Título original: The Maiden Heist (2009)
Realização: Peter Hewitt
Argumento: Michael LeSieur
Elenco: Christopher Walken, Marcia Gay Harden, Morgan Freeman e William H. Macy
O mais interessante em Golpe de Artistas, versão de baixo custo de Ocean’s Eleven (2001), é precisamente o amor à arte que os protagonistas transparecem desde o início do filme. Há cerca de 30 anos que esse amor do trio de protagonistas se concentra na protecção das obras de um museu em Boston, cada um com a sua, conhecendo-a ao ínfimo pormenor e devotando-lhe uma (exacerbada) afeição e dedicação. Até que um novo curador chega e a exposição terá de mudar definitivamente de lugar.
Se o ponto de partida deste Golpe de Artistas parece duvidoso, não deixa de ser um divertido mote para uma boa comédia. Um mote infelizmente mal aproveitado pelo argumento de Michael LeSieur (You, Me and Dupree) e que facilmente explicar porque razão o filme não estreou nas salas de cinema norte-americanas e foi directamente remetido para DVD - além dos problemas económicos da produtora. É uma história que deixa a cargo do elenco de (excelentes) actores todo o suporte do filme. E não deixa de ser lamentável assistir a isso: não porque os actores não o consigam, mas porque o subaproveitamento da história é demasiado flagrante.
No entanto, nem tudo é mau. Mesmo que a realização seja demasiado segura e pouco arriscada, na verdade Peter Hewitt (Garfield) consegue, aqui e ali, utilizar alguns truques bastante originais, tais como alguns planos ou uma genial sequência de animação stop-motion com três peças de xadrez. É um dos pontos altos do filme, a par da intenção de assemelhar este Golpe de Artistas a um heist movie e algumas referências às comédias dos anos 50 da produtora Ealing, um dos berços da comédia inglesa.
Mas na verdade nada disto assim o seria se não fossem as competentes e divertidas interpretações dos quatro protagonistas. Quatro actores de excelência que em dada altura nos situa numa espécie de comédia de costumes: um fantástico Christopher Walken (The Deer Hunter) que arranca sorrisos nem que seja pela sua postura entre homem dividido pelo amor à arte e à sua esposa; esposa essa que espelha charme devido à prestação de Marcia Gay Harden (Pollock), mesmo dentro de todo o exagero da personagem; um incrivelmente sensível e caricato Morgan Freeman (Million Dollar Baby) e uma ambiguidade divertida por William H. Macy (Fargo). Quatro actores da velha guarda, oscarizados - excepto este último que "apenas" recebeu uma nomeação - que respiram energia e irreverência num argumento aparentemente condenado.
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