sexta-feira, 25 de maio de 2012

Amigos, amigos... Sexo à Parte, por Tiago Ramos


Título original: Friends with Kids (2011)
Realização: Jennifer Westfeldt
Argumento: Jennifer Westfeldt
Elenco: Jennifer Westfeldt, Adam Scott, Jon Hamm, Kristen Wiig, Maya Rudolph, Chris O'Dowd, Megan Fox e Edward Burns

Parece que ditam as regras de marketing que a mais prosaica das comédias deverá sempre ser dotada de um título peculiar. Que o diga este Friends with Kids que em Portugal mereceu o (divertido?) título Amigos, amigos... Sexo à Parte. Um título que podendo ser atractivo para um determinado tipo de público pode por disfarçar a verdadeira natureza deste filme de Jennifer Westfeldt que, sim, é a comédia, mas não tão escatológica ou sexual como parece referenciar. Isto para dizer que antes que corramos a julgá-lo pelo título e apesar de todo o cliché que permeia filmes do género, há aqui um potencial dramático e realista que, mesmo sendo breve, poderá compensar o seu visionamento. Não que os primeiros minutos não denunciem de imediato o cerne do seu argumento, que é aqui também o maior defeito: quando parece que está a atingir o seu potencial, há sempre um refúgio num lugar comum das comédias românticos que estraga o efeito. Mas é também esse argumento que explora um universo em tudo semelhante a sitcoms como Friends ou Sex and the City e que se foca em temas actuais como a parentalidade, numa altura em que ambos os cônjuges são profissionalmente activos. Três tipos de relacionamentos onde o espectador se poderá rever e que, a espaços, observa interessantes e diferentes dinâmicas, com sentido de oportunidade. Essa dinâmica é potencializada pelo elenco de luxo encabeçado cujo desempenho em grupo é bastante activo e adequado às intenções da realizadora, mas que é menosprezado nos (talentosos) casais secundários (Kristen Wiig e Jon Hamm; Maya Rudolph e Chris O'Dowd a contracenarem juntos depois de Bridesmaids), pelo pouco espaço dado às suas personagens. Essa subvalorização enfraquece a estrutura do filme já que perde a sua visão plural e a óbvia oportunidade de fazer o seu (enorme) talento brilhar.

Mas o maior problema reside na tentativa de começar por seguir um formato que subverte as normas da comédia romântica, para depois assumir todos os lugares-comuns do género, numa conclusão mais que esperada e que contraria parte do que assumiu. Um defeito que por exemplo já havia sido a desgraça de uma outra comédia com potencial no ano passado: Friends with Benefits. E que aqui só não é mais negativa para o filme como um todo porque tem um timing interessante e porque alguns dos diálogos assumem uma visão realista e dramática, rara no cinema do género. 



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