quinta-feira, 28 de maio de 2009

Anjos e Demónios, por Carlos Antunes


Título original: Angels & Demons
Realização: Ron Howard
Argumento: David Koepp e Akiva Goldsman
Elenco: Tom Hanks, Ewan McGregor, Stellan Skarsgård e Ayelet Zurer

Anjos e Demónios é evidentemente uma obra em contínuo do seu antecessor O Código Da Vinci.
A sua essência, a sua estrutura e a sua colocação de pormenores em torno da personagem central são as mesmas que anteriormente.
Da parceira com um incerta forma de atracção, aos altos e baixos de resolução de implausíveis enigmas que terminam numa reviravolta que é tudo menos inesperada.


A previsibilidade da reviravolta começa logo na disposição dos peões da trama.
Desde a selecção de actores até à forma como as respectivas personagens nos são apresentadas, tudo é feito esquematicamente, seguindo directrizes que só podem ser surpreendentes para quem não compreender que as evidências que nos são apresentadas são, obviamente, manipuladas nesse sentido.


Narrativamente, o mais evidente é a repetitiva agitação a destempo, travando profundamente o ritmo até que a única possibilidade da trama seja a da aceleração compulsiva, confirma
O resultado é um crescente desinteresse para o espectador, que ora se sente atordoado ora se sente superado pela velocidade dos acontecimentos, implausíveis até ao limite máximo.


Ron Howard, um cineasta que ao longo dos anos tem dado exemplos claros da variação de qualidade do seu trabalho, nunca parece à vontade com este material e parece estranho que lhe tenha sido concedida esta sequela.
As suas ideias de cinema parecem ter-lhe sido arrancadas para dar lugar a uma funcionalidade sem gosto nem arrojo, repetitiva em si mesma e vazia.


Tudo somado e pesado, Anjos e Demónios é mais um filme que desperdiça os seus meios de produção e o seu aparente potencial numa falsa agitação cinematográfica esgotada na sua própria pretensa inventividade.



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