Título original: The Next Three Days
Realização: Paul Haggis
Argumento: Paul Haggis e Fred Cavayé
Elenco: Russell Crowe, Elizabeth Banks e Liam Neeson
Não sinto que estejamos perante um thriller tanto quanto estamos perante uma história de superação em percurso inverso.
Um cidadão normal que se eleva a um patamar de eficácia e determinação é uma situação que parece ser mais propícia a quem enfrenta situações que exigem heroísmo e não tanto para quem precisa de se transformar num eficaz criminoso.
O que verdadeiramente acompanhamos no filme é o processo de preparação de um homem para conseguir tirar a sua esposa da prisão.
Em vez de lutar ferozmente e provar a sua inocência, naquilo que seria um filme de maior elevação moral, este professor de Língua Inglesa apresta-se a criar um plano de fuga a partir do seu quarto que o obrigará a abdicar de muito do que a sua vida tinha de fundamental e estabelecido, seja a relação saudável com os seus pais ou do seu país natal.
A sua transformação é tensa, atabalhoada ao início, cheia de reveses, mas ele insiste até ao momento em que tem de se encher da raiva eficaz que distingue um cidadão comum de um criminoso ou em que o tempo disponível simplesmente não lhe deixa outra hipótese senão dominar a execução do plano mesmo com a incerteza a pairar dentro dele.
O que torna tudo isto mais interessante é o facto de ele sacrificar a sua inocência em nome da mulher de quem ele nunca chega a ter a certeza de ser inocente.
Apesar da sua crença emocional na inocência da mulher, como homem lógico que é, não deixa de ver que as provas estão fortemente contra ela.
A dúvida é sublinhada constantemente por todos os intervenientes, a mulher ela própria incluída.
Não é a da fuga que esperamos uma resolução ao longo do filme, mas se de facto este homem vai em frente apesar de nenhuma garantia o puxar irremediavelmente nesse sentido.
Daí que o final, apaziguador das consciências dos espectadores, seja uma traição ao filme.
Compreende-se que Paul Haggis tenha de se afastar deste dilema interno para seguir e concluir com uma dose de acção para o público que foi em busca de um thriller.
Mas que, depois disso, se sentisse obrigado a mostrar que aquele homem tem as suas acções justificadas, senão mesmo perdoadas pela ineficácia ou desinteresse de outros, já é menos compreensível.
A incerteza sobre a culpa e a ousadia apesar disso é o que torna este filme diferente dos thrillers despachados a metro para as salas.
Aquele olhar final de Russel Crowe, com tanto de angústia como de contentamento, é o resumo do que a sua personagem teve de enfrentar e com que terá de viver.
Paul Haggis escusava de ter traído esse olhar, tornando-o quase inócuo depois de revelar a verdade em que ninguém estava interessado.
Um cidadão normal que se eleva a um patamar de eficácia e determinação é uma situação que parece ser mais propícia a quem enfrenta situações que exigem heroísmo e não tanto para quem precisa de se transformar num eficaz criminoso.
O que verdadeiramente acompanhamos no filme é o processo de preparação de um homem para conseguir tirar a sua esposa da prisão.
Em vez de lutar ferozmente e provar a sua inocência, naquilo que seria um filme de maior elevação moral, este professor de Língua Inglesa apresta-se a criar um plano de fuga a partir do seu quarto que o obrigará a abdicar de muito do que a sua vida tinha de fundamental e estabelecido, seja a relação saudável com os seus pais ou do seu país natal.
A sua transformação é tensa, atabalhoada ao início, cheia de reveses, mas ele insiste até ao momento em que tem de se encher da raiva eficaz que distingue um cidadão comum de um criminoso ou em que o tempo disponível simplesmente não lhe deixa outra hipótese senão dominar a execução do plano mesmo com a incerteza a pairar dentro dele.
O que torna tudo isto mais interessante é o facto de ele sacrificar a sua inocência em nome da mulher de quem ele nunca chega a ter a certeza de ser inocente.
Apesar da sua crença emocional na inocência da mulher, como homem lógico que é, não deixa de ver que as provas estão fortemente contra ela.
A dúvida é sublinhada constantemente por todos os intervenientes, a mulher ela própria incluída.
Não é a da fuga que esperamos uma resolução ao longo do filme, mas se de facto este homem vai em frente apesar de nenhuma garantia o puxar irremediavelmente nesse sentido.
Daí que o final, apaziguador das consciências dos espectadores, seja uma traição ao filme.
Compreende-se que Paul Haggis tenha de se afastar deste dilema interno para seguir e concluir com uma dose de acção para o público que foi em busca de um thriller.
Mas que, depois disso, se sentisse obrigado a mostrar que aquele homem tem as suas acções justificadas, senão mesmo perdoadas pela ineficácia ou desinteresse de outros, já é menos compreensível.
A incerteza sobre a culpa e a ousadia apesar disso é o que torna este filme diferente dos thrillers despachados a metro para as salas.
Aquele olhar final de Russel Crowe, com tanto de angústia como de contentamento, é o resumo do que a sua personagem teve de enfrentar e com que terá de viver.
Paul Haggis escusava de ter traído esse olhar, tornando-o quase inócuo depois de revelar a verdade em que ninguém estava interessado.
Completamente de acordo com a parte final. Felizmente neste caso a situação é fácil de corrigir quando chegar em dvd. Carrega-se no botão STOP antes do filme chegar a essa parte. Um pouco de montagem amadora ;-) Não se perde absolutamente nada, e o filme ganha outra dimensão.
ResponderEliminarProvavelmente o dvd até terá um final alternativo sem a dita cuja.
Esperava muito mais deste filme, longe vão os tempos de "Crash"...
ResponderEliminarMesmo assim, eu não sou o maior fã de "Crash"...
ResponderEliminarConcordo com a crítica, mas daria 2 estrelas e meia. Mesmo tendo assistido com a "mente aberta", não é tão bom quanto deveria.
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