Título original: The Rite (2011)
Realização: Mikael Håfström
Argumento: Michael Petroni e Matt Baglio
Elenco: Colin O'Donoghue, Anthony Hopkins e Alice Braga
Realização: Mikael Håfström
Argumento: Michael Petroni e Matt Baglio
Elenco: Colin O'Donoghue, Anthony Hopkins e Alice Braga
A dada altura do filme, a personagem de Anthony Hopkins responde a um céptico «O que esperavas? Cabeças a rolar e pessoas a vomitar?», metaforizando o suposto conceito do filme como precisamente a ideia oposta a essa. Mas O Ritual é exactamente aquilo que critica: o comum e banal filme de exorcismos, inspirado no original O Exorcista (1973) (por sua vez baseado no romance homónimo de William Peter Blatty, a que fizemos referência no mais recente artigo da rubrica Páginas vs. Fotogramas).
Anunciado no Fantasporto 2011 com pompa e circunstância, dado o protagonismo de Anthony Hopkins – que aproveitou para deixar uma mensagem de vídeo aos presentes – O Ritual deixa a desejar precisamente pela expectativa que levantou. Ainda para mais depois de um bem conseguido trailer promocional que dava a entender uma fuga ao habitual género. Se bem que no início, o estilo de realização de Mikael Håfström (1408) e os seus ângulos de câmara, bem como a sucessão de acontecimentos davam a entender também uma boa história e um bom filme. Mas nunca tal perspectiva se concretizou, especialmente porque o argumento dispara em vários sentidos e nunca chega a assumir nenhuma ideia.
A história é a comum: o céptico confrontado com o improvável e que mesmo depois de ter passado por várias estranhas experiências continua a manifestar esse cepticismo ao mais elevado grau. Se essa personagem já de si não tem grande potencial ou interesse por ser mais uma reposição de sucessivos anos com filmes e personagens semelhantes, o actor Colin O’Donoghue – pouco experiente e apenas habituado ao meio televisivo – não tem nem expressividade nem competência suficiente para elevar a história a um outro patamar. Algo semelhante se passa com a brasileira Alice Braga, que à parte o seu inevitável carisma, nunca consegue agarrar a personagem da forma ideal, talvez também culpa do argumento.
Por seu lado, Anthony Hopkins tem um desempenho interessante. Embora nos traga mais do mesmo, o actor mantém uma interessante dualidade na personagem: com tanto de cómico, louco ou assustador, o que acaba por equilibrar ligeiramente o filme. Pena que a sucessão de acontecimentos que envolvem a personagem seja por vezes tão pateta que acabam por levar a história – mesmo que inspirada em factos reais – a níveis ridículos.
Mas especialmente o argumentista Michael Petroni (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader) é o calcanhar de Aquiles de O Ritual. Isto porque se tem algum material com potencial para explorar – como os seminários para padres exorcistas ou a possibilidade de fugir aos clichés e às habituais tendências do género hollywoodesco em filmes de exorcismo – acaba por sucumbir a uma solução com vários twists habituais do género, socorrendo-se do aviso inicial «Baseado em factos verídicos». Isto porque – e não é só problema do filme – hoje em dia criou-se o mito que é suficiente para um filme ser inspirado em acontecimentos reais, para que estejam criadas todas as condições para uma boa apreciação. Isso e ter um actor famoso no protagonismo.
O Ritual é a prova que tal não é suficiente. Não cai no descalabro total, porque além de manter um clima de tensão em alguns momentos, uma arrepiante fotografia (da autoria de Ben Davis, responsável por trabalhos como Hannibal Rising ou Incendiary) e uma realização competente. Mas no fim das contas feitas é mais um filme dispensável.
Anunciado no Fantasporto 2011 com pompa e circunstância, dado o protagonismo de Anthony Hopkins – que aproveitou para deixar uma mensagem de vídeo aos presentes – O Ritual deixa a desejar precisamente pela expectativa que levantou. Ainda para mais depois de um bem conseguido trailer promocional que dava a entender uma fuga ao habitual género. Se bem que no início, o estilo de realização de Mikael Håfström (1408) e os seus ângulos de câmara, bem como a sucessão de acontecimentos davam a entender também uma boa história e um bom filme. Mas nunca tal perspectiva se concretizou, especialmente porque o argumento dispara em vários sentidos e nunca chega a assumir nenhuma ideia.
A história é a comum: o céptico confrontado com o improvável e que mesmo depois de ter passado por várias estranhas experiências continua a manifestar esse cepticismo ao mais elevado grau. Se essa personagem já de si não tem grande potencial ou interesse por ser mais uma reposição de sucessivos anos com filmes e personagens semelhantes, o actor Colin O’Donoghue – pouco experiente e apenas habituado ao meio televisivo – não tem nem expressividade nem competência suficiente para elevar a história a um outro patamar. Algo semelhante se passa com a brasileira Alice Braga, que à parte o seu inevitável carisma, nunca consegue agarrar a personagem da forma ideal, talvez também culpa do argumento.
Por seu lado, Anthony Hopkins tem um desempenho interessante. Embora nos traga mais do mesmo, o actor mantém uma interessante dualidade na personagem: com tanto de cómico, louco ou assustador, o que acaba por equilibrar ligeiramente o filme. Pena que a sucessão de acontecimentos que envolvem a personagem seja por vezes tão pateta que acabam por levar a história – mesmo que inspirada em factos reais – a níveis ridículos.
Mas especialmente o argumentista Michael Petroni (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader) é o calcanhar de Aquiles de O Ritual. Isto porque se tem algum material com potencial para explorar – como os seminários para padres exorcistas ou a possibilidade de fugir aos clichés e às habituais tendências do género hollywoodesco em filmes de exorcismo – acaba por sucumbir a uma solução com vários twists habituais do género, socorrendo-se do aviso inicial «Baseado em factos verídicos». Isto porque – e não é só problema do filme – hoje em dia criou-se o mito que é suficiente para um filme ser inspirado em acontecimentos reais, para que estejam criadas todas as condições para uma boa apreciação. Isso e ter um actor famoso no protagonismo.
O Ritual é a prova que tal não é suficiente. Não cai no descalabro total, porque além de manter um clima de tensão em alguns momentos, uma arrepiante fotografia (da autoria de Ben Davis, responsável por trabalhos como Hannibal Rising ou Incendiary) e uma realização competente. Mas no fim das contas feitas é mais um filme dispensável.
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