quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sex Tape - O Nosso Vídeo Proibido, por Carlos Antunes



Título original: Sex Tape
Realização: 
Argumento: Kate AngeloJason SegelNicholas Stoller
Elenco: 


Desapontante.
Um filme cuja premissa é o sexo e que se atreve a citar a iconografia de Boogie Nights ser tão púdico e tão banal.
Era perfeitamente possível ter feito este filme a partir de um email insultuoso enviado por engano e quase nada tinha de mudar.
O sexo é apenas uma forma de chamar a atenção para o que não deixa de ser uma versão mais da recuperação de um casamento pela via da aventura mais absurda possível.
Um filme que, apesar de ser sobre sexo, se dedica a repisar todos os clichés que já se esperavam estar a ser superados: os filhos acabam com o sexo no casamento e as pessoas julgam que precisam de recorrer à extravagância para recuperar a chama que tinham no passado.
O mais perto que se está de haver humor sobre como o sexo é visto no tempo presente é na aparição de Jack Black como dono do YouPorn e a sua citação interminável e quase chocante dos seus rivais.
Infelizmente essa cena não termina sem um discurso moralista sobre a vida de casado, destruindo o pouco efeito conseguido aí.
Os argumentistas esqueceram-se por completo de incluir humor a sério, algo mais do que situações exageradas dependentes de gags físicos esgotados - Jason Segel contra um cão como um dos mais óbvios.
O mais perto que eles estão de alguma ironia é ao chamarem Rob Lowe para interpretar o papel de um bom pai de família que em segredo se dedica a Heavy Metal e linhas de cocaína. Afinal o actor é o pai dos escândalos com sex tapes e foi isso que o levou a abandonar a droga.
Mas eles não sabem o que mais fazer além de associarem o actor ao papel, confiando que a memória do público (ou parte dele) será suficiente.
Não ajuda em nada que Jake Kasdan, realizador de duas excelente comédias como são Zero Effect e Walk Hard: The Dewey Cox Story, continue por um caminho descendente que para já não vai terminar pois parece que vai continuar o seu (pouco) esforço de Bad Teacher.
Não há qualquer ideia com um toque de originalidade ou de risco neste trabalho de Kasdan. Muito menos qualquer vestígio de uma cena capaz de combinar verdadeiro erotismo à comédia - algo que, apesar de tudo, tinha mostrado saber fazer nos seus filmes mais recentes.
Essa falha em particular, mas a geral falta de ideias de comédia próprias torna-se inegável quando, ao jeito de The Hangover, os protagonistas vão ver a sex tape que perseguiram o filme todo. Nesse momento que poderia ser de libertação total, o vídeo é passado em fast forward e depois chega o fim do filme.
Contra este vazio os dois protagonistas, actores que parecem entre os mais propícios a liderar com uma dose de bom humor uma comédia atrevida como esta deveria ter sido, pouco podem fazer.
Não lhes foi realmente dado um papel a partir do qual pudessem criar um pouco de humor nascido dos actores e passado para as suas personagens. Nem sequer para si próprio, enquanto actor, o Jason Segel argumentista foi bom.
Um filme que por um momento até promete algo mais, com Cameron Diaz a ser uma mãe dos subúrbios desbocada - porque saudosa - acerca da sua antiga vida sexual.
Desapontante. E muito!




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