sábado, 2 de março de 2013

Fantasporto 2013: Dia 5

O quinto dia desde que começou o Fantasporto 2013 marcou também o início oficial da secção competitiva, com a sessão de abertura a decorrer com lotação esgotada e a exibição de Mama (que estreará nas salas de cinema portuguesas já no próximo dia 7 de Março), na presença do seu realizador, Andrés Muschietti e a produtora, Barbara Muschietti. A segunda sessão da noite fez-se também com uma sala bastante completa e com a celebração dos 65 anos desde a estreia do clássico The Red Shoes, em homenagem a Michael Powell, com a exibição de uma cópia restaurada do filme.

Mama (2013), de Andrés Muschietti Uma estrelaUma estrelaUma estrela
Produção de terror bastante satisfatória, Mama não deixa de seguir as normas habituais dos filmes do género e recorrendo a esses mecanismos (mudanças de som abruptas, uma fotografia escura que faz bom uso das sombras, sustos, crianças e uma história com elementos sobrenaturais) para cumprir o seu objectivo. Apesar disso, fá-lo sempre de forma bastante competente, especialmente porque consegue frequentemente criar um ambiente tenso e de grande expectativa. O realizador espanhol recupera a sua curta-metragem homónima (e que chegou a competir no Fantasporto 2009) e em determinada parte da história reconstitui-a, mas melhora-a fornecendo um contexto que ajuda a criar o ambiente certo para a narrativa. O elenco é bastante competente, com Jessica Chastain a protagonizar (mesmo que a sua personagem não se livre de uma certa dose de clichés dispensáveis), mas onde as crianças têm um papel essencial e Isabelle Nélisse como Lilly consegue ser bastante assustadora. Megan Charpentier e Nikolaj Coster-Waldau são bastante credíveis no seu desempenho também. Pena que no final e apesar de uma solução narrativamente interessante e de certo modo rara, Mama chega quase a deitar grande parte do trabalho a perder, quando recorre a uma sequência repleta de CGI para dar visão a algo que era maioritariamente sugerido durante a trama. Bem sabemos que o poder de sugestão é bem mais forte que o resto e aqui não foi excepção, daí que o facto de tornarem tudo muito visível e real, faz perder grande parte da piada.

The Red Shoes (1948), de Michael Powell e Emeric Pressburger Uma estrelaUma estrelaUma estrelaUma estrelaUma estrela
A oportunidade única de ver em grande ecrã este clássico do cinema britânico não podia ser desperdiçada e o filme não desiludiu. De uma narrativa clássica e apaixonante e como  um dos melhores e mais enigmáticos filmes feitos acerca de ballet, The Red Shoes beneficia e muito a partir de uma direcção artística excelente e uma fotografia em technicolor bastante envolvente. De uma história comum, de amor e ambição, o filme baseia-se no conto homónimo de Hans Christian Andersen para o adaptar em duas frentes (como peça de ballet e como filme) que acabam por se fundir numa só. Bastante convincente na forma como recria o profissionalismo e impiedade das companhias de ballet, o filme consegue manter uma tensão durante bastante parte do tempo (as cenas de ballet estão maravilhosamente filmadas), muito bem rematada na parte final da trama. Entre o sofrimento da indecisão da protagonista (uma belíssima Moira Shearer) entre escolher o amor ou o trabalho, destaca-se o  fantástico desempenho de Anton Walbrook. Visualmente esplendoroso, The Red Shoes é um clássico que utiliza soluções criativas bastante originais e imponentes, para recriar um poético dilema e uma obra de arte bastante expressiva.

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