sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Review: Os Pilares da Terra

Começo a crítica por dizer que não li o livro que deu origem a Os Pilares da Terra (ou no caso de Portugal, os livros). Portanto questões como a adaptação dos factos que ocorrem no livro e caracterização de personagens passam-me ao lado, uma vez que não conheço as originais. Esta crítica dirige-se apenas à série como isso mesmo, uma série.


A primeira coisa que tenho a referir sobre a série é: quem é que autorizou aquele genérico? Normalmente querem-se genéricos que façam pequenas alusões à série. Certo. Não se quer que os espectadores saibam antes do tempo aquilo que vai acontecer por causa do resumo da história toda que o genérico faz e foi exactamente isso que me aconteceu. Sem nunca ter ouvido nada sobre a história soube em vários momentos o desfecho que algo ia ter. Por isso se tencionarem ver a série aconselho a que olhem para o lado quando for a altura do genérico, escusam de ver os melhores momentos estragados antecipadamente.

Um facto interessante é a opção feita a nível de caracterização de personagens, que faz um pouco lembrar os filmes de animação, onde as personagens mal intencionadas têm cara disso e os bons têm cara de bons. O uso da maquilhagem na personagem Lady Regan Hamleigh é um desses exemplos em que a aparência é claramente um espelho da índole da personagem. E a verdade é que, em termos de "rejuvenescimento" de actores, a equipa de caracterização conseguiu efeitos espantosos, mas no envelhecimento (especialmente de Philip) deixou muito a desejar. Esqueçam a coerência histórica no uso dessa caracterização, há muito que as produções deste calibre decidiram que se alguém quiser aprender história pode ir ler sobre ela pois não será ali que irão aprender, ali importam-se com a estética e impressionar o espectador.


O grande ponto a favor desta mini-série é o elenco. Aliás, por ser tão variado e consistentemente bom serei sempre injusta ao nomear algumas participações, mas a verdade é que existem algumas que merecem destaque. Ian McShane (Waleran) e Sarah Parish (Regan Hamleigh) tiveram de certo modo o trabalho facilitado, uma vez que as suas personagens já são tão facilmente detestáveis, mas a verdade é que conseguiram dar o seu cunho à personagem que lhes coube e mantê-la interessante (e sejamos honestos, não há nada pior do que vilões pouco detestáveis). Matthew MacFadyen (Philip) e Eddie Redmayne (Jack Jackson) tinham o papel oposto, o de personagem com um lado maioritariamente bom e que facilmente se torna aborrecida se o actor não a souber controlar. Mais uma vez mostraram o seu talento, tornando-as interessantes e até odiáveis em determinados pontos da história. Outro grande destaque vai para Sam Claflin (Richard) pela progressão enorme denotada na sua personagem, o que apenas mostra o quão versátil consegue ser como actor mesmo sendo um estreante.


Vamos então àquilo que realmente importa, o argumento, e foi exactamente aqui que a série deitou tudo a perder. Não sei se o problema foi de tentar adaptar todos os acontecimentos importantes num espaço curto (afinal 8h nem é assim tanto tempo para a adaptação de uma obra complexa) ou se o problema virá já de raiz, ou seja, do livro. A verdade é que o argumento não é interessante, não nos prende ao ecrã a desesperar por mais. Na verdade, se a dada altura largássemos a série e a retomássemos alguns meses depois, a diferença não seria muita. Considerando o número de pessoas que ficaram fascinadas com o livro original, esperava mais da história além de uma série de clichês de época mais ou menos bem encaixados numa trama que gira à volta da construção de uma catedral durante uma guerra de sucessão.

14 comentários:

  1. O livro é bom e tem momentos que prende de uma maneira incrível (ao ponto de ler durante 6h seguidas). A série... Bem, a série incomoda por ser estúpida a adaptação do argumento é simplesmente fraca. Desisti de ver ao final do segundo episódio.

