Realização: Jeff Beesley
Argumento: Stephen King e Richard Dooling
No Fantasporto 2010, este filme teve direito a duas exibições. Não necessariamente pela qualidade do filme, mas apenas porque era suposto o realizador estava presente e devido a um impedimento não o conseguiu. Antes da sua segunda exibição, o realizador Jeff Beesley esteve presente e confirmou o seu empolgamento perante esta adaptação ao cinema de uma obra que lhe era muito querida, da autoria de Stephen King e ainda pediu, de uma forma muito humilde, que no final o espectador não tivesse receio de se dirigir a ele e dizer de sua justiça. De facto e se nos tivéssemos dirigido a ele, teríamos dito que Dolan's Cadillac não é uma grande obra. Mas não tão fraca como poderia ser e em confronto com inúmeras obras de Stephen King - um dos escritores mais activos de sempre - adaptadas ao cinema nos últimos anos, consegue destacar-se.
Uma das coisas que não podemos evitar apontar o dedo tem que ver com o título atribuído pela distribuidora portuguesa. O título original Dolan's Cadillac virou Morte no Deserto, o que acaba por revelar uma grande falta de respeito pelo espectador, dado o spoiler que de imediato nos é atirado aos olhos. Mas no que diz respeito à obra em si, foi publicada na colectânea de contos Nightmares & Dreamscapes e tem muito potencial no que diz respeito à temática da vingança. Infelizmente, não conseguiu explorar essa vertente de forma competente.
Uma das coisas que não podemos evitar apontar o dedo tem que ver com o título atribuído pela distribuidora portuguesa. O título original Dolan's Cadillac virou Morte no Deserto, o que acaba por revelar uma grande falta de respeito pelo espectador, dado o spoiler que de imediato nos é atirado aos olhos. Mas no que diz respeito à obra em si, foi publicada na colectânea de contos Nightmares & Dreamscapes e tem muito potencial no que diz respeito à temática da vingança. Infelizmente, não conseguiu explorar essa vertente de forma competente.
A começar pela realização de Jeff Beesley, desinspirada, extremamente banal e reveladora de um vasto currículo de experiência na TV. Isto faz com que o filme perca interesse e se assemelhe a um telefilme - experiência que o espectador de cinema não aprecia. É esse método de filmagem que faz com que Dolan's Cadillac perca verdadeiros momentos de tensão e de acção como poderíamos ter. E por conseguinte, em dados momentos, o filme torna-se aborrecido.
Outro dos seus maiores problemas é o argumento adaptado por Richard Dooling, que perde e muito na construção das personagens. Dada a temática, o que poderíamos ter aqui era um interessante jogo entre a falta de escrúpulos versus as constantes tomadas de consciência do ganster Dolan ou ainda a transformação de um homem revoltado pela morte da sua mulher e que se quer vingar a todo o custo. O que acabamos por encontrar é uma versão bastante fraca disso, muito linear e básica.
Ou ainda a péssima interpretação dos actores. Christian Slater tem algum carisma e talento, mas revela-se algo perdido na sua personagem, nem sempre conseguindo transmitir as sensações adequadas, muito por culpa do argumento. Mas o grande erro de casting, sem qualquer sombra de dúvida, é Wes Bentley. Incapaz de transmitir sentimento de luto, comoção e raiva: o essencial para fazer o espectador sentir que a personagem Robinson inicia um processo de vingança pela morte cruel da sua esposa. Nada no seu aspecto físico - mantém o mesmo ar clean de início ao fim - ou na sua expressão corporal ou facial expressam aquilo que era mais importante em todo o filme: a vendetta.
Contudo nem tudo no filme é mau. De facto, Dolan's Cadillac assemelha-se a uma sessão da tarde de um qualquer canal televisivo e resulta como entretenimento fácil. Consegue ainda revelar o seu potencial na fase final, numa cena que parecia dificílima de adaptar ao cinema, mas que no fim de contas concretiza aquilo que o espectador mais esperava. É também esse cenário de deserto, com fotografia da autoria de Gerald Packer que acaba por ajudar a sentirmos algum interesse no filme. A vingança só aqui a sentimos e é pena: a história tinha potencial para mais.
Outro dos seus maiores problemas é o argumento adaptado por Richard Dooling, que perde e muito na construção das personagens. Dada a temática, o que poderíamos ter aqui era um interessante jogo entre a falta de escrúpulos versus as constantes tomadas de consciência do ganster Dolan ou ainda a transformação de um homem revoltado pela morte da sua mulher e que se quer vingar a todo o custo. O que acabamos por encontrar é uma versão bastante fraca disso, muito linear e básica.
Ou ainda a péssima interpretação dos actores. Christian Slater tem algum carisma e talento, mas revela-se algo perdido na sua personagem, nem sempre conseguindo transmitir as sensações adequadas, muito por culpa do argumento. Mas o grande erro de casting, sem qualquer sombra de dúvida, é Wes Bentley. Incapaz de transmitir sentimento de luto, comoção e raiva: o essencial para fazer o espectador sentir que a personagem Robinson inicia um processo de vingança pela morte cruel da sua esposa. Nada no seu aspecto físico - mantém o mesmo ar clean de início ao fim - ou na sua expressão corporal ou facial expressam aquilo que era mais importante em todo o filme: a vendetta.
Contudo nem tudo no filme é mau. De facto, Dolan's Cadillac assemelha-se a uma sessão da tarde de um qualquer canal televisivo e resulta como entretenimento fácil. Consegue ainda revelar o seu potencial na fase final, numa cena que parecia dificílima de adaptar ao cinema, mas que no fim de contas concretiza aquilo que o espectador mais esperava. É também esse cenário de deserto, com fotografia da autoria de Gerald Packer que acaba por ajudar a sentirmos algum interesse no filme. A vingança só aqui a sentimos e é pena: a história tinha potencial para mais.
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