domingo, 8 de março de 2009

Fantasporto: Arte de Roubar



Título Original: Arte de Roubar (2008)
Realização: Leonel Vieira
Argumento: João Quadros e Roberto Santiago
Elenco: Enrique Arce, Ivo Canelas, Soraia Chaves, Flora Martínez e Nicolau Breyner

Depois de estrear no final do ano passado em Portugal, o filme Arte de Roubar foi novamente exibido, desta vez numa revisitação do panorama do cinema português na última edição do Fantasporto.



Arte de Roubar deve ser visto sem preconceitos, ainda para mais estando cientes que o panorama actual do cinema português não anda muito aclamado pela crítica, essencialmente pelo uso abusivo (e repetitivo) de sexo e violência para se tornar mais comercial. O problema é que tal feito resulta habitualmente.

Arte de Roubar torna-se quase um guilty pleasure. Os ingredientes que são varridos pela crítica estão lá todos: violência, sexo, actores famosos e Soraia Chaves. O curioso é que apesar da aparente semelhança temática com outros filmes portugueses, o filme de Leonel Vieira torna-se uma espécie de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez portugueses. O estilo cénico, mas também a nível de montagem, diálogos, banda sonora tem muitas referências ao estilo tarantinesco a que já nos habituámos. Curiosa também a referência a Van Gogh, na cena da orelha cortada.



Na interpretação destacam-se Ivo Canelas e Enrique Arce. Ivo Canelas revela-se um dos actores portugueses mais promissores da actualidade e Enrique Arce uma curiosa escolha, num papel com muita personalidade e divertimento. Soraia Chaves, por sua vez, desempenha o papel de uma personagem menos exposta do que as anteriores e com menos importância na narrativa do que o habitual. Flora Martínez e Nicolau Breyner são o elo mais fraco do elenco, o que não significa que as suas prestações não tenham sido razoáveis.

Leonel Vieira tem em Arte de Roubar uma realização razoável e em dadas alturas, pouco estável e até menos equilibrada em algumas cenas e escolha de planos. No argumento, apesar de algumas incongruências e inconsistências, é representativo do bom trabalho de João Quadros. Arte de Roubar é divertido, assemelhando-se por vezes a Pulp Fiction e deve ser visto como um bom produto de entretenimento e não uma boa amostra do cinema português.



Sem preconceitos, Arte de Roubar é um guilty pleasure que garante bons momentos, numa excelente visão satírica dos ladrões e gangsters à moda antiga.

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