quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Hotel Transilvânia, por Tiago Ramos


Título original: Hotel Transylvania (2012)
Realização: Genndy Tartakovsky
Argumento: Peter Baynham e Robert Smigel
Elenco: Adam Sandler, Kevin James, Andy Samberg, Fran Drescher, Steve Buscemi, Molly Shannon, David Spade e CeeLo Green

Três filmes de animação este ano exploram um lado da animação mais sinistro e longe das histórias de cavaleiros e princesas perpetuadas ao longo da história. É o caso de Frankenweenie, ParaNorman e deste Hotel Transylvania que, embora seja injusto colocá-las ao mesmo nível (as duas primeiras são largamente superiores), evidenciam uma tendência no cinema de animação que já começou a surgir com mais alguma frequência há alguns anos (não significa porém que não existam outros casos mais antigos): usar temas potencialmente assustadores para contar uma história dedicada maioritariamente a um público mais infantil. Não significa isto que Hotel Transilvânia tenha algo de assustador - apesar de contar com monstros, vampiros, lobisomens e múmias - já que este decide tornar esses elementos sobretudo divertidos e simpáticos. Embora um público mais adulto certamente encontrará aqui alguma linearidade em excesso, longe dos exemplos acima referidos ou de filmes mais adultos de outros estúdios de animação, há que louvar o seu espírito genuíno, não escondendo que se destina precisamente a uma faixa etária mais infantil (contudo, sem nunca desmerecer o público adulto). Fora da complexidade de outras tramas ou personagens, encontramos uma simplesmente história sobre dinâmica familiar e aceitação. E embora não seja repleto de criatividade, há um tom de cartoon com personagens e diálogos divertidos que são sobretudo fonte de grande entretenimento, especialmente quando parodia a forma como os "monstros" são mal-representados na cultura contemporânea e revertendo esse conceito para os humanos. Esses sim, verdadeiros monstros perante este rol de personagens curiosas e cartoonescas (em teoria apenas, já que parte da narrativa culmina em revelar uma realidade diferente).

As piadas são simples, mas divertidas e capazes de fazer o espectador, no mínimo, sorrir (há até espaço para uma provocação à saga Twilight, bem como referências a Ratatouille). É um filme narrativamente linear, com uma moral até simples demais, mas não há como não o elogiar quando estamos perante um objecto genuíno e honesto que não ambiciona ser algo que não é. Tenta apenas divertir a sua audiência (e consegue-o) e torna-se repleto de pequenos gags com muito coração e cor. O visual faz divertidas associações aos estereótipos dos filmes de "monstros", criando momentos caricatos e originais, mesmo que não sofisticados. Tecnicamente revela-se também distante de outros filmes de animação recentes (especialmente quando compete este ano com filmes da Disney, Laika, Pixar ou Dreamworks) e mesmo 3D não adianta em nada à história, mas é essa diferença e simplicidade que o faz ser o que é. Hotel Transilvânia é um filme cativante para as crianças (e suportável para os adultos que os acompanham), com uma boa mensagem. E não é isso o que se devia querer?


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