Realização: Xavier Villaverde
Argumento: Xavier Villaverde, José Antonio Vitoria e Ana Maroto
Elenco: Astrid Bergès-Frisbey, Álvaro Cervantes e Llorenç González
Típico triângulo amoroso moderno, num estilo indie-hipster, El sexo de los ángeles não descarta o poder visual como a sua mais importante valência. Daí que não seja de estranhar que aquilo que mais se destaca na segunda longa-metragem do espanhol Xavier Villaverde seja mais a estética da direcção de fotografia de Sergi Gallardo e da forma bela como a câmara se movimenta entre amantes, especialmente nas cenas de sexo. Nada contra essa intenção estética, bela com certeza - por exemplo bem evidente na cena inicial entre dois corpos jovens e apaixonados e a cena final, em movimento, com os três protagonistas a celebrarem o sentido que encontraram para a sua relação. O melhor que o filme apresenta, além desse poder estético, é precisamente aquele jogo da descoberta sexual, da divisão entre sexo e amor, bem como aqueles momentos - mais uma vez bem filmados - em que se tornam naturais as relações homoeróticas e por conseguinte, poliamorosas. Cenas que são bem conjugadas com a banda sonora de Eduardo Molinero e a montagem de Guillermo Represa e que nunca recriminam a bissexualidade, introduzindo-a num conceito sórdido ou imoral. Há todo esse valor moral e social, muito bem-vindo no cinema actual como tentativa de mudança de opiniões, bem como a naturalização do assunto.
Mas essa boa intenção não é porém suficiente para que El sexo de los ángeles não seja mais que superficial. As personagens nunca têm espaço para um desenvolvimento pessoal, além de uma visão analítica do coração, perdendo-se num drama sentimentalista, frívolo e supérfluo. Os actores fazem bem o seu papel, mas é precisamente a narrativa que os aprisiona num estereótipo de uma jovem burguesia que é - e deve ser - completamente ultrapassado. Esse contraste é especialmente notado quando recentemente tivemos nos nossos cinemas uma abordagem do mesmo assunto, mas de um ponto bem mais maduro, interessante e menos superficial (falamos de 3, de Tom Tykwer). El sexo de los ángeles não é mais que um filme esteticamente bonito, perdendo-se na sua visão pouco fidedigna da bissexualidade, do poliamor ou simplesmente da juventude.
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