O sexto dia de Fantas foi também o primeiro fim-de-semana de festival pelo que se notou uma maior afluência dos espectadores. Foram quatro as longas-metragens que acompanhámos durante o dia.
É um filme simples e ligeiro, uma comédia dramática com alguns toques de gore. Não há nada de muito especial a destacar: talvez a originalidade da temática (um canibal sonâmbulo é algo aparentemente inédito) e a humildade e honestidade com que agarra a trama simples, deixando o espectador interessado nas personagens, ao mesmo tempo que as diverte com alguns toques de comédia bastante subtis. Especial nota para os fabulosos comentários que se ouvem na rádio durante a história e também nos créditos finais.
Bellflower é um filme de extremos: ou se gosta muito ou não. É um filme enérgico e visualmente electrizante, onde o estilo se sobrepõe à narrativa (o que não signifique que esta não interesse, muito pelo contrário). Uma obra independente cheia de referências pop, especialmente Mad Max (1979), com uma bela fotografia de Joel Hodge e uma fantástica banda sonora de Jonathan Keevil e que poderíamos comparar em estilo a uma versão trash/série-B de Drive (2011). A montagem dinâmica, com uma narrativa não-linear e uma imagética bastante forte fazem deste Bellflower um filme a ver. Especialmente porque além de toda a energia explosiva é ao mesmo tempo uma história com coração que força os jovens protagonistas à maturidade.
A Moral Conjugal (2011), de Artur Serra Araújo
Quando subiu ao palco, o jovem realizador Artur Serra Araújo alertou o público para que não levasse o filme muito a sério. Dúvidas ficassem nas verdadeiras razões desta afirmação imperativa, a verdade é que o problema aparente do filme é precisamente a intenção do seu realizador. Porque no início, A Moral Conjugal parece levar-se bastante a sério e isso inicialmente reflecte um mau filme, bastante artificial e com diálogos e interpretações forçados e por vezes ridículos. Mas depois a narrativa avança para um caminho diferente e também interessante e que por vezes nos coloca na dúvida se é uma comédia intencional ou não. Até porque se a intenção (e parece-nos que é isso mesmo) é expor o filme como uma comédia inusitada, aí tem todo o seu mérito e é um filme que consegue divertir bastante o seu público. Nota negativa para uma realização e fotografia totalmente desinspiradas.
Surpreendente produção cubana de baixo custo, mas bastante inteligente e divertida. Num tom absolutamente cómico, repleto de situações hilariantes e um bom elenco que compõe divertidas personagens, Juan de los Muertos assume-se também como uma coerente sátira política à situação de Cuba. Os efeitos especiais mesmo que por vezes ligeiramente toscos, são fantásticos e adequam-se ao espírito da narrativa que de uma forma inteligente sabe utilizar os poucos recursos, sempre com uma excelente realização de Alejandro Brugués e uma boa fotografia de Carles Gusi. Uma pequena pérola para ver por puro divertimento.
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