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  2. Para quem anda a ler o 2º volume e simultâneamente a ver a série no AXN, posso te dizer que o problema foi condensar a obra em 8 horas. Mas, focaste outro ponto interessante: o argumento não é feito, livro e TV, para ser viciante.
    Agora, como é que o livro fascinou tantos? São uma sucessão de episódios, bem contados, da perspectiva dos vários personagens, bons e maus, que têm um efeito dominó e que afecta várias classes sociais: realeza, clero, povo... É muito bom de se ler sem ser realmente um "page turner".
    Até agora a série está a ser fiel mas é pena terem condensado tudo em 8 horas, porque não temos as reflexões, as dúvidas e ansiedades que cada personagem vive.

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  3. Bem, então parece mesmo que não souberam adaptar a série... é uma pena, porque poderia ter saído dali algo interessante, especialmente tendo em conta o elenco.

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  4. Pois, se calhar é isso que falta à série: ligação às personagens, a história contada da perspectiva delas e os seus pensamentos sobre os vários assuntos. Uma pessoa gosta/odeia as personagens, mas não passa disso, e eu para gostar de ver algo preciso de sofrer com elas, alegrar-me com elas... Provavelmente acabaste de me explicar porque não consegui gostar da série.

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  5. A caracterização está mesmo mal feita. Como é que Ellen naquela época anda sempre maquilhada como se fosse à noite dos Óscares e faz a depilação às pernas e tudo? Já deviam ter tecnologia laser...
    Quanto ao resto da história está... normal. É o descrito: Os maus são maus, os bons são bons e, parecendo que está tudo muito mal, o bem haverá de vencer sobre o mal. Boring.

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  6. A caracterização está mesmo mal feita. Como é que Ellen naquela época anda sempre maquilhada como se fosse à noite dos Óscares e faz a depilação às pernas e tudo? Já deviam ter tecnologia laser...
    Quanto ao resto da história está... normal. É o descrito: Os maus são maus, os bons são bons e, parecendo que está tudo muito mal, o bem haverá de vencer sobre o mal. Boring.

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  7. Lá está, eles há muito que deixaram de se preocupar com esse tipo de questões de coerência histórica, simplesmente não querem saber... parece que deixaram de se esforçar.

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  8. Confesso que não estava com grandes expectativas e agora ainda menos impressionado fiquei. Também não tenho o "urge" por ter lido os livros, já que, de facto, não os li ahah.

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  9. não concordo em nada com esta critica, sinceramente lê o livro, a serie não nos prende ao encrã mas que absurdo... enfim

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  10. Sim, planeio um dia destes ler os livros, mas em relação à série não me farão mudar de opinião, posso é desenvolver o gosto por eles.

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  11. Eu vi por curiosidade e porque gosto de séries históricas, mas há bem melhor que isto.

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  12. Para criticar todos sabem....faziam melhor não ... a serie está um espectaculo....e para quem é muito sabido em filmagens... façam um favor vao ver banda desenhada.. este tipo de filme não é para vocês....

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  13. Nem mais Rosa, criticar todos sabem :)

    Direito a opinião é uma coisa muito bonita, se não o sabe respeitar este tipo de blogue não é para si porque eventualmente vai sempre encontrar opiniões que lhe são desfavoráveis.

    E não, eu não sou muito sabida em filmagens, aliás, as únicas câmaras em que alguma vez peguei foram daquelas para fazer home made videos e nem eram minhas.

    E não diga isso da banda desenhada que assim de repente até a faz parecer um género menor e olhe que vai chatear muita gente se o fizer e depois ainda a mandam ler "O Segredo".

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  14. Eu adorei a série, e sinceramente apesar de ser baseada no livro de Ken Follet é óbvio que a adaptação não iria ficar perfeita. Devemos saber diferenciar os livros da minissérie até porque são duas artes completamente diferentes, a obra televisiva é baseada no livro e não uma CÓPIA cinematográfica do livro.

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