ajira, para que se infiltre de forma semelhante à que Ethan e Goodwin foram enviados por Ben quando o Oceanic 815 se despenhou. O propósito desta missão é confuso, por ser uma ordem idêntica ao modo de agir dos Others e, consequentemente, dos que estão do lado do Jacob. Por outro lado, tendo em conta o estado em que James irá encontrar o grupo, será seguro assumir que o Black Smoke não estava a par dos acontecimentos, mesmo depois de o termos visto (no final da quinta temporada) dizer ao Richard que era preciso "tratar" deles?

James encontra todos os corpos dos passageiros do Ajira 316 amontoados, sem uma causa aparente para a sua morte. Do meio da floresta, surge uma mulher que afirma chamar-se Zoe e ser a única sobrevivente. A história que ela conta é credível, mas torna-se bastante inquisitiva e James percebe que está a ser enganado. Ao enfrentar Zoe, faz com que ela chame os seus companheiros e pede-lhes para que o levem ao seu líder.

Entretanto, Kate encontra Sayid a divagar e pergunta-lhe está bem, ao que este responde que não, com a maior das naturalidades, quando Claire salta para cima de Kate e a tenta matar com uma faca. Sayid nada faz por ajudar Kate e é o Smoke que chega para as afastar. Smoke repreende Claire com uma forte chapada, dizendo que o seu comportamento foi completamente inapropriado. Kate está chocada com a situação e isola-se do grupo.

Smoke vai ao seu encontro e pede desculpa pelo comportamento da Claire, dizendo que lhe deu algo que odiasse para a motivar. Tal como Dogen tinha explicado ao Jack, a infecção funciona como umas trevas que se apoderam do coração da pessoa. Assim sendo, as emoções negativas tiveram melhor resultado para manipular a Claire, cuja mente tem agora dificuldade em distinguir entre o bem e o mal. Smoke parece preocupado com o facto de Kate se estar a sentir mal com toda a situação e estende-lhe a mão. Embora recuse a ajuda, Kate acompanha-o.

Junto ao mar, Smoke explica à Kate a missão que deu ao James e que não está preocupado com ele. Num momento estranho vindo do Smoke, mas com o objectivo claro de se humanizar perante a Kate e tentar criar alguma empatia, revela-lhe que teve uma mãe louca e isso teve consequências irreversíveis. Ao dizer que a mãe de Aaron também enlouqueceu, tenta apelar ao lado maternal da Kate. Resta saber se isso terá um impacto mais forte na personagem do que toda a desconfiança que sente pelo grupo.

Na ilha Hydra, James é levado por Zoe e os companheiros ao submarino de Charles Widmore. Pelo caminho, repara que estes estão a montar uma vedação sonora idêntica à criada pela Dharma e que impede a passagem do Black Smoke. Já no submarino, encontra uma porta fechada a cadeado e interroga-se sobre o que possa estar no interior – o que despoletou uma grande troca de teorias entre os fãs, sendo a mais popular que o Desmond tenha sido levado à força para a Ilha, por algum motivo. Já Eloise Hawking lhe tinha dito que a sua história com a Ilha não tinha acabado, e esta seria provavelmente a única forma de o fazer regressar.

James encontra-se com Widmore e faz questão de mostrar que já conhece a sua reputação. Widmore afirma que não é responsável pela morte dos passageiros do Ajira, algo credível tendo em conta que o submarino tinha acabado de chegar e os seus homens ainda estavam a preparar as defesas do terreno. O que realmente aconteceu àquelas pessoas é um mistério para o qual nenhuma teoria parece bater certo. James propõe-lhe trazer o Smoke até à ilha para que Widmore o possa matar, o que o faz esboçar um sorriso. Em troca, exige sair da Ilha juntamente com o grupo de pessoas que estão consigo. Charles aceita o acordo, o que levanta novas questões acerca das suas intenções. Depois de Jacob ter mostrado interesse na sua chegada, agora Charles mostra interesse em matar o Smoke, apesar do seu desagrado em relação à autoridade do Jacob. Iremos acabar por ver Ben e Widmore, velhos adversários, lutar lado a lado contra um inimigo comum?

Numa cena muito bem conseguida, Claire aborda Kate para lhe pedir desculpa e abraça-a. No entanto, a sensação de desconfiança é tal que faz o espectador esperar uma atitude violenta de Claire a qualquer momento. De regresso à Ilha, James revela ao Smoke que todos os passageiros da Ajira estão mortos, não causando uma grande impressão de surpresa. De seguida, revela a sua conversa com Widmore e um plano para o enfrentar. Qualquer que seja o vencedor, James tem algo a ganhar – um acordo garantido que lhe permitirá abandonar a Ilha.

2 comentários:

  1. Não é por nada mas este artigo está mais cativante que o próprio episódio.

    Sinceramente, adoro Lost mas contava com mais avanços neste última temporada.
    Há muita informação nesta temporada para satisfazer questões que antes existiam mas tudo tem sido entrege de uma maneira desarmante e como é habitual na série, as situações criam novas questões. Eu não queria novas questões, queria era ver tudo a encaixar melhor.
    Os recentes episódios têm sido de nem aquece e nem arrefece.

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  2. Muito obrigado pelo elogio!

    Pessoalmente, achei o "Dr. Linus" um episódio brilhante e este "Recon" um episódio ao nível normal da série. Tanto um como outro serviram para preparar os dois grupos para eventos futuros, focados especialmente nas motivações do Ben e da Kate. É uma narrativa que funciona bem, fazer-nos pensar quem matou os passageiros do Ajira antes de introduzir um novo elemento que tenha sido responsável pelo evento (duvido que tenha sido o Widmore ou o Smoke).

    Por outro lado, há alguns casos que geram frustração: um exemplo é de que lado estará o Widmore, qual a sua motivação... de qualquer forma, no próximo episódio, espera-se uma grande descarga de mitologia. Aí sim, vamos ver até que ponto as expectativas dos espectadores serão correspondidas. Penso que está em jogo a satisfação dos fãs, no próximo episódio... e espero que surpreenda!

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