quarta-feira, 12 de maio de 2010

The Answer Man - Eu e Deus, por Carlos Antunes


Título original: Arlen Faber
Realização: John Hindman
Argumento: John Hindman
Elenco: Jeff Daniels e Lauren Graham

Parece bizarro que o homem que capturou 10% do mercado da literatura espiritual durante 20 anos seja um homem sem a capacidade de se relacionar com Deus. Ou com qualquer pessoa, já agora.
O homem que inspirou milhões com as respostas do seu livro quer uma resposta própria que nunca chega.
Isto até ao dia em que o seu físico - mais propriamente as suas costas - dá de si e ele tem de recorrer a uma especialista que é, ele sabe logo, a resposta que esperou desde sempre: o amor.


A partir deste ponto o filme segue o percurso normal de uma comédia romântica, passo após passo, tentando apenas temperar tudo com uma (pequena) irreverência a que somos obrigados a chamar indie.
Da irreverência ao condicionamento vai, no entanto, um passo, pois aquilo que começa por ser um pressuposto de desafio passa a ser uma velada forma de redenção das "respostas divinas" capazes de mudarem o rumo das vidas dos que as ouvem, mesmo que elas sejam falsas ou dadas com desagrado.


O filme é um feel good com inspiração para dar e vender, apenas querendo fazê-lo deixando a ideia de que está a contestar essa ideia.
Vai por isso acrescendo camada a camada de história um pouco no limite do forçado, apenas para poder justificar os diálogos que servem para sensibilizar o público, sem que a eles seja preciso associar uma história capaz.
O pormenor mais interessante vem do facto do protagonista ter uma inusitada intuição no que respeita às crianças quando o resto das pessoas apenas o deixam irritado. Pormenor, no entanto, pois não passa de dois momentos colocados a jeito para duas tiradas, em nada contribuindo para alterar o desfecho feliz ou o percurso atribulado até lá. E, muito menos, para dar profundidade ao protagonista.


Com estes defeitos, os actores, mesmo com química e com o seu habitual talento, não conseguem agarrar o espectador a um filme que ficava bem entre os títulos de auto-ajuda que pretendia usar como artifício de comédia.
De boas intenções se enche um filme que deveria ter todo o descaramento de se bater contra tais boas intenções.



1 comentário:

  1. A crítica é ainda mais sem sentido do que o filme! Um texto incrivelmente atrapalhado!

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