sexta-feira, 14 de setembro de 2012

The Tall Man - O Homem das Sombras, por Carlos Antunes


Título original: The Tall Man
Realização: Pascal Laugier
Argumento: Pascal Laugier
Elenco: Jessica Biel, Jodelle Ferland e William B. Davis

Até meio estamos crentes de reconhecer o tipo de thriller em que Hollywood é fértil e cuja única variação neste caso é provir de ainda mais ao norte da América.
A situação montada mesmo a jeito para colocar a figura assustadora no caminho da protagonista e do seu filho.
Apesar do realizador criar uma interessante atmosfera que cruza a promessa do terror com o declínio social, nota-se que ele não tem outra hipótese senão dar conta daquele conjunto de cenas que tem sempre de fazer parte da estrutura.
O dejá vu chega até à cena de confronto em que o espírito da personagem de Jessica Biel parece condenado a moldar-se para a segunda metade. Mas aí começa a escrever-se uma primeira surpresa.
De um elemento assombroso passamos a uma conspiração que coloca em causa a essência das próprias comunidades da América interior.
Essa é a primeira mas não a definitiva reviravolta.
Sem querer revelar demais, a reviravolta final merece todo o destaque pela sua eficácia, por redimir o efeito que o filme até aí causara e mostrar que o mesmo conjunto de cenas pode servir, a dois argumentistas com intenções diferentes, para criar duas molduras humanas diametralmente opostas.
É com notável inteligência que o filme subverte a lógica do efeito mais comum e o problema a partir daí vem do filme se tornar por demais explicativo.
Com um moralismo que sente que tem de afirmar de forma muito óbvia. até insistente demais para que o público se dê ao trabalho de pensar em tais condicionalismos da sua própria realidade, desinveste no ambiente de sugestão que lhe era mais indicado.
Sobretudo porque quem escolhe de forma consciente assistir a este filme - e a este género, por extensão - tem um sentido dedutivo atento que prefere a sugestão à elucidação.
Não deixa, só por isso, de ser um thriller intrigante que nos seus melhores momentos usa sem "gritar" as suas intenções assentes na realidade.


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