sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo, por Carlos Antunes


Título original: Scott Pilgrim vs. the World
Realização: Edgar Wright
Argumento: Edgar Wright, Michael Bacall e Bryan Lee O'Malley
Elenco: Michael Cera, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons, Ellen Wong, Kieran Culkin e Anna Kendrick

Scott Pilgrim vs. the World é o retrato da vivência adolescente a partir do seu próprio imaginário.
As batalhas emocionais tornadas batalhas físicas: as conquistas passam a ser vitórias, as rejeições passam a ser derrotas.


Passando essa ideia de um meio a outro com mais componentes, o filme incorpora as referências do imaginário juvenil em todas as suas formas, acrescentando mais-valias à compreensão sensorial do filme.
Som, formato ou aspecto, todos estes elementos se integram para dar evidência de como um adolescente traduz a sua própria vida de forma a torná-la entendível, mas igualmente para tornarem o filme numa expressão da cultura pop actual.


Sitcom, banda desenhada, selecção musical no iPod, videjogos. Elementos que se tornam parte do filme, parte da forma narrativa e visual do filme, que o transformam e o tornam num objecto que intersecta meios de expressão.
Assim é o entendimento do mundo a partir do qual vem Scott Pilgrim, um mundo cada vez mais tomado pelos gostos dos geeks e pela falta de fronteiras entre o que são as várias formas de entretenimento disponíveis e consumidas.

Com isto não digo que Scott Pilgrim vs. the World seja conceito, na verdade é imersão.
Imersão num entretenimento desenfreado, auto-irónico e completamente descomprometido e descomplicado.
O filme é, como as referências que incorpora, limitado pelo tempo da sua existência.
Um jogo que termina, uma playlist que se desgrava ou uma série que se substitui.
Não é pelo seu poder de se embutir em nós que poderemos gostar deste filme.


Por isso mesmo importa assinalar que tudo o que foi dito até aqui é, na verdade, um condicionalismo.
O filme, à medida que as suas referências se apagarem da realidade corrente, deixará de ser capaz de interessar novo público, entendido como o público jovem que vinha sendo retratado.
Passará a ser o retrato mais ou menos nostálgico de uma juventude que fica para trás.
Mas até que isso aconteça, Scott Pilgrim vs. the World fica como um filme entretido e inevitável.


1 comentário:

  1. Nossa! Adorei (Mega) Scott Pilgrim! E olha que não sou adoradora de histórias em quadrinhos (BD) e muito menos games. X-cellent! Awesome! Cool! Yeah! ...and stuff!

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