Argumento: Tony Gilroy e Dan Gilroy
Elenco: Jeremy Renner, Rachel Weisz, Edward Norton, Stacy Keach e Donna Murphy
Sendo a mente por trás da adaptação cinematográfica dos três tomos anteriores da saga Bourne, Tony Gilroy acabou por estender essa vaga até à realização, após Paul Greengrass e Matt Damon terem abandonado a saga. Uma tarefa ingrata já que a trilogia acabou por criar grande reputação, com um núcleo de fãs firme e impunha-se a questão: como realizar uma sequela de uma saga com um protagonista tão carismático? A resolução veio através de uma sequela que na verdade é um spin-off da saga, mas que também não envergonha os capítulos anteriores, conseguindo uni-los, simultaneamente piscando o olho aos fãs, mas funcionando perfeitamente como filme individual. Não é melhor nem pior, apenas diferente. Não que a história seja original (mas a bem dizer já os anteriores filmes da saga Bourne ficavam a dever muito à originalidade), mas onde Matt Damon e Paul Greengrass acabaram por preferir um ritmo explosivo, Tony Gilroy cria uma perspectiva bem mais ampla do projecto, mas também muito mais cerebral e complexa do mesmo, preferindo em grande parte do tempo focar-se nos bastidores que no centro da grande acção. Este O Legado de Bourne é na verdade, um grande jogo de bastidores durante a primeira metade do filme, com muito a acontecer mas também sem deixar o espectador adensar-se muito na trama. Uma perspectiva arriscada em lidar com uma saga tão popular, mas também igualmente corajosa e bem conseguida. Tony Gilroy mantém a intensidade da realização dos tomos anteriores, mas consegue criar também um estilo muito próprio a filmar acção e política, como já nos habituou por exemplo em Michael Clayton (2007).
Jeremy Renner, apesar do seu talento inegável, é na composição da sua personagem menos carismático que a de Jason Bourne, o que pode levar a inevitáveis comparações. O seu retrato é menos cativante, mas bem mais estóico, especialmente porque o espectador não tem a oportunidade de entrar na sua mente e parece-nos tão impenetrável no fim como no início da trama. Mas temos também Rachel Weisz que, mesmo com o lugar-comum do seu papel, consegue trazer-nos um dos seus melhores trabalhos nos últimos anos, numa composição rica e detalhada. É ela que traz ao filme o carisma que falta ao protagonista masculino, num papel atípico para uma mulher cientista num filme de acção.
O ritmo cerebral e complexo que Tony Gilroy mantém na primeira parte, é substituído perto do fim por uma intensa cena de acção, por vezes exagerada e longa demais, mas que agrada aos mais sedentos pelo género. O Legado de Bourne expande-se para outros cenários, numa sucessão de locações em redor de todo o globo, num estilo bem típico dos action flicks, move-se também para outros territórios visuais, munindo-se da fotografia elegante de Robert Elswit e da montagem electrizante de John Gilroy. Pode não ser a tradicional sequela e como filme de acção é, na realidade, tão banal quanto os outros (e já esses, digam o que disserem, tinham os seus grandes defeitos), mas renasce bem o conceito da saga Bourne, piscando o olho a uma inevitável sequela agora com a personagem de Aaron Cross. É mais do mesmo, mas a um bom nível.
Classificação:
Gostei muito da interpretação da Rachel Weisz, como fã da saga Bourne sempre achei que essa era a maior falha na trilogia.
ResponderEliminarAcho que o legado Bourne está bem entregue a Cross, gostei da motivação dele, simples mas eficaz.
Finalmente, achei a perseguição sopimpa, mas fica aquém de Moscovo.
Um das coisas que não gostei e que me foi apresentada logo no trailer, é aquela perseguição nos telhados.
Resumindo, gostei muito, mas eu sou fã. :)