As sessões da tarde de Domingo estiveram pouco preenchidas, mas felizmente as sessões da noite do Grande Auditório compensaram, especialmente com a do filme Pieta a receber lotação esgotada. Nota negativa uma vez mais para os problemas técnicos durante a exibição dos filmes: neste Domingo, todos os filmes exibidos no Grande Auditório sofreram paragens frequentes a nível sonoro, bastante incómodas para o espectador, sem que nada fosse feito para resolver o problema ou pelo menos sem qualquer informação dada por parte do festival.
Adaptado de uma peça de teatro homónima, esta produção australiana evoca facilmente Carnage (também ele um filme adaptado de uma peça de teatro), especialmente pela sua estrutura de personagens em praticamente um único local, a tentarem resolver um conflito. Pena que as comparações terminem por aí, especialmente porque o elenco de Face to Face não é genial (falta-lhe carisma e anda ali no limiar da competência) e o seu realizador é um simples tarefeiro, faltando-lhe talento e competência para filmar um local fechado de uma forma mais original. Contudo e embora inicialmente a trama tenha problemas de ritmo, o filme acaba por ser suficientemente divertido, até quando exagera nas revelações a um estilo quase telenovela, garantindo momentos agradáveis.
Está encontrando um dos piores filmes da secção competitiva deste ano. Sem qualquer originalidade (mais uma vez temos um filme do sub-género found footage), Closed Circuit Extreme nem chega a ter competência para atender pelo menos aos esquematismos do género. Muito por culpa da trama, extremamente aborrecida e lenta (mesmo que percebamos que houvesse necessidade de estabelecer uma rotina nos momentos iniciais), mas que quando começa a ganhar ritmo é precisamente quando piora. Isto porque o filme tem uma trama ridícula e pouco verosímil em bastantes momentos, com interpretações e diálogos bastante fracos e momentos de, de tão maus, despertam o riso no espectador. Ainda mais: quando um filme se propõe a seguir exclusivamente o método found footage, sem recurso a captação de imagens externas, tem de ser inteligente para não criar conflitos. Obviamente que isto não é o que acontece, já não se livra de levantar algumas incoerências a esse nível, para não falar do irritante esquema de montagem aliado a uma terrível edição de som.
Pieta (2012), de Ki-duk Kim
Este filme é especial por marcar o regresso do cineasta sul-coreano Kim Ki-duk à ficção, depois de ter sofrido um colapso nervoso e vivido durante anos como um eremita, após um acidente durante as filmagens de Dream (2008), que quase matou a sua protagonista. Pieta recupera os clássicos de vingança sul-coreanos, utilizando para isso a imagética associada à escultura de Michelangelo e que representa o amor incondicional de mãe. O maior problema do filme é, porém, precisamente esse facto: parece demasiado colado a esse subgénero e falta-lhe alguma da genialidade que nos habituamos vinda do cineasta. Contudo, Pieta é seguramente um dos melhores filmes que podemos ver no Fantasporto, estabelecendo um intenso retrato da perversidade humana. Fá-lo através do estabelecimento de uma rotina nos primeiros dois terços do filme para que no final renasça como um magnífico e complexo conto de vingança e redenção.
Iron Sky (2012), de Timo Vuorensola
Típica comédia de ficção-científica capaz de criar um pequeno fenómeno de culto (especialmente junto de um público como o do Fantasporto), deve ser visto à luz do objecto divertido que é. Embora com algum humor nem sempre genial e com piadas demasiado lineares, a história é original e divertida, utilizando um contexto conhecido da História mundial (conjugando um período pós-nazi com a sociedade contemporânea). Destacam-se sobretudo os efeitos especiais e a capacidade de lidar com um humor absurdo de uma forma capaz.
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