Realização: Lynne Ramsay
Argumento: Lynne Ramsay e Rory Kinnear
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly e Ezra Miller
Os tons avermelhados abatem-se logo na forte cena inicial e teimam em nunca mais largar a imagem. Um símbolo fácil e simples, mas cuja força é poderosíssima e que revela logo a intensa imagética de We Need to Talk About Kevin. É o primeiro passo para a construção de um filme que está entre os mais perturbadores e incomodativos dos últimos anos, desde logo porque esbarra nos preconceitos sociais e na crença, que é tida socialmente quae como dogma, que uma mãe é sempre mãe e que uma mãe ama sempre os seus filhos. E choca precisamente por ser tão arrojado e eficaz em desconstruir essa imagem social e politicamente correcta da figura maternal, não tão perfeita quanto aparenta. Lynne Ramsay adapta ao cinema uma obra literária porventura ainda mais estarrecedora que o filme, mas descontrói-o de uma forma inteligentíssima, abdicando do formato cronológico do livro e entregando ao espectador uma componente visual pictórica que constrói de imediato a tensão na trama, ainda não percebeu o espectador o que se passa. Não percebe, mas sente-se incomodado, porque algo ali não está bem, sempre o vermelho, sempre as imagens fragmentadas, sempre o rosto de Tilda Swinton - e que rosto! - sempre a dor estampada, sempre o incómodo, sempre o estarrecimento. E à medida que as imagens vão compondo o puzzle, já está o espectador completamente incomodado e cruelmente empurrado para uma espiral de acontecimentos para o qual - honestamente - não está preparado. Tilda Swinton entrega mais uma das suas estrondosas interpretações, talvez uma das melhores, talvez a melhor. O seu trabalho é visceral. Mas junto a este, tem também o trabalho maravilhoso dos três actores que interpretam Kevin, cada um perturbadoramente incomódo, perturbadoramente genial, perturbador apenas. Ezra Miller encabeça esse trio na sua fase final e prova mais uma vez ter potencial para ser um dos melhores da sua geração.
Lynne Ramsay sabe trabalhar o argumento, não caindo no provável erro desta adaptação, o da banalização do tema ou da tentativa quase didáctica e moralista de transmitir uma lição. Pelo contrário, a realizador cria uma história sombria e ambígua com uma visão cinematográfica muito criativa e visualmente poderosa. É um filme único, forte, um dos melhores do ano e que serve tão bem individualmente como obra cinematográfica, mas ainda mais em complemento com o livro que lhe deu origem.
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly e Ezra Miller
Os tons avermelhados abatem-se logo na forte cena inicial e teimam em nunca mais largar a imagem. Um símbolo fácil e simples, mas cuja força é poderosíssima e que revela logo a intensa imagética de We Need to Talk About Kevin. É o primeiro passo para a construção de um filme que está entre os mais perturbadores e incomodativos dos últimos anos, desde logo porque esbarra nos preconceitos sociais e na crença, que é tida socialmente quae como dogma, que uma mãe é sempre mãe e que uma mãe ama sempre os seus filhos. E choca precisamente por ser tão arrojado e eficaz em desconstruir essa imagem social e politicamente correcta da figura maternal, não tão perfeita quanto aparenta. Lynne Ramsay adapta ao cinema uma obra literária porventura ainda mais estarrecedora que o filme, mas descontrói-o de uma forma inteligentíssima, abdicando do formato cronológico do livro e entregando ao espectador uma componente visual pictórica que constrói de imediato a tensão na trama, ainda não percebeu o espectador o que se passa. Não percebe, mas sente-se incomodado, porque algo ali não está bem, sempre o vermelho, sempre as imagens fragmentadas, sempre o rosto de Tilda Swinton - e que rosto! - sempre a dor estampada, sempre o incómodo, sempre o estarrecimento. E à medida que as imagens vão compondo o puzzle, já está o espectador completamente incomodado e cruelmente empurrado para uma espiral de acontecimentos para o qual - honestamente - não está preparado. Tilda Swinton entrega mais uma das suas estrondosas interpretações, talvez uma das melhores, talvez a melhor. O seu trabalho é visceral. Mas junto a este, tem também o trabalho maravilhoso dos três actores que interpretam Kevin, cada um perturbadoramente incomódo, perturbadoramente genial, perturbador apenas. Ezra Miller encabeça esse trio na sua fase final e prova mais uma vez ter potencial para ser um dos melhores da sua geração.
Lynne Ramsay sabe trabalhar o argumento, não caindo no provável erro desta adaptação, o da banalização do tema ou da tentativa quase didáctica e moralista de transmitir uma lição. Pelo contrário, a realizador cria uma história sombria e ambígua com uma visão cinematográfica muito criativa e visualmente poderosa. É um filme único, forte, um dos melhores do ano e que serve tão bem individualmente como obra cinematográfica, mas ainda mais em complemento com o livro que lhe deu origem.
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