domingo, 5 de dezembro de 2010

A Tempo e Horas, por Carlos Antunes


Título original: Due Date
Realização: Todd Phillips

Due Date está repleto do mesmo género de humor alarve e desgovernado de The Hangover mas não tem nem metade da graça.
Fosse ou não impossível comparar-se ao efeito surpresa de The Hangover, o filme tem vários problemas que o empurram para este derrotista efeito de comparação.


O mais importante será a dinâmica do próprio humor que se justifica no interior de um grupo com um passado já assente mas que precisa de outro tipo de abordagem quando duas personalidades antagónicas que têm de viajar juntas por um prazo limitado.
Duas personalidades que se repelem profundamente e que, por caminhos tortuosos acabam por chegar a um ponto de apreço mútuo.
Essas personalidades devem pertencer às margens da humanidade, ambas repletas de defeitos distintivos e de qualidades discretas.
Devem ser personagens difíceis de gostar mas para com as quais possamos sentir uma certa compaixão distanciada e irónica.


Mas tanto Peter como Ethan são personagens demasiado exagerados para que nos relacionemos com eles.
Tanto que, no final, Peter não parece ter deixado de ser arrogante e bruto nas relações, nem Ethan parece ter deixado de ser irritante e socialmente inapto. É possível que tenham aprendido a tolerar-se, mas nenhum deles se transformou, de facto.
O trabalho dos actores, não sendo desadequado ao que têm de fazer, também não é interessante, não parece acrescentar nenhuma nuance aos personagens.


Passam por eles vários personagens secundários que deveriam servir propósitos para o par central.
Para servirem esse propósito deveriam ser mais significativas. Não passam de caricaturas, piadas casuais que acontecem aos viajantes.
O esquema é como o de The Hangover, obviamente, mas lá interessava a dinâmica de grupo e como esta resistia ao exterior.
Aqui interessava como as circunstâncias externas modificam os viajantes e a sua relação.


Se falta falar sobre o humor é porque a parte mais eficaz dele está toda no trailer. Sente-se pouco mais do que um humor esparso e juvenil, tonto no contexto particular desta história.
A culpa da falta de graça deste filme não é, afinal, da comparação com The Hangover, é mesmo da sua pobreza geral. Serão muitos os desapontados em busca de uma versão 1.5 do sucesso de Todd Phillips e outros tantos os desconfiados com o que poderá vir da verdadeira sequela desse filme.


1 comentário: