domingo, 9 de outubro de 2011

Une Vie De Chat, por Carlos Antunes



Título original: Une Vie De Chat
Realização: Jean-Loup Felicioli e Alain Gagnol
Argumento: Jacques-Rémy Girerd e Alain Gagnol
Elenco: Dominique Blanc, Bruno Salomone e Jean Benguigui

As imagens de Une Vie De Chat lembram o estilo das ilustrações ou da banda desenhada apontada a um público juvenil.
Desenhos ágeis em que o movimento é mais importante do que a verosimilhança e em que a expressividade dos cenários vale mais do que a funcionalidade 
É uma combinação do género de desenhos iluminados que associamos ao ambiente de Paris - daí que não faltem planos da cidade - com a liberdade que o Expressionismo - facilmente recordado nos ângulos e sombras - dá à sua representação.
Importa ao filme que as imagens sejam mais importantes do que a própria narrativa. Ou melhor, importantes como forma de narrativa.
São os desenhos adequados a uma história que não se enche de pretensão ou complexidade. Se a banda desenhada francesa tornou típico aquele limite de 48 páginas, o filme segue o mesmo limite narrativo nos seus 60 minutos.
A história junta num final feliz uma chefe de polícia e um ladrão que estão unidos por um gato que divide a sua vida entre duas casas. E também por uma conspiração que ambos pretendem evitar por razões afectivas distintas mas coincidentes.
É uma história para contar à noite antes dos miúdos adormecerem, com alguns traços de composição mais profunda e tenebrosa de algumas personagens que permite torná-la agradável a públicos mais adultos.
A história é, sobretudo, trabalhada e depurada para servir a habilidade dos ilustradores.
A história tem a adequação à deliciosa impossibilidade de ter os personagens correndo pelos telhados de Paris até ao topo da Notre-Dame de Paris onde as gárgulas também sorriem para o público e onde se dará o grande confronto final (que o Tim Burton que fez Batman aprovaria).
Verdadeiramente importante é a forma como a história origina situações práticas para trazer à luz a melhor imaginação dos artistas, sobretudo naquela cena no escuro que é tão brilhante de tal simplicidade de execução.



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