quinta-feira, 17 de março de 2011

Páginas vs. Fotogramas - "O Exorcista" de William Peter Blatty

Título Original: The Exorcist
Autora: William Peter Blatty
Editora: Gailivro
Páginas: 344

O filme de William Friedkin definiu um género e, à conta disso, nunca poderá ser ignorado entre a componente popular da cultura cinematográfica.
No entanto, tantos anos depois da sua estreia, o filme não tem efeito nenhum senão o de aborrecer.
Digo isto sem desconsideração pelos efeitos ou pelas ideias que possam agora parecer datados.
Digo-o porque o filme tem muitos defeitos, o maior deles a sua má escrita, incapaz de dar substância que resista à exploração gráfica.
Outro é a canastrice generalizada das interpretações - acima de todas as outras a de Jason Miller - e a que só Max von Sydow escapa com alguma dignidade intacta.
Canastrice que é inescapável à pouca espessura dada a qualquer das personagens, estereótipos funcionais a um filme de terror que ainda guarda bons truques mas que se arrasta por demasiado tempo sem ritmo nem resultados eficazes quer em arrepios ou memórias duradouras.


O livro é melhor por comparação directa. Ainda que o filme tenha todos os actos essenciais do livro, não consegue compreender a essência por detrás de cada um que apenas a escrita consegue explanar com a devida calma.
O livro versa mais sobre a dúvida e propõe-se a expôr grandes quantidades de informação (de forma dissimulada, felizmente) que o filme foi obrigado a - ou simplesmente preferiu - reduzir a cenas exploratórias do lado mais gráfico do texto.
Mas a grande diferença, para mim, está no pequeno prólogo que ambos os meios têm antes da história central.
O prólogo do livro dá o mote e cria o ambiente para o que se vai passar. Já o do filme tem uma grandiloquência que o parece separar de tudo o resto e que baralha a expectativa do que será apenas um virulento filme de terror.
A diferença é entre um prólogo acertado e um outro cabotino. E isto apesar de ser precisamente a mesma cena em ambos.


1 comentário:

  1. Considero-o sim inferior ao livro, que por sua vez é bastante minucioso e descritivo bem ao género de Stephen King... mas mau é que o filme não é!
    Bastante original no "lançamento" do medo ambiental e em termos de efeitos bastante surpreendente. A primeira vez que o vi fiquei verdadeiramente incomodado. E vi no cinema, aquando do relançamento, em 2001.
    E se resultou comigo em início do Séc XXI, na década de 70 deve ter sido algo verdadeiramente intrigante.
    Ah, e eu já tinha visto o "Holocausto Canibal"... De ânimo leve, diga-se de passagem.

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