quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Sonic: O Filme, por Eduardo Antunes


Título original: Sonic the Hedgehog (2020)
Realização: Jeff Fowler
Elenco: Ben Schwartz, James Marsden, Jim Carrey, Tika Sumpter

Não é perceptível, para além de uma concepção generalizada de que o público não aceitará já a formalização fantasiosa deste tipo de personagens (para a qual as recentes readaptações da Disney certamente contribuirão), o que terá levado ao realismo do inicial desenho da personagem que tantos estranharam. Felizmente, a mudança foi bem empregue, num filme que assume o seu lado infantil e acaba por oferecer, ainda que não um bom filme, uma experiência que os mais novos (e os fãs dos videojogos) certamente poderão apreciar.

Seria sempre um filme melhor servido numa adaptação em animação, dado os elementos fantasiosos que lhe deram origem, mas que encontra aqui o melhor meio-termo que seria possível em imagem real. Muito disso se deve às interacções entre James Marsden e Ben Schwartz, que facilmente nos convencem da amizade criada entre os dois protagonistas, criatura e humano.
É até interessante o propósito em caracterizar Sonic como "alguém" bastante irritante ao longo de todo o filme, já que é o seu isolamento num planeta desconhecido, sem ter tido oportunidade de ganhar qualquer amadurecimento desde jovem, que o perfaz como um ser socialmente inadaptado. Na sua relação com Wachowski consegue finalmente encontrar um relacionamento que lhe dá a segurança para não ter mais que se esconder ou fugir.



Dado também o cariz assumidamente mais infantil, numa narrativa básica e sem tempo para explicações dos seus elementos mais absurdos, o intuito realista inicial parece contraditório sequer com o produto final. Não é isso mais patente que na utilização de Jim Carrey como um vilão que relembra os seus papéis da década de 1990, no seu exagero cómico caricato que tanto o caracteriza, ajustando-se de forma perfeita ao tipo de filme e estilo de personagem que Sonic é.
Não é possível deixar de esboçar um sorriso sempre que Robotnik entra em cena, tão seguro da sua superioridade que nem sequer reconhece o exagero dos seus maneirismos e atitudes. E nas trocas verbais entre ele e Tom, encontramos também o valor de James Marsden que consegue fazer frente à comédia de Jim Carrey confortavelmente.

A minha classificação está longe de reflectir o que este filme pretende ser. Enquanto filme para ser apreciado em família com os mais jovens que, mesmo não tendo muita ligação à personagem, poderão daqui criá-la, consegue acertar nos pontos mais básicos. E mesmo para os adultos, rever um Jim Carrey a divertir-se como nos seus antigos papéis é um prazer do qual nos podemos assumir culpados mas ainda assim apreciar.



1 comentário:

  1. Crítica muito interessante e justa, vou passar a seguir o conteúdo desse blog

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