domingo, 27 de março de 2011

Manhãs Gloriosas, por Carlos Antunes


Título original: Morning Glory
Realização: Roger Michell
Argumento: Aline Brosh McKenna
Elenco: Rachel McAdams, Harrison Ford e Diane Keaton

Morning Glory é uma comédia felizmente inconsequente. Não tem intenção de explorar os meandros do mundo televisivo, apenas inscrever nele umas quantas vidas que, em amálgama, se tornam motor de muitas situações caricatas mas enternecedoras.
Para essa motivação, Morning Glory é um filme muito respeitável e ainda mais agradável!


Num daqueles programas feito da absurda conjugação de elementos que nem sequer deveriam estar junto um dos outros, é óbvio que tem de ser a dimensão humana a juntar os pontos.
Sabemos para onde a comédia vai, não há escapatória à transformação dos seres humanos menos apreciáveis e ao sucesso final do programa, mas temos direito a uma Rachel McAdams que comanda o filme com graça e energia que vão parecendo raras, uma Diane Keaton com o talento para dignificar qualquer situação e um Harrison Ford de quem já sabíamos que pode ser um dos rezingões mais divertidos do cinema e a quem faz bem libertar-se da seriedade desinteressante de muitos dos seus filmes recentes.


Depois deram-lhes para as mãos a liberdade para brincar com as mais variadas formas de comédia e o filme praticamente fez-se a si mesmo.
Há o humor fácil com personagens em situações de exagero físico. Há o confronto verbal entre Keaton e Ford. Há a comédia romântica com a atrapalhação geral da miúda demasiado consciente de si própria. E há até o humor juvenil e sexualizado com um javardo de aparição breve.
Um pouco de tudo e, por isso, uma falta de uma personalidade clara para o que o filme quer ser. O que, em compensação, não o esgota nem esgota a paciência do público.


Entretenimento que funciona, cujo riso que gera é perfeitamente digno, que tem um toque humano.
Entre o excesso de lançamentos em sala, vale a pena optar por este para abstração e descontração.



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