terça-feira, 3 de julho de 2012

O Fantástico Homem-Aranha, por Tiago Ramos



Título original: The Amazing Spider-Man (2012)
Realização: Marc Webb
Argumento: James Vanderbilt, Alvin Sargent e Steve Kloves
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Martin Sheen, Sally Field e Irrfan Khan

É de certo modo impossível não falar de O Fantástico Homem-Aranha sem existirem comparações com a saga de Sam Raimi, o que é inevitavelmente injusto já que este novo filme do super-herói é competente o suficiente para se sustentar de forma independente e até melhor que os filmes protagonizados por Tobey Maguire. Este reboot da saga, surgido dez anos depois do primeiro capítulo e cinco anos do último, não introduz assim tantos novos elementos sobre a personagem do Homem-Aranha que justifiquem a sua realização, mas ganha pontos nos elementos humanos que introduz, sem nunca perder de vista o entretenimento. O filme reintroduz a história amplamente conhecida com algumas variantes mais consistentes (retira alguma da componente super-herói e introduz uma vertente mais tecnológica) e mais emocionais, mas também mais distantes do que é ser um super-herói e muito mais perto do que é ser um adolescente. É essa noção, a de saber trabalhar com a impulsividade, energia e fragilidade da adolescência em simultâneo com a responsabilidade que novos poderes acarretam (responsabilidade moral, acima de tudo) que faz do filme de Marc Webb um bom drama, com elementos de acção.

Depois de (500) Days of Summer (2009), Marc Webb confirma o seu bom trabalho, mesmo com um grande orçamento, equilibrando-o na profundidade e entretenimento. Com o seu passado como realizador de videoclips a fazer a diferença mais uma vez (e de forma positiva),  o jovem realizador sabe manejar a câmara, focando-a nos seus protagonistas, mesmo trabalhando a componente visual a um alto nível e com um bom CGI. O argumento simples, mas inteligente, sente-se bastante compacto apesar da longa duração do filme, fazendo o espectador interessar-se pela história apesar de já a conhecer. Claro que este relacionamento com o espectador é possível especialmente porque a grande diferença deste filme para o de Sam Raimi é a escolha do elenco, que em O Fantástico Homem-Aranha é altamente superior. Apesar do seu aspecto menos nerd que o seu antecessor e original (algo que acaba por ser possível dado ao simbolismo dos óculos), Andrew Garfield comprova ser um dos melhores actores da sua geração transmitindo bastante bem as variações da personalidade de Peter Parker enquanto adolescente e ainda melhor quando contracena com a grande Emma Stone (cujo talento parece crescer cada vez mais), com a qual mantém uma incrível química. Rhys Ifans, apesar do seu vilão ser pouco interessante e linear, traz também grande carisma à sua personagem, passando-se o mesmo com o desempenho de Sally Field.

James Horner traz uma das melhores bandas sonoras do ano, um trabalho rico e intenso, sempre constante ao longo do filme, simultaneamente simples e épica, mas que nunca ofusca os restantes elementos do filme, como o excelente design de produção (do recentemente falecido J. Michael Riva). Pena que, porém e apesar de todo o excelente trabalho a nível de efeitos visuais, a utilização do 3D não acompanhe a competência do filme. Excepto em momentos esporádicos e bastante óbvios, o seu uso é bastante diluído e em grande parte nulo, tornando-o absolutamente inútil. Esse subaproveitamento desilude tendo em conta o que havia em mãos e quando o próprio trailer lhe dava melhor uso.

Mesmo que não justifique o reboot, O Fantástico Homem-Aranha é um excelente filme de entretenimento com todas as qualidades e defeitos daí associados, trabalhando com estilo e bom gosto, mas nunca perdendo de vista o lado emocional e dramático, tornando-o muito mais um filme sobre o coming of age da personagem que outro filme de super-heróis.


Classificação:

1 comentário:

  1. Uma agradável surpresa este Reboot. Para mim melhor que a saga anterior com melhores efeitos visuais, uma historia com uma acção bem distribuída e muito humor que encaixa perfeitamente nos primeiros 45min do filme para acima de tudo surpreender o espectador que quer queira quer não na sua cabeça esta sempre a fazer algumas comparações com o Homem-Aranha da saga anterior.

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