quinta-feira, 13 de agosto de 2009

UP - Altamente! (V.P. - 3D), por Carlos Antunes

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Título original:
Up
Realização: Pete Docter e Bob Peterson
Argumento: Bob Peterson e Pete Docter
Elenco: Edward Asner, Christopher Plummer e Delroy Lindo

Depois de Ratatouille e Wall-E estamos demasiado mal habituados para sairmos verdadeiramente satisfeitos da visualização de Up.
Isso não é, no entanto, sinal de um mau filme.

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Acima de tudo porque, como é boa norma da Pixar, continuam a apostar na qualidade narrativa, mesmo que desta vez seja em pequenos segmentos que tal mais se evidencia.
Logo no início, uma longa e silenciosa chegada ao ponto de situação de onde partirá a verdadeira aventura é feita com uma incrível inteligência e delicadeza, ainda que com um inesperado dramatismo.
Ainda que a Pixar nunca tenha tratado o seu público – quer juvenil quer adulto – de outra forma que não com todo o respeito de quem acredita nas capacidades de quem está a assistir, nota-se a reacção de tristeza e algum receio que as crianças na sala têm.

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Isso é, depois, deixado um pouco de lado na aventura colorida e dinâmica que se segue que vai falar dessa lição muito simples, de que todas as possibilidades são ainda possíveis independentemente da idade que se tem e que a vida não termina nas memórias, mas tem de ser impelida por elas.
Lição que não é única, pois a seu lado surge a evidência da necessidade que as crianças têm de uma figura paterna presente e dedicada e de como a procurarão das formas mais inusitadas.
Pelo meio dos divertidos sketches, a Pixar nunca deixou de criar alguns dos mais clarividente e directos filmes sobre os males modernos das relações familiares. Um acto de coragem, não menos do que isso.

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A par da qualidade da narrativa, a Pixar continua, com muita distância, a apresentar os filmes com maior qualidade técnica, desta vez em fabuloso 3D, que só teve rival no recente Ice Age 3.
Só que a qualidade técnica da Pixar está para lá do efeito 3D, é de origem e bastaria o detalhe daquele conjunto de balões que já se antevia no trailer para o provar.
O efeito 3D da Pixar não está a saltar do ecrã com um qualquer truque, é antes uma ferramenta para compôr a profundidade e a qualidade das imagens.

http://weblogs.wgntv.com/news/wgn-news-blog/pixar%20up%20balloons.jpg

Up é o filme da Pixar que vem relembrar que são precisos filmes (um pouco) menos conseguidos para que se desenvolvam técnicas, efeitos e talentos, pois o Cinema raramente foi feito somente de obras-primas.
E, claro, é também o filme que vem relembrar o quanto mais apreciamos as obras-primas da Pixar quando elas não nos são entregues a todo o momento.

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Ainda uma nota para a versão portuguesa do filme.
Embora seja irritante poder apenas ter acesso à versão 3D em português e não no original, este é um caso de imensa qualidade, algo que se tornou bastante comum desde que as dobragens começaram na primeira metade da década de 1990, e que continua, neste caso.
A escolha de vozes é de um incrível acerto e os actores dão o melhor de si com elas.



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5 comentários:

  1. Não concordo com quase nada. UP é possivelmente o melhor filme da Pixar (a par de Wall-E). A sequência incial é do mais bem conseguido que já se fez em animação, só equiparável a myazaki, aos primóridos da disney e, lá está, ao melhor da pixar.

    É um filme de uma maturidade imensa - a Pixar é a única que verdadeiramente tem conseguindo criar "para toda a família", sem infantilizar os mais velhos, explorando a imaginação dos mais novos.

    E para além da perfeição técnica (a palete de cores é imensa), tem elementos cómicos muito inteligentes em quase todo o filme. é de longe dos melhores filmes do ano. Com toda a delicadeza e subtileza que faltou a boa parte dos filmes dos óscares (basta pensar no benjamin button).

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  2. Só me esta dizer que salivo até o ir ver!

    P.S- Penso que na última temporada, não houve filme tão delicado como O Estranho Caso de Benjamin Button.

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  3. Caro Anônimo, não concorda e ainda bem.
    No entanto, se analisar com mais maturidade o filme, verá que a componente inicial, mais dramática e mais adulta, está claramente separada da parte que se segue, mais aventurosa, mais divertida e mais infantil.
    Claro que a segunda parte é perfeitamente clássica, mas o filme não consegue conjugar as duas componentes.

    E sobre Myazaki, há muito que deixaram de ver os seus filmes com suficiente sentido crítico.
    Rotula-se tudo de genial, tal como agora se quer fazer com a Pixar.

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  4. Na verdade estou inteiramente de acordo com o que foi escrito e com a apreciação final. Certo é que não consigo evitar o sabor a desilusão após o prodígio técnico e argumentativo que foi Wall-e. AInda assim, é um filme que merece uma ida ao cinema.

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  5. Um Pixar com 3,5 estrelas é uma desilusão. Estou a adiar o inevitável, mas brevemente vou ver e espero não ficar assim tão desiludido.

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