Realização: Gonçalo Tocha
É na Terra não é na Lua é um desses ovnis cinematográficos que por vezes ganham distribuição comercial nas salas portuguesas. Vencedor do grande prémio no doclisboa 2011 e uma menção especial do júri no Festival de Locarno 2011, o documentário do jovem Gonçalo Tocha propõe ao espectador uma intensa e prolongada viagem à ilha do Corvo, nos Açores. Embora insista em compor, em muitas das cenas do filme, um postal da ilha, com planos prolongados do mar, vegetação e das falésias, há muito mais em É na Terra não é na Lua que um mero retrato geológico do Corvo. Especialmente porque aqui observamos, em lume brando, os rostos e as vidas de quem vive nesta ilha, alguns porque foram ficando, desvanecendo a esperança em poderem um dia sair dali, mas também outros que deliberadamente decidiram instalar-se ali, como uma fuga à civilização. Como aquele habitante que viveu na Alemanha durante uns anos, para depois se queixar do incessante crescendo de regras, escolhendo então instalar-se no Corvo com intenção de usufruir da liberdade que ali se permite. Escolher o local mais distante da Europa. «A Europa está podre», diz outro algures.
A lente de Gonçalo Tocha tão realista e natural, capta os rostos dos corvinos focando-se naquele sotaque cerrado e naquela identidade própria tão enraizada. O Corvo está ali nas mãos daquela mulher que tricota o típico gorro azul e branco da ilha, daquele homem que trabalhava no posto de vigia da baleia e que agora, passados tantos anos, já não reconhece a decadência que lhe atingiu, está ali naqueles homens que tentam trazer alguma modernidade e conforto a uma ilha por vezes tão menosprezada perante Portugal continental, mas também perante o restante arquipélago dos Açores. O Corvo está ali naquelas pessoas, naqueles retratos, naquelas histórias, naquele povo que se funde com o local onde vive. E o jovem realizador nota-se genuinamente interessado em captar essa essência, mesmo que por vezes para isso se esqueça do espectador e se foque apenas naquela beleza isolada da ilha.
Dividido em quatorze capítulos, É na Terra não é na Lua é um belo retrato poético (mesmo que excessivamente longo) do isolamento, do senso de comunidade e da passagem do tempo. Um daqueles ovnis raros que merecem um visionamento mais atento.
É na Terra não é na Lua é um desses ovnis cinematográficos que por vezes ganham distribuição comercial nas salas portuguesas. Vencedor do grande prémio no doclisboa 2011 e uma menção especial do júri no Festival de Locarno 2011, o documentário do jovem Gonçalo Tocha propõe ao espectador uma intensa e prolongada viagem à ilha do Corvo, nos Açores. Embora insista em compor, em muitas das cenas do filme, um postal da ilha, com planos prolongados do mar, vegetação e das falésias, há muito mais em É na Terra não é na Lua que um mero retrato geológico do Corvo. Especialmente porque aqui observamos, em lume brando, os rostos e as vidas de quem vive nesta ilha, alguns porque foram ficando, desvanecendo a esperança em poderem um dia sair dali, mas também outros que deliberadamente decidiram instalar-se ali, como uma fuga à civilização. Como aquele habitante que viveu na Alemanha durante uns anos, para depois se queixar do incessante crescendo de regras, escolhendo então instalar-se no Corvo com intenção de usufruir da liberdade que ali se permite. Escolher o local mais distante da Europa. «A Europa está podre», diz outro algures.
A lente de Gonçalo Tocha tão realista e natural, capta os rostos dos corvinos focando-se naquele sotaque cerrado e naquela identidade própria tão enraizada. O Corvo está ali nas mãos daquela mulher que tricota o típico gorro azul e branco da ilha, daquele homem que trabalhava no posto de vigia da baleia e que agora, passados tantos anos, já não reconhece a decadência que lhe atingiu, está ali naqueles homens que tentam trazer alguma modernidade e conforto a uma ilha por vezes tão menosprezada perante Portugal continental, mas também perante o restante arquipélago dos Açores. O Corvo está ali naquelas pessoas, naqueles retratos, naquelas histórias, naquele povo que se funde com o local onde vive. E o jovem realizador nota-se genuinamente interessado em captar essa essência, mesmo que por vezes para isso se esqueça do espectador e se foque apenas naquela beleza isolada da ilha.
Dividido em quatorze capítulos, É na Terra não é na Lua é um belo retrato poético (mesmo que excessivamente longo) do isolamento, do senso de comunidade e da passagem do tempo. Um daqueles ovnis raros que merecem um visionamento mais atento.
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