sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Conan - O Bárbaro, por Carlos Antunes


Título original: Conan the Barbarian
Realização: Marcus Nispel
Elenco: Jason Momoa, Ron Perlman e Rose McGowan

A nova versão de Conan parece ser um produto dos piores momentos da década em que Arnold Schwarzenegger deu corpo ao personagem.
A saber, este é um filme sem personagens, com uma história básica até ao limite e com uma série de episódios injustificados colocados lá pelo meio.
Por mais desmiolado que sejam todos os verões cinematográficos e por mais desmiolado que o de 2011 viesse sendo, nada preparava o público para esta magnitude de idiotice.
Este é o filme capaz de dar a Ron Perlman um discurso tão tonto que parece ter sido escrito como uma piada mas que, infelizmente, é o discurso fundador do legado que o pai deixa a Conan antes deste ficar orfão e partir em vingança.
Tem a ver com temperar a o fogo interno do guerreiro com o gelo da ponderação de movimentos. Seja lá como for esse discuro exactamente, Conan nunca mais se lembra do assunto e não consegue sequer cumpri-lo de forma a religar-se com o seu passado e conquistar a espada que lhe roubaram em criança.
O argumento, simplesmente, esqueceu-se desse traço da história que tinha ido copiar directamente ao filme que estava a refazer. Como se esqueceu de ligar os destrambelhados eventos que inventa para ocupar a tela.
O que deixará mais pessoas perplexas é aquele em que Conan vai a uma cidade das Arábias buscar um ladrão que lhe abra os portões de um castelo onde ele poderá enfrentar um polvo - os seus tentáculos, na verdade, dava demasiado trabalho compôr o animal inteiro - antes de subir à muralha mais alta e ver os seus inimigos saírem em direcção ao exterior, de onde Conan tinha acabado de surgir.
Uma desculpa esfarrapada para uma cena de acção e mais uma incoerência temporal e geográfica a juntar à desgraça do filme.
Mas já que são músculos e não cérebros que preenchem o filme espera-se que, de desculpa esfarrapada em desculpa esfarrapada, este valha alguma coisa no momento dos combates.
Não sei dizer se vale porque não houve nenhuma hipótese de compreender o que se estava a passar.
Além de acumular um número impossível de planos por cada cena de acção, o filme tem sempre de os fazer aparecer a todos, levando a montagem frenética a um extremo que nunca se viu - nem nunca se conseguirá ver.
A intermitência de planos é tão rápida que o cérebro não consegue assimilar uma única acção coerente mas, pelo contrário, consegue perceber que a coerência posicional dos actores está completamente perdida.
Nada disto para mim causa a mossa maior ao filme. Essa nasceu da escolha de Jason Momoa para protagonista, numa desadequação do sujeito ao personagem e, globalmente, do filme ao conceito.
Jason Momoa é um sujeito de traços exóticos arranjado num estilo de homem bruto descuidado que deve ter charme; e a escolha para atrair mulheres ao cinema. Um bárbaro - e, mais particularmente, Conan - é outra coisa qualquer.
Veja-se como o bárbaro, apesar de só ter tido contacto com prostitutas, consegue ser um amante delicado para com a donzela em perigo quando lhe toca a cena de amor ardente num fardo de palha, proporcionando os momentos de nudez (as mamas dela para os homens, o rabo dele para as mulheres) que o filme ainda não tinha conseguido.
Claramente, podemos concluir que o único talento de Jason Momoa é, de tempos a tempo, falar numa voz grave como se imagina que um homem violento tenha sempre de ter. Mas são mais as vezes em que esse truque lhe falha do que resulta.
Acrescenta-se o 3D desnecessário e temos um dos piores acontecimentos em sala este ano, que só não leva uma classificação mais baixa porque esse patamar "zero" está fortemente rebaixado depois de Real Desatino.
Já agora, talvez alguém me consiga responder à única pergunta que este filme deixa no ar e que é o único fait-divers com que ocupar a mente durante o espectáculo deprimente. Porque é que, quando o vilão vai sacrificar a pura donzela (que já não precisa de ser virgem ou isso atrapalhava a cena de sexo do filme), a tem de colocar sempre num vestido que lhe faça sobressair os seios?


2 comentários:

  1. Achei sua critica um tanto desconexa, apesar de entender obviamente o que vc quis dizer: que o filme é uma m...
    Eu, mesmo sem ver, já imaginava isso.
    O personagem não cola como conan, e eu , sinceramente, já cansei dessa babaquice sem fim, de produtores e escritores idiotas dos dias de hj, que não sabem mais criar nada, só remake!

    Eu gosto de conan, desde criança. E depois de assistir o ''barbaro'' e a continuação o ''destruidor'', assim como todo fã, esperava o 3, isto é: o famigerado ''conan rei''. Óbvio que com arnold no papel principal, já velho. Mas, como esses escritores de hj, não tem a capacidade de criar nada novo, só sabem foder com o que já foi feito, ficarei assim como muitos, sem este filme tão esperado!
    E o pior de tudo não é este filme ser ruim, e sim que com esse, a chance de se ter o conan rei, foi por água abaixo.

    Que CROM puna marcus nispel severamente.

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  2. Vi o filme no cinema eu já esperava a decepção, mas foi muito além disso chegou a ser medíocre e desrespeitoso com os fãs do verdadeiro Conan!!! 

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