domingo, 3 de julho de 2011

Transformers 3, por Carlos Antunes


Título original: Transformers: Dark of the Moon

Transformers: Dark of the Moon é o melhor filme da série (não uso o termo trilogia por boa razão, mas já lá vamos) mesmo se há uma divisão entre os que o elevam ao nível do primeiro e os que o abatem a pouco mais do que o segundo.
A diferença entre os três filmes é muito menor do que as críticas fizeram crer desde a estreia do segundo tomo, com Michael Bay a servir sempre a mesma mistura de acção desgarrada e canastrice narrativa, de "caos visual e humor extemporâneo" (e estou basicamente a citar-me a mim mesmo sobre o primeiro filme). Aceitando os termos de Michael Bay é então possível olhar para este filme com um pouco mais de condescendência.
Michael Bay ganhou, finalmente, noção de proporções. Filma de forma aceitável a combinação das dimensões humanas, dos Transformers e dos arranha-céus. É possível distinguir todos os elementos com um afastamento em que se percebe como são os Transformers no seu todo e como se relacionam com o mundo real (antes Bay tinha apenas desviado a questão colocando-os em espaço aberto sem referencial possível).
Infelizmente isso não impede que Bay volte a seccionar o seu filme entre os humanos e os robots. Não apenas nas cenas de acção que ocupam a metade final do filme e em que ele continua sem ter ideia de como combinar as acções dos seres diminutos com os seres gigantes.
O filme está seccionado numa primeira metade que não precisava dos robots e numa segunda parte que não precisava dos humanos.
A primeira vale-se de um humor composto através das figuras que vão surgindo, de um John Malkovich exagerado numa personagem inútil a um John Turturro a repetir (e esgotar) o estilo que o tinha tornado no melhor do filme anterior, passando pela prova de que Ken Jeong pode ser o melhor secundário do momento ou pela composição inteligente de Frances McDormand, a única actriz a sair daqui com uma réstea de dignidade intacta. Entre os outros, nada os torna dignos de nota a não ser a sua falta de importância humana no filme. Pelo menos Megan Fox dava a ilusão de personalidade, a nova rapariga é apenas um corpo.
A segunda é toda acção, como foi dito. Maquinaria gigante a embater uma na outra, sendo que é fácil saber quem são os bons que por lá andam (graças às cores vivas) e mais difícil distinguir os vilões (todos cinzentos e de feições iguais).
A passagem da primeira à segunda metade é um momento de grande estranheza em que, não só muda o tom do filme da comédia sobre uma certa espionagem para um monumento negro à importância da liberdade, como se perde qualquer lógica interna.
Faz essa passagem através de vários saltos de lógica no vazio, acumulando várias reviravoltas previsíveis mas de sentido contrário que são um fardo para um filme que não precisa de desculpa nenhuma para a "porrada". Todos sabemos que é para ela que o filme foi feito, convinha que se despachassem com o assunto.
Até porque o filme, com isto tudo, perde todo o seu sentido narrativo. Passa a ser um conjunto de pedaços de ideias mal ajustadas entre si.
Dessas ideias destacam-se as mais pobres que imitam os filmes anteriores - a batalha final na cidade ou o surgimento de um vilão adormecido há muito e convenientemente recuperado - e que os ridicularizam ainda mais. A mera inconsistência lógica de uns filmes para os outros torna-os incongruentes e impossíveis de ver como um conjunto. Isto não é uma trilogia, é apenas uma sucessão de desculpas comerciais para vender...
A única boa ideia que este filme tem é colocar a corrida espacial no cerne das descobertas centrais sobre a existência dos Transformers.
Com tudo isto o que sobra para me fazer dizer que este é o melhor - entenda-se, o menos mau - dos três filmes? Bem, foi aquele que menos fez pesar sobre mim a sua duração e até foi divertido em certos momentos.
Bem ou mal, as más ideias ou as (ligeiras) melhorias de Bay como realizador, contam muito pouco para olhar para este filme que é todo um efeito visual com um propósito.
O propósito do filme é o 3D que finalmente soube vencer a redução de luminosidade e que deixou de ser intrusivo. É o 3D mais bem utilizado desde Up.
Se, como dizia o site The Wrap, cabia a Spielberg, Scorsese and Bay salvar o 3D, essa missão parece ter começado bem. Agora esperemos que os outros dois realizadores acrescentem ao trabalho de imagem um trabalho de ideias.


5 comentários:

  1. "É o 3D mais bem utilizado desde Up."

    Não vi o transformers 3, não quero ver, mas é só para dizer que devias ver o Pina, do Wim Wenders. Esse é o 3D mais bem utilizado desde Up. Well, é o 3D mais bem utilizado de sempre.

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  2. Miguel, é um dos filmes que mais me interessa no cinema neste momento e que, infelizmente, já tive agendado por 3 vezes e por 3 vezes os planos saíram gorados.
    A minha expectativa é vê-lo no próximo fim de semana, se não sair da sala até lá.

    Abraço!

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  3. boa tarde, concordo consigo no geral. também saí da sala a pensar que era o melhor dos 3 tendo em conta que nenhum é bom..

    eu sempre fui de ideia que o 3d perturba a boa visualização dos filmes porque cansa a vista e impede a leitura correcta das cenas mais rápidas de acção.. mas neste filme a  certa altura vi-me a pensar se este estava bem feito ou se simplesmente não existia..

