Parece que há um padrão que rodeia os filmes com a temática da Segunda Guerra Mundial, um certo código estético - não escrito - que os torna semelhantes na abordagem. Obviamente que esta afirmação padece de um grave problema de estereótipo, contudo embora não saibamos bem porquê, raras são as vezes em que esta temática é abordada de uma forma original e fora dos clichés habituais. Rose não é um desses casos originais em abordagem, mas tem o bónus de se focar num lado menos conhecido desse período temporal: o pós-guerra na região da Masúria (na Polónia), após a ocupação Nazi e do Exército Vermelho.
Através de um argumento bem orquestrado, focamo-nos além da natural sobrevivência, numa interessante questão de identidade pessoal e nacional. Questão esse que é explorada ao longo da narrativa, através de um contexto histórico sobre a germanização e posterior verificação de nacionalidade organizada pelo governo comunista da Polónia, mas também de forma mais subtil na própria construção das personagens à medida que novos conhecimentos e contactos lhes fazem rever aquilo que eles próprios tinham como verdadeiro. Grande parte desse sucesso é devido aos fantásticos desempenhos dos actores principais, Marcin Dorocinski e Agata Kulesza, que arrancam prestações absolutamente viscerais e assombrosas.
O polaco Wojciech Smarzowski é preciso na forma como capta através da sua lente, a brutalidade da guerra e as suas consequências, mas também um retrato sincero e comovente de um forte romance. Um conto trágico que sabe equilibrar a tensão dos eventos aterrorizantes com um bem conseguido romantismo, pontuado com algum sentido de humor. É uma realização competente e que não explora gratuitamente a temática, como é frequente vermos. Destaque ainda para a fotografia de baixa saturação de Piotr Sobocinski Jr. e a delicada banda sonora de Mikolaj Trzaska.
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