Título original: Lucky Luke
Realização: James Huth
Argumento: James Huth e René Goscinny
Senti-me traído quando Lucky Luke abriu com uma dramatização da origem do nome do herói. Vários insultos me atravessaram a cabeça e só não abandonei a sala por respeito ao acto de ali estar.
De certa forma, ainda bem que não o fiz, pois há algo a descobrir nesta versão do cowboy de Morris.
Se a sua graça não é tão acentuada como nos álbuns, ele guarda em si duas vertentes do western que são importantíssimas.
A primeira, a do western spaghetti, uma versão aligeirada obviamente, mas com o mesmo sentido de composição e imaginário.
A segunda, a do western em declínio, o do fim dos mitos, de um lúgubre olhar sobre si próprio.
O filme vagueia entre os dois indo conseguindo combiná-los à medida que entre eles avança.
Se a sua graça não é tão acentuada como nos álbuns, ele guarda em si duas vertentes do western que são importantíssimas.
A primeira, a do western spaghetti, uma versão aligeirada obviamente, mas com o mesmo sentido de composição e imaginário.
A segunda, a do western em declínio, o do fim dos mitos, de um lúgubre olhar sobre si próprio.
O filme vagueia entre os dois indo conseguindo combiná-los à medida que entre eles avança.
Não quero com isto dizer que este Lucky Luke esteja completamente desenraizado da sua origem. Basta olhar os cenários - sobretudo o imaginativo salão de Pat Poker - para perceber que há um estilo a evocar a BD.
Sobram espaços para o humor que vem dos pais da personagem, um humor que surge quase sempre a tempo de salvaguardar a memória e a ligação ao herói desenhado.
Mas o filme marcou a sua distância à origem. Se tivesse sido uma adaptação pura e simples poderia facilmente ser uma versão "em movimento" das pranchas, enquanto que assim é algo que, para o bem e para o mal, assume a sua existência a partir de uma matriz mas com alguma autonomia.
Sobram espaços para o humor que vem dos pais da personagem, um humor que surge quase sempre a tempo de salvaguardar a memória e a ligação ao herói desenhado.
Mas o filme marcou a sua distância à origem. Se tivesse sido uma adaptação pura e simples poderia facilmente ser uma versão "em movimento" das pranchas, enquanto que assim é algo que, para o bem e para o mal, assume a sua existência a partir de uma matriz mas com alguma autonomia.
Este não é o Lucky Luke que lemos durante boa parte da nossa vida. Os puristas irão queixar-se (e com razão) por o filme ter aproveitado o nome e o aspecto de uma grande personagem de ficção para conseguir algum público.
Mas o filme tem personalidade e consistência na sua amálgama, uma revisão de todo o western com o divertimento como intuito.
Há nisso uma certa justeza para com o espírito de Lucky Luke, afinal de contas.
Mas o filme tem personalidade e consistência na sua amálgama, uma revisão de todo o western com o divertimento como intuito.
Há nisso uma certa justeza para com o espírito de Lucky Luke, afinal de contas.
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