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  4. Caro miguel pinho, se há realizador que se preocupou em fazer com que valha a pena ver em 3D, esse realizador é Michael bay. 

    Não é daquele 3D que temos visto, demasiado escuro e que parece pop-up, ou seja um cartão levantado num tabuleiro. Mas sim um 3D natural, em que tudo parece ter relevo, não salta tanto à vista porque está tudo em harmonia (excepto na parte dos "homem-esquilo" em que não havia essa harmonia e o 3D era mais visível (o que alguns confundem com melhor qualidade)Quanto ao sr Carlos Antunes, se não sabe avaliar um filme pelo seu género, e se já foi para a sala com a critica escrita, mais vale estar caladinho.Melhor filme de acção em de que há memória. Tentar avalia-lo como se de uma obra de Shakespeare se tratasse é pura falta de bom senso. 1,5 estrelas é simplesmente ridiculo da sua parte.Quanto à sua alegada falta de sentido da história, não estando ela propriamente ligada à dos filmes anteriores, não é, de modo algum, contraditória com os anteriores. Eu explico, para curar um pouco da sua ignorância em relação a Transformers:Para Megatron reactivar Sentinel Prime ele necessitava de uma de duas coisas, o Cubo (do 1º filme) ou da Matrix (do 2º filme), como ele nunca teve uma delas, nunca teve hipótese de o fazer. Ora por isso, a única forma de o reactivar é atrair os Autobots para isso, sem que no entanto eles desconfiassem de que tal acto é mais conveniente para os decepticons.Dizer que todos os Vilões são indistinguíveis uns dos outros é pura falta de saúde visual. A única coisa em comum é a cor dos olhos e a a cor do corpo é parecida. São facilmente distinguíveis por quem não está contrariado na sala de cinema.

    Quanto a Megan fox, peço-lhe que pense com a cabeça certa, nem Megan nem Rosie vão algum dia ganhar um Oscar, mas nenhuma delas " é apenas um corpo".

    Estranho também que não faça qualquer comentário a Shia, que esteve muito bem, este sim, um actor com futuro.

    "ele continua sem ter ideia de como combinar as acções dos seres diminutos com os seres gigantes."

    Simplesmente patética esta afirmação.
    Tal como eu disse, quando sair o 4º... fiquem em casa e livre-se do embaraço de se mostrar tão parcial e patético

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  5. CaroJafs81,

    É escusado usar o depreciativo sr. antes de se dirigir a mim.

    A sua ideia de que não sei avaliar um filme segundo o seu género é
    absurda. Tão absurda quanto o facto de me dizer que tento avaliar os
    Transformers como se fosse Shakespeare. Eu não tenho o hábito de
    insultar os mortos, sobretudo se tiveram um papel preponderante na
    História da Literatura.

    Não vou falar no número de estrelas, tema irritante que há anos
    atormenta uma série de leitores. A classificação faz sentido em conjunto
    com o texto e, daí, nada tenho que defendê-la nem você que
    contrariá-la.
    Mas vou falar na história que quer fazer crer que é plausível e interligável com os anteriores.
    Não sendo especialista, vou falar do que me lembro.
    No primeiro filme a procura do cubo serviria para destruir todos os
    Autobots e o cubo, bem como o Megatron, estaria na Terra desde o século
    XIX.
    No segundo filme a Centelha era necessária para reactivar o The Fallen, que estava na Terra há milhares de anos.
    No terceiro filme há um plano iniciado em meados do século XX pelo
    Megatron (que, relembro, estava congelado na Terra desde o século XIX) e
    o Sentinel Prime para conquistar a Terra. Plano esse de que só se lembraram depois dos outros dois.

    Se isto não são histórias que se contradizem e anulam, não sei o que serão.


    A Rosie é uma modelo de roupa interior a fazer o seu primeiro filme. Filme em que Michael Bay a filma gulosamente e pouco mais.
    Quer defendê-la como actriz? Parece-me prematuro e muitas pessoas dirão ridículo. Aliás, se alguém anda a pensar com a cabeça errada é, claramente, você.

    Quanto a Megan Fox, há outras críticas onde elogio o seu trabalho, mas não em Transformers, onde foi sempre um corpo ao serviço da líbido do realizador. Mesmo assim conseguia imprimir uma noção de personalidade ao (pouco) papel.
    Não é culpa minha que entenda mal o sentido do que escrevi, mas espero que tenha ficado esclarecido.

    Shia LaBeouf não representa em Transformers. Acorre de um lado para o outro.
    Quer ser levado a sério e, por isso, já desistiu do próximo filme dos robots. Acho que não preciso de dizer mais...

    Quanto à afirmação que considera ridícula, defendo-a dizendo apenas aquilo que se vê no filme: cenas de acção envolvendo apenas pessoas e cenas de acção envolvendo apenas robots.
    As brevíssimas cenas de acção envolvendo tanto humanos como robots apenas servem para passar de um caso ao outro.

    Finalmente, sobre a sua afirmação "Melhor filme de acção em de que há memória.", apenas pergunto se já ouviu falar em Die Hard, Terminator ou Heat?




    Já agora, quando refutou o Miguel Pinho, fê-lo tendo visto o Pina?

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