sábado, 15 de maio de 2010

Mother - Uma Força Única, por Tiago Ramos



Título original:
Madeo (2009)
Realização: Joon-ho Bong
Argumento: Joon-ho Bong e Eun-kyo Park
Elenco: Hye-ja Kim, Bin Won, Ku Jin e Yoon Jae-Moon

Joon-ho Bong surpreendeu a primeira vez em 2003, com o thriller Memories of Murder, mas foi com o blockbuster asiático The Host, que o realizador sul-coreano se confirmou como um dos grandes cineastas asiáticos actuais. E de novo, o realizador surpreende num drama familiar com contornos de thriller e suspense.



Candidato sul-coreano aos Óscares 2010, o filme não chegou aos nomeados, apesar da habitual predilecção da Academia por filmes asiáticos. E na verdade, Mother tinha material suficiente para tal. Mais que um simples filme de terror ou de suspense, existe emoção em cada cena que Joon-ho Bong filma, com um prodígio invulgar. E se de início, o filme desperta no espectador um sentimento cómico, na verdade, facilmente nos apercebemos que onde encontramos comicidade pelo caricato da situação, existe no fim de contas, o desespero de uma mãe. Embora o tema pudesse acabar por ser mal explorado - até onde iria o amor de uma mãe por um filho? - acabamos por encontrar um argumento que mesmo trabalhando com lugares comuns, consegue fugir deles.

Não há novidade no tema, mas existe alguma complexidade na forma como é tratado. A causa principal de muitos dos problemas do protagonista Yoon Do-joon, além de aparentar ser limitado a nível intelectual ou excessivamente ingénuo, parece ser o sufoco maternal. Mas na verdade, o espectador não consegue criticar essa castração emocional, dado que também funciona como protecção para si próprio. O Amor é também uma força destruidora e isso é irrepreensivelmente retratado no argumento de Mother.



A actriz Hye-ja Kim dá uma lição de interpretação a cada cena que protagoniza. Cada expressão e acção dão o mote para que a história assume uma intensidade notável, tal como seria desejável. Um fascínio pelo seu desempenho, mas sobretudo um questionamento do papel materno. Já Bin Won tem um papel, que não sendo extraordinário, consegue ser credível.

É sobretudo o realizador Joon-ho Bong que brilha. Consegue imprimir horror durante toda a trama, sem ser demasiado espalhafatoso, criando um thriller labiríntico, evocando Hitchcock ou Agatha Christie. Sem excessos, é a natureza humana que é explorada a cada instante. O filme, esse, termina da mesma forma como começou. Com a dança. Mas se no início damos de caras com uma atmosfera idílica, mas desesperante, no final, encontramos um clima quente e esteticamente perfeito (assim como todo o filme).



Porque Mother - Uma Força Única é uma viagem. Uma viagem em busca daquele ponto que, no fim de contas, apaga todos os vestígios da dor.

Classificação:

2 comentários:

  1. Também gostei bastante deste filme... O pormenor das danças é fenomenal!

    No entanto, o maior destaque vai claramente para a soberba interpretação de Hye-ja Kim e para a minuciosa direcção de Joon-ho Bong (fiquei com vontade de conhecer a sua restante obra).

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