Blockbuster cativante, com um excelente visual - aquele contraste entre o sujo das favelas e o ar clínico de Elysium - boas interpretações (Matt Damon competentemente à cabeça, uma Jodie Foster em boa forma, mas com problemas de overacting, uma surpresa em Wagner Moura e mais uma série de secundários de prestações elogiáveis) e um realizador inteligente. No seu tom de distopia futurista, há afinal muito de contemporâneo, com claras críticas à controversa pasta da emigração nos Estados Unidos e o tão falado muro entre o país e o México (não deixa de ser por isso curioso que nesta Los Angeles futurista se fale espanhol). Mas há também muito que veio emprestado de District 9 - o filme surpresa de 2009 - e que infelizmente consegue fazer muito mais, com um orçamento largamente superior (até visualmente falando). Reciclagem de conceitos e de tom, mas também uma narrativa talvez até de leitura mais linear - e infelizmente poderia ter havido coragem para fugir à regra e permitir que o protagonista mantivesse aquela postura egoísta de salvação própria até ao fim. Mas enfim, Neill Blomkamp fez o que pôde com as limitações que um grande estúdio e orçamento implicam e na verdade, não deixou nada que o envergonhe. ½ Tiago Ramos
Viramundo (2013), de Pierre-Yves Borgeaud
Há uma mensagem bastante importante em Viramundo e que felizmente Gilberto Gil bem integrou na sua tournée mundial: o dever e responsabilidade da integração das comunidades marginalizadas na cultura do país (particularmente as indígenas). Há por isso, boas histórias e personagens reais, cativantes e muita música - não deixando de ser interessante ver o outro lado de um artista que ainda há pouco era Ministro da Cultura no Brasil. Porém, Viramundo tem problemas de estrutura e muda rapidamente de localização (Brasil, Austrália, África) sem ligar bem as personagens nos diferentes locais para além daquele sentido moral do bom uso da globalização. E mesmo o próprio Gilberto Gil sucumbe em demasiados momentos àquela pose encenada na interacção com os outros, especialmente porque o seu realizador não o soube fazer de forma natural. Vale pela beleza e sensibilidade de alguns momentos únicos e sobretudo pela sua musicalidade. ½ Tiago Ramos
Os Prodígios (2011), de Antoine Charreyron
Adaptado do romance "La nuit des enfants rois", do já falecido Bernard Lenteric, em versão filme animado, em Os Prodígios cativa particularmente o seu visual estilizado e bem aproximado das novelas gráficas. É até pela sua temática dos super-heróis capaz de ser bem mais interessante que as adaptações de comics da Marvel e DC Comics que nos chegam anualmente aos cinemas. Porém, sofre de uma narrativa demasiado equilibrada em alguns momentos e que nem sempre consegue garantir o objectivo a que se propôs, perdendo alguma coerência pelo caminho. É, mesmo assim, uma agradável surpresa. Tiago Ramos
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